Eurovisao Lisboa

63ª Festival da Eurovisão | Um Honrado Último Lugar (parte 1)

As canções deste ano da Eurovisão, que se realizou em Portugal, primaram mais pela variedade do que pela qualidade.

Mais um edição do Festival da canção da Eurovisão, desta vez em Lisboa, uma vez que Portugal venceu a edição anterior em Kiev, na Ucrânia, com a canção “Amar Pelos Dois” de Salvador Sobral. Um desafio inédito e difícil para a televisão pública portuguesa, mas que foi indiscutivelmente superado.

Sem grande surpresas a nível das canções, que primaram mais pela variedade do que pela qualidade, tendo havido, no entanto, cerca de meia dúzia a merecer destaque pelo seu interesse ou pela sua qualidade musical:
Estónia (“La Forza” de Elina Nechayeva), Portugal (“O Jardim” de Cláudia Pascoal) , Suécia (“Dance You Off” de Benjamin Ingrosso), Israel (“Toy” de Netta), República Checa (“Lie To Me” de Mikolas Josef), Chipre (“Fuego” de Eleni Foureira) e Irlanda (“Together” de Ryan O'Shaughnessy).

De referir ainda, as canções da Grécia (“Oniro Mou” de Yianna Terzi) e da Rússia (“I Won't Break” de Julia Samoylova) que injustamente ficaram de fora da final, eliminadas nas 1ª e 2ª eliminatórias, respectivamente.

Entre as piores, de destacar as canções representantes da Espanha (“Tu Canción” de Amaia y Alfred), da Ucrânia (“Under The Ladder” de Melovin) e da Holanda (“Outlaw In 'Em” de Waylon).

Um Honrado Último Lugar

Em relação, à canção portuguesa, “O Jardim” da autoria de Isaura e interpretado por Cláudia Pascoal, ter ficado em último lugar, só tenho a dizer que muitas vezes tem acontecido ao longo da história do Festival, uma das melhores canções ficar nos últimos lugares – aconteceu, por exemplo, com “Eurovision” dos Telex, em 1980, ou com “Heute In Jerusalem” de Christina Simon (com o saxofonista americano Lou Marini, ligado a nomes como Frank Zappa ou os
Blues Brothers), em 1979. Pelo que é possível, devido à sua qualidade, que a canção portuguesa de 2018 se junte ao desconcertante rol das canções muito boas que mostram que nisto do Festival da Eurovisão o último lugar, muitas vezes é um lugar de honra.

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VIDEOCLIPE | MÚSICA PORTUGUESA NO FINAL DA EUROVISÃO

Em termos de espectáculo televisivo, podemos dizer que a RTP venceu a aposta, mantendo um nível acima da média dos eurofestivais anteriores, tanto nos cenários como na apresentação (com destaque para o excelente trabalho das apresentadoras, Catarina Furtado, Daniela Ruah, Sílvia Alberto e Filomena Cautela), ou mesmo nos diversos telefilmes que foram surgindo como separadores ao longo de uma noite por onde desfilaram convidados musicais como Mariza, Ana Moura, Sara Tavares e Salvador Sobral, que se fez acompanhar pelo lendário Caetano Veloso, que infelizmente não interpretou nenhum tema seu.

Contudo, uma nota negativa para a opção pelo inglês como língua única ao longo da noite, já que uma das grandes conquistas de Salvador Sobral em 2017, tinha sido quebrar o tabu do uso das línguas nacionais – aliás, o número de canções a recorrer ao inglês diminuiu notoriamente este ano. Uma apresentação bilingue em português e em inglês teria reforçado a personalidade e a identidade do espectáculo e evitado qualquer possível acusação de provincianismo.

Assististe-te ao festival da Eurovisão este ano?

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João Peste Guerreiro

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