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MOTELX 2025 | Queens of the Dead – Análise

Alguém pediu uma dose de nepotismo com qualidade e razão de ser? A secção principal do MOTELX em 2025 tem a proposta perfeita. Falamos de “Queens of the Dead”, uma divertida comédia de zombies queer que assinala a estreia de Tina Romero, filha de George Romero, no campo da longa-metragem.

O legado de George A. Romero no MOTELX

MOTELX Serviço de Quarto Tina Romero
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Auto-referencial, divertido do início ao fim e felizmente munido da capacidade de não se levar demasiado a sério, “Queens of the Dead” é a estreia nas longas por parte de Tina Romero, que é, nada mais nada menos do que a filha de George A. Romero, grande mestre do terror, celebrado pelo seu trabalho no campo dos filmes de zombies, nomeadamente através do seu maior clássico –  “Night of the Living Dead”.

Tina pega no legado do seu pai e decide dar-lhe um twist bem contemporâneo, e embora a obra de George seja de facto mencionada, em tom de piada auto-consciente, no decurso de “Queens of the Dead”, quem possa recear uma colagem pode respirar de alívio.

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“Queens of the Dead”, como filme de zombies queer e um produto muito claro da sua década, tem uma natureza e identidade próprias. A obra foi apresentada por uma drag queen vivaz, na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, na sessão única à meia-noite de 13 para 14 de setembro, fazendo a convidada de honra alusão à After Party oficial no Posh. Louvamos a parceria e a proposta por parte do MOTELX, um festival que é sempre capaz de ir além das fronteiras mais simples do terror, expandido o seu leque de programação.

Quanto ao desenrolar da longa-metragem inaugural de Tina Romero, a esmagadora maioria da obra passa-se em Bushwick, uma das áreas mais célebres de Brooklyn, num clube noturno Drag. Por lá, conhecemos um grupo variado de drag queens carismáticas, entre elas a afamada Nina West, Miss Simpatia na 11.ª edição da competição televisiva “RuPaul’s Drag Race”.

Queens of the Dead e uma viagem ao coração de Brooklyn

Aqui temos mais uma noite num clube noturno queer que tem vindo a ter dificuldade em garantir público, e que se prepara para mais um descalabro depois do seu headliner cancelar em cima da hora e sem qualquer cerimónia ou desculpa válida. Tudo banal até ao momento em que a presença de um zombie se faz notar. Inicialmente incrédulos, os protagonistas acabam por ter de aceitar a sua situação precária quando a cidade de Nova Iorque entra em estado de alerta. Hora de escapar, claro está, para Queens.

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A longa desenrola-se ao longo de uma noite, mostrando as várias tentativas de garantir um meio de transporte seguro para o mais longe possível do coração da cidade, onde a epidemia de mortos-vivos se torna cada vez mais forte. O estilo de realização de Tina Romero é satírico, leva-se muito pouco a sério, centrando assim a sua narrativa no género da comédia zombie, o qual está bem vivo e de boa saúde.

O filme é abençoado com um elenco diverso e repleto de presenças fortes, por uma banda sonora contagiante e por uma guarda-roupa notável, que honra a fervilhante cena queer nova iorquina. Salta também à vista o design de produção notável, criando um visual distinto e cativante. Como metáfora para a resistência da comunidade LGBTQIA+ e como proposta de uma nova configuração do filme de zombie, “Queens of the Dead” pode não ser transcendental, mas é uma obra capaz de apresentar uma identidade bastante própria e de entreter ao longo de pouco mais de uma hora e meia.

Conclusão

Tina Romero, filha da lenda George A. Romero, estreia-se com um filme de zombies com uma identidade muito própria e contemporânea. De um guarda-roupas cuidado a um design de produção abençoado, somos muito bem-vindos ao mundo de uma Brooklyn em estado de alerta apocalíptico.

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