Downton Abbey T3 | Em Análise
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Titulo Original: Downton Abbey Produtores Executivos: Rebecca Eaton, Julian Fellowes, Gareth Neame Elenco: Hugh Bonneville, Jessica Brown Findlay, Laura Carmichael, Michelle Dockery, Maggie Smith 2012 | GB | FOX Life HD | Drama de Época | Universal Classificação:
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O final da terceira temporada de Downton Abbey, emitido no Natal de 2012, deixou os fãs da série britânica surpreendidos e alguns não conseguiram mesmo evitar uma lágrima de comoção. De facto, a morte brutal de Mathew Crawley num acidente de automóvel, pouco tempo após o nascimento do seu filho, fez desaparecer de cena uma das principais personagens da série, o herdeiro da rica mansão, casado com a filha primogénita do Conde de Grantham, Mary.
(SPOILER ALERT) As duas primeiras temporadas narraram a história romântica vivida pelos dois até ao desejado casamento, constituindo assim um dos principais núcleos narrativos da série, pelo que o desaparecimento de Mathew obrigará decerto a profundas alterações no argumento e à remodelação do cast habitual. Aliás, alguns episódios antes, a morte da mais jovem filha de Lord Grantham, a rebelde Lady Sybill, marcaria o início de um conjunto de comentários nas redes sociais e nos media sobre a possível “debandada” de alguns atores da popular série, onde estavam incluídos Jessica Brown Findlay e Dan Stevens, ambos com personagens finadas na terceira temporada (fim do SPOILER).
Chegou-se mesmo a falar da desistência de Lady Maggie Smith no papel de Lady Violet, a adorável Condessa de Grantham, mas a veterana atriz britânica continuará a assegurar o seu papel em Downton Abbey e pelos vistos não deixará de lançar farpas de ironia e humor a toda a família, em particular, à sogra de seu filho, a impagável Shirley Mac Laine, no papel da extravagantemente rica Martha Levinson. Quanto aos outros, especificamente, Dan Stevens e Jessica Brown Findlay não há dúvidas: deixarão a série por outros contratos nos EUA. Por outro lado, a aumentar a lista de desistências, comenta-se com poucas certezas a saída de Siobban Finneran, a Mrs O’Brien da série.
Apesar destas alterações, o futuro da série não está em risco e há quem fale em cinco temporadas de existência. Para a quarta série (que veremos, espera-se, lá mais para o final do ano) especula-se sobre novas personagens: uma nanny para o recém-nascido e um pretendente para Mary. Novas modas surgirão, à medida que se avança pelos anos vinte e algumas personagens terão o seu look renovado. Para já o autor da série, Julian Fellowes, garante que o “síndrome Midsummer Murders “(lol) vai passar e não haverá mais mortes entre as personagens e os habitantes da pacata vila. Já chega de mortes forçadas.
Aliás, muitos fãs rezaram pela sorte dos atores em fuga em especial por Dan Stevens, facto que ajuda a comprovar a inegável popularidade da série. Não é caso para menos. Um excelente conjunto de atores, uma mansão belíssima, um cuidadíssimo guarda-roupa muito adequado ao estilo da época, uma narrativa, um pouco previsível é certo, mas bem construída, são alguns dos condimentos que explicam à partida o sucesso desta série britânica. Mas não só.
O alcance de Downton Abbey passa também pelo facto de se poder vislumbrar comodamente, através do pequeno ecrã, uma utopia social sob a forma de microcosmos da sociedade dos anos vinte. Aquela harmonia entre a classe alta e os serviçais não é real e a tolerante abertura de espírito de uns e outros não se adequa à mentalidade da época retratada. Tudo está longe do tom amargo de Gosford Park de Altman onde o ódio camuflado consome os seus habitantes e servidores.
É na dimensão mais utópica, mais metafórica sobre a forma como as relações sociais “deviam ser”, embora aplicadas a um tempo passado, mas com recados para o presente, que reside o sucesso de Downton Abbey. Que interessa a verdade neste tempo minado pela crise, pela falta de esperança. Precisamos de algum ânimo, de alguma beleza, de alguma tranquilidade. Mais Downton Abbey por favor.
Classificação: 10/10
MJG
