NOS Alive | Será mesmo a primeira vez de Lizzo em Portugal?
A 7 de julho, num dia esgotado repleto de representação queer e hinos não conformistas, de girl in red a Lil Nas X, a empolgante Lizzo estreou-se no palco principal com a sua pop marcada pelo amor-próprio. De flauta na mão, serenou-nos na passagem do dia para a noite.
Ativa na indústria desde 2011, o sucesso de Lizzo não surgiu de um segundo para o outro. Foi com o seu terceiro álbum de originais, “Cuz I Love You”, que Lizzo chegou ao estrelato internacional com músicas como “Juice” ou “Jerome”. Na versão deluxe do álbum apresentou músicas como “Truth Hurts” e “Good As Hell”, que se viriam a tornar hinos pop com facilidade e rapidez. Em 2023, e a 7 de julho, visitou Portugal pela primeira vez no 15º NOS Alive, promovendo agora “Special”, disco de originais lançado no álbum passado.
Com uma dívida para com géneros vários como Pop, R&B e o Rap (onde começou), Melissa Viviane Jefferson, conhecida profissionalmente apenas como Lizzo, apresentou-se como um furacão no NOS Alive 2023. Esta foi a sua grande estreia em Portugal, no NOS Stage e antes de Artic Monkeys, uma combinação algo caótica – Lizzo seguido de Artic Monkeys, seguido de Lil Nas X – mas que acabou por resultar a favor da norte-americana.
A sua música, com influência tanto da Pop como da Hip Hop do início do milénio, colocou até os roqueiros a abanar a cabeça, perante o seu efusivo belting e o seu uso criativo e divertido da flauta. Melissa, ou Lizzo, brindou-nos com uma energia inesgotável, aparelho vocal impressionante e com um catálogo de hits que embora ainda não muito longo – construído apenas com os últimos dois álbuns – é já capaz de mover multidões.
Saída de uma performance recente altamente elogiada em Glastonbury, Lizzo é um acrescento majestoso ao circuito de festivais de verão, com a sua mensagem de libertação, empoderamento e amor próprio. O seu discurso é o mais cativante para uma estrela pop – impulsionando quem vê a dançar, cantar, e a valorizar-se. Tal discurso não é nada novo, mas a sua plataforma é sem dúvida contagiante e assim se viu desde o arranque do concerto. Com um coro poderoso e munida de uma banda toda no feminino, Lizzo arrancou com um dos seus grandes singles iniciais – “Juice”. Estavam lançados os dados para uma festa que colocou toda a gente em frente ao palco principal a dançar.
A entrada triunfante de Lizzo no NOS Alive
Num alinhamento diverso e composto por um total de 18 temas, Lizzo viajou essencialmente pelos seus dois últimos álbuns, com igual protagonismo, embora as músicas de “Cuz I Love You” estejam mais sedimentadas e na ponta da língua do público que assistia ao seu concerto ‘larger than life’. De apelos a “corpo positivo” (body positivity) a lições em amor e sempre munida de uma atitude positiva, e para além de entoar hinos pop dos últimos anos como “Truth Hurts”, ou fechar com dois grandes hits recentes “Good as Hell” e, no fim, “About Damn Time”, Lizzo teve ainda tempo para prestar homenagem aos seus ídolos.
De uma cover de “Yellow”, dos Coldplay (num pequeno momento de interceção de públicos), à interpretação breve de “I’m Every Woman”, passando ainda pela leitura de uma ‘carta’ de Missy Elliott, uma das suas heroínas, que participa consigo no tema “Tempo”, aqui também entoado como um piscar de olhos ao próprio trabalho da discografia desta sua referência musical, Lizzo mostrou com que influências se coze para criar o seu próprio som.
Pelo caminho, entoou músicas em que partilhou, no álbum, o protagonismo com nomes como Cardi B ou Ariana Grande. Bem incorporada na cena da R&B, Pop e Hip-Hop, este é apenas o princípio de uma longa carreira para Lizzo. Será que esta foi mesmo a sua primeira visita a Portugal? Com tempo para ler cartazes, cantar os parabéns mais afinados de um festival ou cumprir desejos de fãs, esta 1ª vez em terras lusas não será de certo esquecida em breve. Como diz Missy Elliot, Lizzo estará por cá durante muito tempo.
