Keri Anderson/Netflix © 2023

Série Painkiller, a Crítica | O escândalo mais visto da Netflix

A minissérie “Painkiller”, da Netflix, aborda o grave problema de droga que assombrou e assombra os Estados Unidos da América desde os finais dos anos 90. 

Baseada em factos reais, nomeadamente na epidemia que aconteceu nos Estados Unidos nos finais dos anos 90 e começo dos anos 2000, “Painkiller”, de Micah Fitzerman-Blue (“A Beautiful Day in the Neighborhood”) e Noah Harpster (“Maleficent: Mistress of Evil”),  mostra como uma família da área da medicina se aproveitou do ofício para lucrar sem medidas.

É uma série de qualidade que por mais que seja contada de forma ficcional, com algumas liberdades dramáticas e um aspeto “pop” típico da Netflix, não esquece a seriedade do problema de raiz que aborda.

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Na narrativa somos apresentados a essa família e estamos até presentes em todos os seus planos de tornar um medicamento: o Oxycotin, a solução para o problema de todas as pessoas, cujo maior desejo é adormecer a dor e sentir prazer.

Começam pelas pessoas mais vulneráveis – os doentes que, de facto, estão num estado de dor, mas rapidamente a dosagem descola para outros públicos desejados, mas alguns, nomeadamente adolescentes, aparecem sem ter sido planeados pela empresa. Ainda assim, nada pára o lucro.

O objetivo era mesmo lucrar com a dor das pessoas sendo isso moral ou não, ético ou não. O dinheiro é considerado acima de tudo, daí ter sido criado um medicamento, sujeito a receita, como o Oxycotin, incrivelmente viciante, que torna qualquer pessoa dependente, destruindo a sua vida e das pessoas que estão à volta.




Cada episódio tem cerca de 40 minutos-1 hora, mas nem parecem ter tanto. O ritmo é muito bom e tem excelentes interpretações por parte do elenco com destaque para Matthew Broderick (“Ferris Bueller’s Day Off”, “Only Murders in the Building“), o grande antagonista da história e Dina Shihabi (“Daredevil”, “Jack Ryan”), um dos seus braços direitos na narrativa. Cada parte começa com relatos reais de pessoas que perderam os familiares para a droga, chegando mesmo a falecerem.

painkiller
© Keri Anderson, Netflix 2023

A construção da narrativa é feita em três partes – vemos uma investigadora dos casos, interpretada pela atriz Uzo Aduba, excelente na comédia (quem a conhece como “Crazy Eyes”, de “Orange is The New Black“, sabe bem), mas ainda melhor no drama, como se comprova aqui. Seguimos o lado da empresa culpada de cometer estes crimes, de forma legalizada, bem como todos os seus recursos para atingir os fins.

Vemos uma jovem (West Duchovny, de “Saint X”) em começo de carreira que se deixa levar por este esquema, cega pelo dinheiro e pela atenção, e também um homem de família honesto (Taylor Kitsch, de “The Terminal List”) que se perde completamente devido ao vício, afetando negativamente a sua vida pessoal e profissional.




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A série demonstra eficazmente a dimensão do problema, qual a sua origem e desenvolvimento. E, acertadamente, no meu ver tem o cuidado de não vilanizar apenas a família criadora do medicamento.

Olha também para as raparigas que publicitaram o remédio e para a maioria dos médicos que, sem terem grande conhecimento da droga que iriam receitar, não conseguiram dizer não a um “rabo de saias”. Pela organização conseguida é fácil perceber que estamos perante um tráfico de droga legalizado pelo Governo.

“Painkiller”, disponível na Netflix, dá a conhecer uma realidade escondida durante muito tempo que estragou a vida de imensas pessoas e, ao mesmo tempo, alerta para o facto de que a saúde é um negócio e a solução não é correr, sem cuidados, para os medicamentos para resolver dores e outros problemas. Tudo o que for estranho ao corpo humano pode viciar e ao ser usado em demasia é prejudicial.

É uma produção, de 6 episódios que se veem de uma vez só, com uma mensagem política muito poderosa e leva à desconfiança e curiosidade de quem a vê. É muito provável que, tal como eu, apeteça ir pesquisar mais sobre a história real após a visualização, até porque o caso só veio ao de cima mais recentemente.

TRAILER | PAINKILLER EXPLORA O LUCRO ATRÁVES DA DOR

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Painkiller, em análise
  • Rafaela Teixeira - 80
80

Conclusão:

“Painkiller” dá a conhecer uma realidade escondida durante muito tempo que estragou a vida de imensas pessoas e, ao mesmo tempo, alerta para o facto de que a saúde é um negócio.

Pros

  • Narrativa apoiada em factos reais com testemunhos
  • Estrutura de storytelling
  • Atuações
  • Ritmo
  • Relevância

Cons

  • Ser minissérie
  • Redundante em alguns momentos
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