©Photo credit: Paula Busnovetsky & Miles Leavitt/ OliviaRodrigo.com

Olivia Rodrigo traz a angústia adolescente até Lisboa com a sua Guts World Tour

Chegou à cena musical apenas em 2021, mas é já uma das referências maiores e inequívocas no panorama da pop e pop rock. Olivia Rodrigo conta apenas com dois discos de originais, mas o seu catálogo garante já um espetáculo feito apenas de grandes momentos de catarse! 

Muito jovem, acabadinha de fazer 21 anos, a norte-americana Olivia Rodrigo consegue o quase impossível: com apenas dois discos de originais, e pouco mais de 25 canções no seu repertório, conquista o público do início ao fim. Em fim de semana de multidões no Rock in Rio Lisboa, houve mais do que espaço para que a cantora se estreasse em Portugal com dois concertos esgotados no Altice Arena. Quanto a esta passagem da GUTS World Tour em Lisboa, declaramo-la como o grande momento musical da semana, bem acima das prestações vistas e ouvidas no Parque Tejo.

GUTS World Tour em Lisboa
Olivia Rodrigo em Tour| ©Photo credit: Paula Busnovetsky & Miles Leavitt/ OliviaRodrigo.com

Em tour desde o início do ano, Olivia Rodrigo embarca de momento na sua primeira grande digressão musical (a de “Sour”, em 2022, não chegou à mesma escala nem a levou a tantos locais). Há muitos esgotados, os seus concertos em Lisboa, a 22 e 23 de junho, atraíram uma multidão sobretudo adolescente, mas as canções repletas de dúvidas, inseguranças e desgostos românticos, em estilo diarístico, chegam a qualquer público que contacte com os seus hinos contagiosos.

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De “Sour” para “GUTS” (o segundo lançado no último outono), Olivia Rodrigo tornou-se mais adulta mas não se libertou da sua pele adolescente. Estivemos presentes na sua segunda data, a 23 de junho, e testemunhámos um fenómeno raro e puro: single ou não single, o seu público fiel entoa cada canção, com todas as letras na ponta da língua e berros entusiastas quase ensurdecedores.

GUTS em Portugal - Olivia Rodrigo
Olivia Rodrigo na sua digressão atual ©photo credit: Paula Busnovetsky & Miles Leavitt/ OliviaRodrigo.com

A artista traz-nos uma proposta que tanto tem alto de pessoal e único como muito de influência e colagem. No primeiro álbum, “Sour” (2021), Olivia Rodrigo teve algumas chatices com estas influências e referências que se encontram um pouco em todo o lado na sua música. Não obstante as acusações de interpelação de outras canções, de “Cruel Summer” a “Misery Business”, a verdade é que a identidade desta jovem cantora está bem demarcada no panorama da pop e o seu valor é inestimável.


A grande representante daquilo que o rock é hoje em dia (senão morto e bem morto, a fundir-se com outros géneros), Olivia Rodrigo é, entre as grandes figuras da pop dos dias de hoje, a que mais bebe de influências rock, e se sempre assim foi, este segundo disco de originais dá ainda um piscar de olhos mais notório ao punk, com temas energéticos como “Get Him Back!” e “Obsessed” a intercalarem-se entre as suas mais icónicas baladas, como “The Grudge” ou a também bastante rockeira “Vampire”, que apresentou o novo disco em grande, revelando uma excelente forma e também definindo muito bem a sonoridade a esperar.

Ao vivo, Olivia Rodrigo não vacila. No topo dos seus (meros) 21 anos, é sempre arrojada, divertida, saltitante e acima de tudo afinada, provando que, entre a competição, é também uma das que tem os pulmões mais capazes e impressionantes, e mesmo quando corre pelo palco, o seu poder vocal notório não deixa de transparecer.

O Alinhamento da GUTS World Tour (Sem Alterações em Lisboa)

Neste alinhamento, composto por um total de 23 temas de originais, Olivia Rodrigo tem a oportunidade de cantar na íntegra o seu segundo disco, “GUTS”, e ainda a esmagadora maioria dos temas de “Sour”.

Os primeiros cinco temas “Bad Idea, Right?”, “Ballad of a Homeschooled Girl”, “Vampire”, “Traitor” e “Drivers License” dão-nos uma impressão muito clara do que vai ser o seu espectáculo. Uma sucessão vertiginosa de grandes hinos do amor e da adolescência, com três singles fortes de rompante e um pavilhão à beira do êxtase, canção após canção.

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“Bad Idea, Right?” e “Ballad of a Homeschooled Girl”, logo a abrir em grande, dizem-nos ao que viemos: riffs viciantes, uma voz bem colocada, muito humor e auto-análise, num estilo confessional que tem vindo a ser absolutamente fulcral para a pop que é feita no século XXI, e particularmente a pop entusiasmante que é criada por jovens mulheres, num gesto arrojado e firme que se torna cada vez mais a norma.


De baladas sobre inseguranças quase sufocantes como “Pretty isn’t Pretty” ou “Lacy”, passando pelas belíssimas e melancólicas “Logical” e “Enough for You” no topo de um baloiço roxo em forma de lua, Olivia Rodrigo abre o seu coração em palco e recebe de volta o mesmo grau de dedicação por parte dos seus fãs.

A fechar, um encore do qual não se poderia ter pedido nada mais, com “Good 4 You” e “Get Him Back!”, temas arrojados e animados, a enfatizarem uma despedida memorável, à altura do próprio espetáculo apresentado no Altice Arena.

Na era das grandes digressões megalómanas da pop, como a Renaissance de Beyoncé e a Eras Tour de Taylor Swift (esta segunda, monstruosa, ainda a decorrer e a ultrapassar todos os recordes), a verdade é que o palco, efeitos, coreografias e adereços de Olivia Rodrigo acabam por parecer bastante mais simples. E, diga-se de passagem, os bilhetes para a estreia de Olivia Rodrigo em Portugal não eram, de todo, mais baratos do que as entradas para estas grandes mega produções pop de 3 horas.

E sim, o seu concerto pode ser mais pequeno em escala e em duração, não chegando sequer às duas horas, mas a GUTS World Tour é de facto visualmente bem concebida, coesa, eficaz e mais do que suficiente. Não é necessário mais artefato, as estrelas que iluminaram todo o Altice Arena dizem-nos isso mesmo, tal como os gritos entoados dentro desta arena. Mais despida, esta tour vê a performance vocal enaltecida, num concerto que é definitivamente pop, mas onde o rock também tem o seu lugar ao sol, apresentando-se a uma nova geração.

Cá estaremos, à espera de, depois de Guts Spilled (a versão mais longa de “GUTS”, lançada em setembro do último ano, os próximos passos da jovem imbatível Olivia Rodrigo! 



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