A Pequena Sereia | © NOS Audiovisuais

A Pequena Sereia | Entrevista com as vozes portuguesas

O novo live-action da Disney, A Pequena Sereia, tem estreia marcada para o dia 25 de maio nos cinemas. A Magazine.HD esteve à conversa com os responsáveis pelas vozes nacionais das personagens.

”A Pequena Sereia” é a adaptação live-action da clássica animação de 1989. Conta a história de Ariel, uma corajosa e bela sereia com sede de aventura e com vontade de descobrir mais sobre o mundo fora do mar. A desafiar a resistência de seu pai, o Rei Tritão, faz um acordo com a malvada bruxa do mar, Úrsula, para poder experimentar a vida na terra após apaixonar-se pelo Príncipe Eric. Mas terá de enfrentar as consequências deste ato. O filme traz nos papéis principais Halle Bailey como Ariel, Jonah Hauer-King como Príncipe Eric, Javier Bardem como o Rei Tritão, Melissa McCarthy como Úrsula, Awkwafina como Scuttle, Daveed Diggs como Sebastião e Jacob Tremblay como Flounder.

Em frente o majestoso aquário do Oceanário de Lisboa no Parque das Nações, a Magazine.HD esteve à conversa com os atores que dão voz à alguns destas personagens como, Ricardo Soler (Príncipe Eric), Soraia Tavares (Ariel), João Frizza (Sebastião) e Ana Cloe (Scuttle).

A Pequena Sereia
Ricardo Soler | © NOS Audiovisuais

MHD: Esta é a sua grande estreia num papel de dobragem?

Ricardo Soler: Eu já fiz dobragens há muitos anos numa série que se chamava ‘’O Mundo de Patty’’ (2009). Desde então até agora nunca fiz nenhuma dobragem, esta é a minha primeira dobragem para a Disney que é um sonho que eu tenho desde miúdo. Eu estou um bocadinho emocionado porque cresci a cantar as canções da Disney, a ver os filmes e via os mesmos filmes, meus pais rebobinavam a cassete e voltava a assistir. Isso pra mim é um sonho, ainda nem acredito que meu nome está aqui, neste cartaz, onde diz Disney.

MHD: Alguma vez passou pela cabeça que iria interpretar um príncipe da Disney?

Ricardo Soler: Nunca. Então isso pra mim é mesmo surreal. Eu nunca fui um príncipe, nunca tive aquela imagem de príncipe e continuo sem ter. Mas poder dar a minha voz e interpretar o príncipe Eric, que ainda por cima este filme tem uma profundidade e história muito mais alargada, dá para conhecer muito mais a personagem. É um privilégio e uma honra.

MHD: Como veio parar neste projeto?

Ricardo Soler: Basicamente fui chamado para um casting, eu não sabia o que que era. Lembro quando cheguei a Maria Camões que é diretora de voz e perguntou-me: ‘’Sabes para que é este casting? Entra lá para dentro e vê o guião’’. Quando vi que era para a Pequena Sereia pensei: ‘’Ok, vou fazer um peixe’’ (Risos) e fiquei muito contente por fazer uma estrela-do-mar, o que seja. Bem, quando vi que era para o Príncipe Eric não estava a acreditar. Ela [Maria Camões] disse: ‘’Ainda por cima o personagem tem uma canção que não acontece no filme original, portanto quando fores fazer o casting da canção faz aquilo que sabes fazer de melhor’’. E isto foi duro… foi quase um mês a fazer audições para este papel e quando me ligaram a dizer que tinha ficado chorei tanto, tanto, tanto, tanto. Chorou minha mãe, minha irmã, meu pai, chorei hoje…

A Pequena Sereia
João Frizza | © NOS Audiovisuais

MHD: O Sebastião é uma personagem muito icónica do universo Disney e é responsável também por uma das músicas mais marcantes, o ”Under The Sea”/”Aqui no Mar”, como foi assumir essa responsabilidade?

João Frizza: Foi incrível e ao mesmo tempo um pânico. Ou seja, eu sou da geração que cresceu com a Pequena Sereia. Esta personagem e as músicas fizeram parte da minha infância e pensar que agora esta nova versão fará parte da infância de outras crianças, e também que não podemos defraudar os adultos que ouviram essa música na altura em que eu ouvi, é uma responsabilidade muito grande. Mas ao mesmo tempo um desafio enorme de tentar dar a minha versão de um personagem tão icónico e que está tão eternizado.

MHD: Tentou diferenciar um bocadinho da versão portuguesa de 89? Como foi o processo de criação desta canção desta nova adaptação?

João Frizza: Sinceramente, eu acho que não foi muito pensado. O que eu acho sempre é tentar dar o meu cunho, nunca deixei a essência do personagem, deixe-me já dizer que esta personagem foi maravilhosamente bem dobrada na versão original, tanto que é uma das personagens que mais fica, toda a gente se lembra do Sebastião e a sua forma de falar. A voz dele era muito de extremos, eu tentei dar isso tudo mas claro que com a minha parte pessoal e com a direção da Maria Camões, que é incrível.

A Pequena Sereia
Soraia Tavares | © NOS Audiovisuais

MHD: Já não é estranha nas vozes das versões live-action de clássicos da Disney, participou de ”Rei Leão”, ”Cruella”, ”Pinóquio” mas agora é diferente pois é a personagem título. Para si, como foi assumir essa responsabilidade? 

Soraia Tavares: Todo o processo de casting foi bastante exigente, na altura não estava muito bem vocalmente, estava com nódulos nas cordas vocais e então não consegui estar no meu melhor então foi um processo bastante difícil. Quando eu fiquei com o papel, acho que nunca em dobragens reagi tanto, ainda por cima estava a gravar uma novela e comecei a reagir no meio do estúdio, as pessoas queriam saber e eu não podia contar. Acho que foi a primeira vez em dobragem, com exceção da primeira, que senti uma realização muito grande porque não só por ter conseguido a personagem mas foi naquelas condições, o meu melhor tivesse sido suficiente para ter ficado. Então isso foi muito especial para mim.

Fazer esta personagem, não sei se sabem mas meu nome no Instagram é @Pequena_Soraia, por causa da Pequena Sereia e de repente eu pensei: ‘’Isso faz todo sentido.’’ Ainda por cima é uma atriz negra então o assunto da representatividade veio ao de cima e pra mim é um dos assuntos mais importantes neste momento e pro meu percurso. 

MHD: E por já ter experiência em outras adaptações, há alguma coisa que aprendeu e que aplicou na ”A Pequena Sereia”?

Soraia Tavares: Eu acho que nas dobragens estou em constante aprendizagem. Aquilo tem um trabalho de ator muito grande, um trabalho auditivo e este filme era muito, muito exigente e diria que toda a minha bagagem ajudou-me a fazer este filme. Vocalmente foi das coisas mais difíceis que já fiz, no geral, só que o Manuel Rebelo, que eu não conhecia e é um ótimo diretor de dobragens na parte musical, ele faz direção vocal e tirou mesmo o melhor de mim. A Maria Camões, já estou habituada a trabalhar com ela, que também fez a direção de atores na parte falada e acho que ela também conseguiu retirar de mim o melhor. É só confiar quando temos bons diretores.

Ambos João e Soraia comentaram sobre as mudanças nas letras de músicas para adequarem-se à modernidade:

João Frizza: Eu acho que é normal. O mundo evolui e nós temos de evoluir com o mundo se não ficamos presos num passado que já não existe. Portanto, acho que faz sentido de alguma forma conseguirmos adaptar as canções aos tempos em que vivemos e a forma em que hoje encaramos a vida.

Soraia Tavares: Fazer dobragens é tudo muito rápido. Acredito que para os atores, tenham que pensar em tudo mais… Para nós, que estamos a dobrar, já vem um produto finalizado, uma tradução, claro que há coisas que são repensadas com o diretor de dobragem no estúdio, só que é tudo mais rápido, é tudo para ontem. Confesso que não me apercebi dessas mudanças, Kiss The Girl eu não canto então não tive bem a sensação das mudanças das letras, percebi depois com a reação das pessoas às canções na Internet. Acho que é sempre importante estarmos atualizados, para mim a arte anda de mãos dadas com a sociedade. 

A Pequena Sereia
Ana Cloe | © NOS Audiovisuais

MHD: Muitos filmes começaram a receber o trabalho de dobragem muito recentemente, como ‘’O Estranho Mundo de Jack’’ e ”Frankenweenie”, que a própria Ana participou. Muitos associam a dobragem a trabalhos infantis. Mas recentemente a série ”Daisy Jones & The Six”, que não é para miúdos e a Ana também marcou presença, recebeu este cuidado de adicionar vozes nacionais. Considera que está a haver uma mudança na mentalidade em relação às dobragens?

Ana Cloe: Aquilo que me parece é, as novas plataformas vieram impor a necessidade da dobragem de todos os conteúdos. Portanto, não só para crianças mas como também para adultos, que é uma medida de inclusão e acessibilidade. Para mim faz todo o sentido e nós já há muitos anos temos uma dobragem de muita qualidade e reconhecida internacionalmente. Acho que é muito importante haver essa opção, às vezes nem tanto para crianças e adolescentes, porque lembro que aprendi inglês e desenvolvi muito o meu sotaque graças aos filmes e músicas.

MHD: Scuttle tem uma voz cheia de personalidade, como é que encontrou a voz para a personagem?

Ana Cloe: É muito engraçado porque a primeira vez que me escolheram para dobrá-la foi no ”Raya e o Último Dragão” e eu fiquei muito surpreendida porque não tinha essa ‘’imagem auditiva’’ da minha própria voz. Fiz o casting e pensei: ‘’Isso não é para mim’’. Mas fiquei com o papel e efetivamente  percebo que esse registro de voz acaba por me ser confortável, poderia ser mais agressivo e arranhado, mas não foi o caso. A Awkwafina tem uma personalidade muito própria e passa isso para as personagens e tenho esse desafio de apanhar essas características e quem tem me dado muito gosto de fazer. Scuttle é uma personagem muito divertida que vai a muitos sítios rapidamente em termos de energia.

TRAILER | A PEQUENA SEREIA

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