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NOS Primavera Sound: Superorganism são a surpresa na noite de confirmação dos Unknown Mortal Orchestra

O segundo dia de NOS Primavera Sound ficou marcado pelo excelente roteiro alternativo que foi possível fazer, sobretudo em frente ao Palco Pitchfork. Superorganism, Unknown Mortal Orchestra e os Grizzly Bear foram destaques.

Ao segundo dia, o sol espreitou e aquele espírito tão característico do NOS Primavera Sound fez-se sentir com mais força, sobretudo nos concertos de Yellow Days (que abriram o palco Pitchfork) e mais tarde na colina que se ergue em frente ao Palco NOS, que recebia as Breeders. Sol no horizonte, cerveja na mão, movimentos de anca. Era este um dos ‘perfect places’ que Lorde falava no dia anterior?

NOS PRIMAVERA SOUND 2018 – Yellow Days
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O dia começava então com o soul de Yellow Days, que em certos momentos nos faz recordar da vigorosidade de King Krule. George van den Broek tem apenas 19 anos, mas mostra já em palco uma inquietante destreza, que o faz navegar por géneros distintos: ouvimos soul, mas também jazz, hip-hop, electrónica. Um nome a levar no caderno de notas, para mais tarde recordar.

No Palco NOS, enquanto o sol se punha, atuavam as Breeders no primeiro concerto a mobilizar massas no segundo dia de NOS Primavera Sound. Entre canções novas (do primeiro álbum em dez anos) e antigas, Kim Deal (ex-Pixies) e companhia trouxeram o seu indie-rock ao Parque da Cidade com cheirinho a Pixies e a anos 90. Um concerto agradável, povoado por sorrisos nostálgicos e pelo sentimento generalizado de que o tempo não passou por elas.

NOS PRIMAVERA SOUND 2018 – The Breeders
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Logo de seguida, no Palco SEAT, começava o set dos Grizzly Bear que ali apresentavam o álbum editado em 2017, “Painted Ruins”. Começou morno, com vozes quase irreconhecíveis engolidas pelo som (os graves do Palco SEAT nunca estiveram no ponto, diga-se), e com uma plateia despida. Rapidamente tudo mudou. As canções harmoniosas e melancólicas dos Grizzly Bear ganham uma vida nova ao vivo: mais encorpadas, ruidosas e, a certa altura, menos indie e mais electrónicas ou até psicadélicas. O trabalho discográfico de Ed Droste, Daniel Rossen, Chris Taylor e Christopher Bear é profícuo em arranjos muito produzidos que dificilmente serão reproduzíveis ao vivo, mas a competência dos Grizzly Bear é enorme e aquilo que se se escutou no NOS Primavera Sound é prova disso.

NOS PRIMAVERA SOUND 2018 – Grizzly Bear
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O roteiro do segundo dia de NOS Primavera Sound fazia-nos regressar ao Palco Pitchfork para ver um show que se adivinhava memorável, cortesia dos Superorganism. Para eles, “Portugal é como Espanha mas com muito mais chill“. Sentimo-nos lisonjeados. Mas os elogios feitos ao público pela banda multicultural (Lancashire, Japão,  Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia estão representados) podiam ser completamente retribuídos. E foram.

Tal como disse a Pitchfork, se a Internet tivesse uma banda interna, esta poderia soar como os Superorganism. Liderados pela pequena Orono Noguchi (de 17 anos!), e com projeções inspiradas em videojogos, na Internet e na cultura japonesa, os Superorganism agarraram o público do início ao fim. Compostos por sete elementos: 3 músicos, 3 background vocals/dançarinos/palhaços geniais e a própria Orono, o a banda converteu quem não conhecia a sua música excêntrica, divertida, jovial, pintada com todas as cores, passível de ser descrita com GIFs e unicórnios dançantes. Para aqueles que já os conheciam, fica gravada na memória um irrepreensível primeiro contacto com o público português. Agora só lhes resta regressar.

NOS PRIMAVERA SOUND 2018 – Thundercat
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Momentos mais tarde, no mesmo palco, apresentava-se Thundercat com o seu jazz de fusão, bem mais instrumental do que estamos habituados a escutar nos seus trabalhos discográficos. Ao mesmo tempo, no palco Super Bock apresentava-se Four Tet, num registo minimalista, despido de adereços, projetações ou luzes. Exatamente ao mesmo tempo, o NOS Primavera Sound conseguia congregar sonoridades ecléticas e totalmente díspares, o que só prova a versatilidade e a qualidade do cartaz apresentado este ano.

A noite havia de fechar com o concerto mais dançável do dia, cortesia dos Unkown Mortal Orchestra, em registo best-of, com direito a contacto com o público e juras de amor eterno. Não faltou “So Good at Being in Trouble”, “Multi-Love” (onde o êxtase foi maior) e o fecho com chave de ouro chamado “Can’t Keep Checking My Phone”. Os Unkown Mortal Orchestra sabem o público que têm, e jogam cartadas seguras para alcançar o sucesso imediato (i.e. aquele movimento de anca irresistível). É certo que não encontramos nesse registo nada de inovador ou verdadeiramente memorável, mas a eficácia é também dura de alcançar.

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