© 2003 - HBO

Esta pérola de Al Pacino vencedora de 11 Emmys está disponível na HBO Max

Al Pacino faz o coração de qualquer cinéfilo acelerar, mas o que poucos se lembram é que um dos papéis mais ousados e aclamados da sua carreira não veio do grande ecrã. Veio da televisão, de uma minissérie da HBO que, em 2004, pulverizou os Emmys e mudou para sempre a forma como olhamos para o drama televisivo.

Lê Também:
Walton Goggins (Fallout) junta-se ao criador de John Wick neste novo filme de ação

Pub

O que torna esta série tão lendária?

Angels in America HBO
© HBO

Em 2003, a HBO lançou uma aposta improvável: adaptar para televisão uma peça de teatro densa, poética e de seis horas, “Angels in America”, escrita por Tony Kushner, o mesmo guionista de The Fabelmans. Realizada por Mike Nichols, a minissérie juntou um elenco de luxo: Al Pacino, Meryl Streep, Emma Thompson, Jeffrey Wright, Mary-Louise Parker e Patrick Wilson. O resultado? Onze Emmys ganhos, num total de vinte e uma nomeações.

Mas mais do que prémios, “Angels in America” é uma cápsula de tempo da era Reagan, um espelho do medo e da coragem durante a crise da SIDA nos anos 80. Al Pacino interpreta Roy Cohn, advogado real, manipulador e homofóbico, que nega até ao fim ser gay, mesmo quando morre da mesma doença que despreza. Uma ironia tão cruel quanto brilhantemente encenada por Nichols e Kushner.

A peça original, estreada em 1992, já tinha conquistado o Pulitzer, o Tony e o Drama Desk Award, mas o formato televisivo deu-lhe uma nova vida. Dividida em duas partes (Millennium Approaches e Perestroika), a minissérie equilibra o real e o divino, o político e o íntimo, o humor e o desespero.

Como nasceu esta epopeia com Al Pacino?

Al Pacino
© Universal Pictures

A adaptação foi uma maratona de bastidores. Cary Brokaw, produtor executivo, lutou durante mais de dez anos para a trazer à televisão. O projeto passou por várias mãos, incluindo as de Robert Altman, que chegou a estar ligado à realização, até que Mike Nichols assumiu o comando. Kushner, sempre protetor da sua obra, esteve envolvido em todas as etapas.

Pub

Logo, o problema era claro: Angels era demasiado vasto para caber num único filme. Precisava de tempo, de fôlego, de espaço para respirar. Assim nasceu a ideia da minissérie, exibida em dois blocos de três episódios cada, uma estrutura que ecoava o próprio ritmo da peça. A HBO, na altura, estava a redefinir a televisão com The Sopranos e Six Feet Under, e Angels encaixou na perfeição nesta nova era.

Entre os múltiplos enredos cruzados, encontramos Prior Walter (Justin Kirk), um jovem gay com SIDA abandonado pelo namorado; Harper (Mary-Louise Parker), uma esposa mormon dependente de ansiolíticos; e Joe (Patrick Wilson), o marido reprimido que não sabe como se libertar. Portanto, todos orbitam a queda e ascensão de Roy Cohn, o “anjo caído” de Al Pacino, uma performance que mistura arrogância, medo e uma fúria divina quase shakespeariana.

Pub

Lê Também:
Regresso ao Futuro celebra o 40.º aniversário de forma especial

Porque é que continua a ser essencial em 2025?

Meryl Streep Al Pacino filme ação the river wild experiência
© Denis Makarenko via ShutterStock (ID: 96207635)

Mais de vinte anos depois, “Angels in America” continua a ser obrigatória e não apenas como peça histórica. Mas uma lembrança de que o drama humano e a fantasia podem coexistir sem se anular. Kushner não oferece respostas fáceis: oferece dor, riso e transcendência.

Pub

É também um retrato do poder da televisão como arte. Antes de Chernobyl, antes de The White Lotus, a HBO já apostava em narrativas complexas que tratavam o espectador como um adulto. Assim, Angels abriu caminho para tudo isso, misturando política, fé e amor com a força de um sermão profano.

A química entre o elenco é quase sobrenatural, Meryl Streep muda de rosto e alma em quatro papéis distintos, Emma Thompson desce do céu como um anjo cansado, e Al Pacino, irónico destino, termina em ruínas, sozinho, devorado pelos demónios que criou.

Pub

Uma série, um milagre televisivo

Num tempo em que o streaming vive de algoritmos, “Angels in America” prova o que acontece quando se confia na arte em vez da fórmula. É política, é poesia, é teatro que respira e chora.

Está disponível na HBO Max, em alta definição, pronta a ser redescoberta por uma nova geração, uma geração que talvez precise mais do que nunca de anjos que caiam, e de homens que tentem voar. Já viste “Angels in America”? Ou estás pronto para descobrir porque é que, mesmo no céu da televisão, Al Pacino ainda brilha mais do que todos?

Pub

About The Author


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *