Lennie James em entrevista: “Morgan fez a sua escolha e isso vai ter um efeito nele”
Lennie James é Morgan Jones em The Walking Dead, e na Comic Con Portugal tivemos oportunidade de conversar com o ator acerca da personagem mais pacífica do mundo de walkers do AMC.
The Walking Dead é das séries com maior sucesso da emissora AMC, a par de Breaking Bad. A produção, baseada na saga de bandas desenhadas de Robert Kirkman, teve a sua estreia em 2010 e as suas audiências bateram recordes. A sua história foca-se em Rick Grimes, um ex-xerife que vive num mundo pós-apocalíptico, atingido por um surto de zombies, ou como são designados na série, “walkers”.
Agora na sexta temporada, uma das personagens recorrentes em The Walking Dead é Morgan Jones, um dos sobreviventes ao apocalipse, muito danificado pelos acontecimentos na sua família que o levaram a uma vida de procura de redenção e uma filosofia de que todas as vidas importam, evitando matar humanos sempre que possível.
Morgan é interpretado pelo britânico Lennie James, com quem tivemos a fantástica oportunidade de dialogar acerca dos últimos acontecimentos da série, assim como sobre outros papéis que fazem parte da sua recheada carreira como ator.
Em The Walking Dead, já vimos personagens a alterar a sua forma de ser ao longo da série, como por exemplo, o Padre Gabriel que se tornou capaz de matar apesar de ter crenças fortes. Morgan tem também crenças bastante fortes, pensas que o mudou ter de quebrar os seus ideais quando teve de o fazer?
Lennie: Sim, penso que uma das coisas apelativas da nossa série é o facto das personagens mudarem e quem conheces um dia não é quem eles vão ser sempre. Eles mudam, e conseguem crescer e conseguem ser algo diferente ao mesmo tempo que se mantêm os mesmos, como as pessoas na verdade. Penso que é uma das coisas que atrai pessoas para a série. E sim, o Morgan está numa jornada, está a tentar viver segundo um código e por vezes é bem-sucedido, outras vezes não. Mas ele foi colocado numa situação particular e o ponto importante da situação e de Morgan na sexta temporada, quando ele matou o Savior, foi que ele lhe pediu três vezes para baixar a arma, ele pediu por favor. Ele foi muito educado em relação a isso e disse algo como: “Podias não fazer isso? Podes ir embora, podes ficar bem”. E o homem não ouviu e a pessoa que estava no chão que ele estava a ameaçar magoar era alguém com quem o Morgan se preocupa. Ele vive segundo um código, mas o código não diz que ele não irá matar, é só que não irá conhecer alguém pela primeira vez e tentar matá-lo, vai viver segundo um código no qual acredita que todas as vidas são valiosas. E por serem todas as vidas, são também as vidas das pessoas com quem ele se preocupa. E na salvação da Carol o Morgan teve de fazer uma escolha e ele fez a escolha dele, e sim, vai ter um efeito nele e sim, vai desafiá-lo, mas é a natureza do monstro.
Lê também: Cobie Smulders em entrevista: “Sinto-me muito agradecida”
Como seguimento do que falaste agora, Morgan tem muitos conflitos pessoais. Como consegues entrar dentro da sua cabeça quando o interpretas?
Lennie: Bem, esse é o meu trabalho, mas 0 Morgan por um lado não é fácil. Mas é muito claro, só tens de unir os pontos. Ele será sempre um homem que antes do apocalipse era pai, era marido e um cuidador, era alguém que se definia por quem era casado e por quem era pai, e perdeu ambas as coisas. Ele perdeu todo o sentido de si mesmo e todas as coisas que o rodeavam desapareceram, e desapareceram de uma forma particularmente difícil e dolorosa. Por isso apenas unes os pontos e dizes que esta é a verdade acerca deste homem, estas verdades são até evidentes. E enquanto conseguires fazer as ligações, do outro lado sai o Morgan. Felizmente ele parece-se comigo e é mais ou menos da mesma altura por isso tenho isso facilitado (ri).
As pessoas tendem a comparar Morgan com Rick. São ambos pais, ambos perderam muita coisa, e são ambas personagens muito divididas. O que pensas acerca destas similaridades?
Lennie: Penso que destacaste essas mesmas similaridades. Mas também que, eles começaram a aventura ao mesmo tempo e a partir da mesma cidade. O Morgan foi a primeira pessoa com quem Rick falou quando acordou do coma. Foi a pessoa que lhe explicou o que está a acontecer, eles criaram uma ligação naquele momento particular e é o tipo de amizade na qual eles são as pessoas que se conheceram uma à outra pós-apocalipse. São as pessoas que se conhecem há mais tempo e ainda estão de pé – além dos óbvios Rick e Carl, de fora da sua família imediata. Morgan é o seu amigo mais antigo no mundo pós-apocalíptico. E sim, eles têm muito em comum, mas como temos visto também têm muito que os divide. O que acontece no primeiro episódio é que estes dois homens se encontram, formam uma ligação, e seguem aos poucos direções diferentes – e anda estão a seguir direções diferentes.