Laura Stevenson (foto de Em Dubin)

Em “Time Bandits”, Laura Stevenson dá voz à nossa angústia

Se parece que o mundo está a acabar, a impressão esfuma-se ao ouvir “Time Bandits”, o novo single de Laura Stevenson.

A cantautora americana de Long Island Laura Stevenson lançou o ano passado o grande álbum The Big Freeze, pela Don Giovanni. Desde então tem partilhado covers dos Wilco e de Neil Young, e lançou agora, na sua conta de Bandcamp, uma nova canção original, “Time Bandits”. A capa do single é da autoria de Em Dubin e a produção e mistura de John Agnello. Numa série de tweets, Laura Stevenson ofereceu algum contexto para este single avulso, cuja brevidade não tira nada à sua capacidade de captar a angústia destes tempos.

Pub
Lê Também:
Mês em Música | Playlist de Fevereiro 2019

“Escrevi esta canção logo depois de me casar, precisamente quando o Trump foi eleito. Foram tempos confusos e muita gente sentia-se sem esperança. Essa falta de esperança tem perdurado nos últimos quatro anos, mas a humanidade e o amor continuam a espreitar. É o espírito humano e tenho-me sentido tão inspirada por aqueles que não se abatem e continuam a lutar por trazer uma qualquer mudança positiva. Esta canção é sobre como o mundo pode parecer estar a desmoronar-se mas ainda temos o amor e tudo o que podemos fazer agora é cuidarmos de nós e de uns dos outros.

Agora durante ESTE momento maluco, encontro-me grávida de 38 semanas, em quarentena à espera que o meu bebé nasça, a rezar para não ficar doente e a desejar entrar em trabalho de parto antes dos hospitais ficarem sobrelotados. Estou preocupada com o meu bebé, estou preocupada com os meus pais, estou preocupada com toda a gente. Sei que há tanta incerteza mas talvez esta canção traga algum conforto, ou vos lembre que ainda há razão para esperar.”

Pub Ad Banner

Sobre os dedilhados folk de uma guitarra acústica, e nada mais, brilham a melodia e a suavidade da voz de Stevenson, a poesia dos seus versos cheios de sentimento, mas nunca sentimentais. No palavreado corriqueiro de cigarros e boas intenções imiscui-se a angústia dos tempos e o calor da presença de alguém. A certeza de uma casa (“keep looking maybe there’s a place to rest our heads better than this”) na qual se recolher e fechar a sete chaves acabou por ser profética: “The world’s on fire outside but I double-locked the doors/ with poly-carbon bars”. Nada nos poderia acompanhar tanto nestes tempos de quarentena como a intuição de que o tempo urge e nada deve ser desperdiçado: “If time gets us then I don’t want to spend any apart”.

Pub

About The Author


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *