Emma Thompson com Dustin Hoffman em "The Meyerowitz Stories" (2017) de Noah Baumbach |©Netflix

Emma Thompson, os filmes essenciais

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Emma Thompson é uma das mais notáveis atrizes a trabalhar hoje no cinema britânico e americano. Premiada com Óscares tanto no campo da representação como do argumento. A 15 de abril completou 61 primaveras e celebramos agora recordando os seus filmes essenciais. 

A intérprete que hoje homenageamos já conta muitos anos de carreira e é sem dúvida uma das grandes referências entre as atrizes britânicas – não apenas da sua geração – e assim o confirmam as suas mais de 60 vitórias e mais de 100 nomeações a prémios. Coleciona já, entre estas premiações, dois Óscares, um Emmy, três BAFTAs e ainda dois Globos de Ouro.

Destaca-se principalmente no campo do romance histórico, como boa britânica que é, mas o seu registo enquanto atriz é vasto e tem mestria em outros géneros – como a comédia. Nasceu a 15 de abril de 1959 em Paddington, Londres,  e cresceu numa família de atores. Estudou em Cambridge e integrou o grupo de teatro Footlights, celéebre devido ao facto de membros dos Monty Phyton se terem conhecido por lá.

Terminados os seus estudos em 1980, a primeira década da sua carreira foi dominada pelo teatro e pela televisão. Destacou-se com a peça “Me and My Girl” no West End londrino e na televisão teve o seu início do programa de sketches “Alfresco”, de 1983, no qual colaborou com membros do seu grupo de teatro que viriam a tornar-se influentes no mundo do cinema e televisão como por exemplo Hugh Laurie (“Dr.House”).

Em 1987 protagonizou “Fortunes of War” (1987), uma mini-série da BBC pela qual viria a receber o seu primeiro BAFTA.  A partir daí iniciou-se um longo trajeto que vamos recordar e com direito a um extra: indicaremos onde podem ser vistos alguns dos filmes mencionados.

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REGRESSO A HOWARDS END DE JAMES IVORY (1992)

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“Regresso a Howards End” | © Merchant Ivory Productions

Foi precisamente no início dos anos 90 que Emma Thompson começou a conseguir papéis de maior relevo no cinema. A sua ascensão foi rápida e o primeiro papel de relevo no grande ecrã, em “Howards End”, valeu-lhe desde logo o seu  primeiro Óscar – o de Melhor Atriz. Realizado por James Ivory (“Quarto Com Visto Sobre a Cidade”), o filme é baseado no romance homónimo de E.M. Forster. 

Esta obra colocou a recém chegada às grandes produções a contracenar junto a nomes como Anthony Hopkins, Vanessa Redgrave e uma jovem Helena Bonham Carter que aqui interpreta a sua irmã. “Howards End” dá conta do encontro entre três classes sociais distintas na Inglaterra do início do século XX- Temos os Wilcox , capitalistas vitorianos que colocam o dinheiro no lugar das divindades, os  Bast, membros da classe trabalhadora e os Schlegel  – uma família burguesa dada à filantropia. O humanismo das cultas e emancipadas  irmãs Schlegel –  Helen (Bonham Carter) e Margaret (Thompson) – é posto à prova quando tentam suavizar o preconceito da família Wilcox em prol da família Bast. Um competente drama de classe à inglesa onde as prestações de Emma Thompson, Anthony Hopkins e Vanessa Redgrave merecem particular destaque.

“Howards End” é uma história específica mas intemporal, tanto que a BBC adaptou recentemente o romance para o formato de mini-série.


“MUITO BARULHO POR NADA” DE KENETH BRANAGH (1993) 

Emma Thompson Muito Barulho Por Nada
Emma Thompson na comédia shakespeariana de Kenneth Branagh |©Metro-Goldwyn-Mayer Studios Inc.

Entre 1992 e 1993 Emma Thompson protagonizou dois filmes da autoria do ator, produtor e realizador Kenneth Branagh que era então seu marido, e com quem colaborou frequentemente durante o período do seu casamento  – de 1989 a 1995. “Much Ado About Nothing”, comédia romântica dramática, foi bastante bem recebido e competiu em Cannes pela Palma e nos Globos de Ouro de 1994 na categoria de Melhor Comédia ou Musical.

A obra – que conta no elenco com nomes como Keanu Reeves, Kate Beckinsale ou Denzel Washington – filmada em Itália baseia-se numa das mais hilariantes criações de Shakespeare, também de nome “Muito Barulho por Nada”. A história foca-se em dois relacionamentos – o de Hero (Beckinsale) e Claudio (Robert Sean Leonard) e o de Benedick (Branagh) e Beatrice (Thompson). Um casal conspira contra o outro, mas ao fim de contas é…muito barulho por nada.

O filme pode ser alugados nas bibliotecas do Google Play e do Youtube.


“OS DESPOJOS DO DIA” DE JAMES IVORY (1993) 

Emma Thompson remains of the day
Emma Thompson “Os Despojos do Dia ” (1993) |©Columbia Pictures

Não demorou até a atriz partir para uma segunda colaboração com James Ivory depois de “Regresso a Howards End”. Mais um notório filme de época baseado num romance, desta vez um da autoria de Kazuo Ishiguro  – Nobel da Literatura em 2017 e autor de obras como “O Gigante Enterrado” ou “Quando Éramos Órfãos”.  Este “Despojos do Dia” é provavelmente a mais notável referência na obra do escritor e foi publicada em 1989.

Não é assim surpreendente que Ivory, conhecido pelas suas adaptações literárias ao cinema – afinal tornou-se há pouco o mais velho recipiente de um Óscar de competição aos 89 anos pelo seu argumento adaptado de “Chama-me Pelo Teu Nome” – tenha trazido à vida “The Remains of the Day”. Pela sua realização foi indicado ao Óscar de Melhor Realizador num filme que contabilizou 8 nomeações no total. Emma foi assim nomeada em 1994 ao seu segundo Óscar na categoria de Melhor Atriz, passado apenas um ano da sua primeira nomeação.

“Os Despojos do Dia” tem uma afinidade estética ao seu anterior “Regresso a Howards End”. O filme marca também um reencontro de Thompson com Anthony Hopkins. Nesta narrativa ele é um mordomo, James e Emma é a governanta Sally. A narrativa situa-se numa Inglaterra pré Segunda Guerra Mundial e tem como preponderante elemento narrativo a ameaça do nazismo no seio da própria família.

Este filme nomeado a 8 Óscares pode ser encontrado no catálogo da Netflix. 


“EM NOME DO PAI” DE JIM SHERIDAN (1993) 

Em Nome do Pai
©Universal Pictures

Uma força imparável no início dos anos 90, Thompson conquistou em 1994 não apenas a nomeação ao Óscar na categoria de Melhor Atriz Principal em “Os Despojos de Inverno” mas dupla nomeação: foi também indicada na categoria de Melhor Atriz Secundária pelo drama biográfico “In The Name of The Father”.

Este grande drama biográfico indicado a 7 Óscares, e que figura no topo dos 200 filmes mais apreciados pelo público no IMDB, foi realizado por Jim Sheridan – o mesmo que escreveu e realizou o amado “Na América” (2002). “Em Nome do Pai” conta a história verídica de Gerry Conlon, aqui interpretado por Daniel Day-Lewis. Gerry é um ladrão na Belfast da década de 70 que acaba acusado e condenado por um ataque bombista que não cometeu. O filme retrata mais de uma década de batalha jurídica para corrigir este erro do sistema. Emma Thompson é aqui Gareth Peirce, uma destemida advogada de defesa que luta incessantemente pela restituição da verdade. Embora o filme tenha sido criticado pelos elementos fictícios que introduziu na narrativa, a verdade é que a sua equipa técnica e artística acabou recompensada pelo seu trabalho.


“JUNIOR” DE IVAN REITMAN (1994) 

Emma Thompson Ivan Reitman Junior
A “família” improvável de “Junior” |©Universal Studios

“Junior” pode não ser uma grande obra – não o é – nem sequer é uma comédia que seja capaz de elevar o género, nem lá perto. Não obstante, esta comédia romântica “de ficção científica” apresentou-nos  um surreal marco na comédia de Hollywood.  Arnold Schwarzenegger, no seu auge, interpreta um cientista que aceita – como experiência científica – carregar um bebé no seu próprio corpo ficando, para todos os efeitos, grávido. Este cientista, Alex Hesse, trabalha em conjunto com um outro colega de laboratório, Larry Arbogast, interpretado por um memorável Danny Devito.

Emma Thompson dá vida à Dr. Diana Reddin,  cientista cujo laboratório realiza a inseminação artificial que permite a Alex tornar-se o primeiro homem grávido da história. Depois de protagonizar diversos dramas pesados, Emma teve aqui a oportunidade de regressar à comédia  – onde começou a sua carreira. O filme vive acima de tudo da dinâmica entre os três interpretes e da estranheza da situação.

O filme realizado por Ivan Reitman, criador de “Ghostbusters”, foi nomeado ao Óscar de Melhor Canção Original para “Look What Love Has Done” e, acredite-se, conseguiu valer tanto a Arnold Schwarzenegger como a Emma Thompson nomeações ao Globo de Ouro na categoria de comédia.

Podem ver a prestação de Emma  alugando o filme através da Apple Tv.


“SENSIBILIDADE E BOM SENSO” DE ANG LEE (1995) 

european film challenge sensibilidade e bom senso
© Pris

Passamos agora por, quiçá, o marco mais relevante ou pelo menos um dos marcos mais relevantes da carreira de Emma Thompson. Realizado por Ang Lee (“O Segredo de Brokeback Mountain”, “O Tigre e o Dragão”), “Sense and Sensibility” foi escrito e protagonizado pela artista cujo aniversário estamos a celebrar. O filme foi nomeado a 7 Óscares, incluindo Melhor Atriz – chegando assim Emma à sua quarta nomeação.

Duplamente nomeada mais uma vez, estava indicada na categoria principal de representação mas também pelo seu argumento adaptado, tendo saído vencedora nesta segunda categoria. Depois de ter arrecadado o Óscar de Melhor Atriz em 1993 por “Howards End”, tornou-se em 1996 a primeira pessoa a alguma vez vencer Óscares tanto por representação como por escrita de argumento. Um testemunho ao impressionante trabalho da atriz, que nesta adaptação da obra de Jane Austen partilhou o ecrã com a jovem revelação Kate Winslet e novamente com Hugh Grant, entre outros grandes nomes do cinema inglês como Alan Rickman ou Tom Wilkinson. 

“Sensibilidade e Bom Senso” foca-se na luta contra a pobreza de duas irmãs na Inglaterra do século XIX. São elas Elinor Dashwood (Emma Thompson) e Marianne Dashwood (Kate Winslet) , uma irmã ajuizada e a mais nova – impulsiva e incorrigível. Quando o seu pai morre, terão de aprender a sobreviver num mundo onde o seu estatuto social e a sua condição enquanto mulheres não são as mais favoráveis. Thompson mune-se de um humor mordaz na sua interpretação e no seu argumento.

O filme encontra-se disponível no catálogo da Netflix.


“O CONVIDADO” DE ALAN RICKMAN (1997) 

O convidado the winter guest
Mãe e filha ( Phyllida Law e Emma Thompson) representam mãe e filha no cinema |©Fine Line Features

“The Winter Guest” é um drama realista escrito e realizado por Alan Rickman – o grande e versátil ator britânico que uma geração inteira recorda com carinho como “Snape” na saga “Harry Potter”, e que faleceu aos 69 anos vítima de cancro no ano de 2016. Rickman apenas se aventurou duas vezes na realização de longas-metragens, a primeira delas este “O Convidado”. Uma estreia bastante bem-recebida e que contou com a sua amiga próxima, Emma Thompson, como protagonista.

A acção do filme passa-se numa fria cidade escocesa. Neste filme, uma mãe idosa, Elspeth, chega sem aviso à casa da sua filha adulta, Frances, uma recém viúva que pretende abandonar a Escócia com o seu filho adolescente. A mãe é interpretada por Phyllida Law, mãe de Emma Thompson não só nesta fita mas também na vida real. Este belo e austero filme beneficia de prestações exímias  e valeu a Emma Thompson a nomeação a Melhor Atriz nos British Independent Film Awards e a vitória do prémio de melhor atriz no Festival de Veneza onde Rickman venceu em duas categorias e foi ainda nomeado ao Leão de Ouro.


“O AMOR ACONTECE” DE RICHARD CURTIS (2003) 

Emma Thompson Love Actually
Emma Thompson e Alan Rickman em “O Amor Acontece” (2003) |©Universal Pictures

Viramos a página e chegamos ao século XXI, marcando uma incursão de Emma Thompson ao reino da comédia com um papel algo  – ou bastante – melancólico. “Love Actually” foi realizado e escrito por Richard Curtis, um dos maiores símbolos da comédia romântica britânica, co-criador do personagem “Mr.Bean” e argumentista de filmes como “Notting Hill” (1999) ou “O Diário de Bridget Jones” (2001).

Não sendo uma obra reconhecida pela crítica, esta narrativa sobre as várias formas que o amor assume na época natalícia conseguiu conquistar o público a nível internacional, sendo já um clássico e portanto um dos filmes obrigatórios para uma sessão de cinema  no Natal. Emma reencontra-se com Hugh Grant, que aqui interpreta o Primeiro-Ministro de Inglaterra e o seu irmão e ainda com o seu amigo Alan Rickman que representa o marido infiel da sua personagem. Neste “O Amor Acontece” Thompson dá vida a Karen, a nostálgica apaixonada por Joni Mitchell que sonha com algo mais para o seu casamento. É um papel simples  numa narrativa leve de históricas entre-cruzadas mas que ainda assim interpreta com inesperada profundidade. Poder-se-á dizer até que Thompson  elevou, com a sua especificidade, a simplicidade do papel da mulher traída. Verdade seja dita, o papel até lhe valeu uma nomeação ao BAFTA.


“HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN” DE ALFONSO CUÁRON (2004) 

Emma Thompson sybill
Emma Thompson e Emma Watson em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (2004) |©Warner Bros.

Foi no terceiro capítulo da saga Harry Potter, o realizado por Alfonso Cuáron – de “Roma” e “Gravidade – que Emma Thompson integrou este enorme franchise que continua a marcar a cultura popular hoje em dia. Nas histórias do feiticeiro mais famoso do mundo, nas quais tantos grandes atores britânicos participam, Emma dá vida à professora Sybill Trelawney. Trelawney é a alucinada e incomum professora da disciplina que Hermione Granger considera ser a mais disparatada do seu currículo, a de adivinhação.

Esta sua excêntrica personagem não é senão uma pequena personagem secundária, mas merece ser mencionada devido à importância destes filmes e também porque este papel nos relembra o potencial cómico de uma intérprete que por vezes pode ser associada apenas ao drama histórico, por terem sido estes os filmes que lhe trouxeram os prémios e reconhecimento por parte dos pares.

Toda a saga Harry Potter pode ser encontrada na Netflix portuguesa.


“NANNY MCPHEE – A AMA MÁGICA” DE KIRK JONES (2005) 

Ema Thompson Nanny Mcphee
Uma quase irreconhecível Emma Thompson traz magia ao mundo de uma família enlutada |© Universal Pictures

Num papel que escreveu para si mesma, Emma Thompson apresentou-se como uma espécie de Mary Poppins dos tempos contemporâneos como a personagem titular de “Nanny McPhee”. Esta comédia familiar fantasiosa baseia-se na saga literária infantil “Nurse Matilda” e conta a história de uma ama mágica que com recurso aos seus poderes especiais vai ajudar o desesperado Senhor Cedric Brown (Colin Firth), pai de sete filhos que acabou de perder a mulher e não consegue dar conta do recado.

O filme encontra-se disponível para aluguer no Youtube.


“A UM PASSO DO AMOR” DE JOEL HOPKINS (2008) 

Emma Thomson Dustin Hoffman
©Overture Films

Em 2008 protagonizou o drama romântico “Last Chance Harvey” com Dustin Hoffman como seu co-protagonista. Ambos receberam nomeações para os Globos de Ouro na categoria de comédia, não fosse longa a tradição de confusão de géneros nesta premiação. Ou talvez o estatuto de “A Um Passo do Amor”, algures situado nas linhas da comédia agridoce possa dificultar esta separação artificial.

A história que aqui se narra é deveras comum, mas o filme vive essencialmente desta poderosa parelha. Conhecemos Harvey Shine (Hoffman), um escritor nova-iorquino divorciado que em Londres conhece Kate Walker – uma outra alma solitária. Este encontro acaba por transformar as suas vidas. Uma história essencialmente sobre recomeços e segundas oportunidades.

“A Um Passo do Amor” será exibido nos TVCine Emotion nos próximos dias 25 e 26 de abril.


“AO ENCONTRO DE MR.BANKS” DE JOHN LEE HANCOCK (2013) 

Saving Mr.Banks
Emma Thompson como Travers |©Walt Disney Pictures

Saltamos alguns anos nesta nossa viagem pela carreira de Emma Thompson, pois inevitavelmente a obsessão pela juventude na indústria de Hollywood  levou a uma redução de papéis “apetitosos” nesta segunda década do século XX  com a atriz britânica já na casa dos 50. Embora, diga-se de passagem, trabalho nunca lhe tenha faltado.

Em 2013 foi a rival perfeita para o Walt Disney de Tom Hanks no popular sucesso de bilheteira da Disney “Saving Mr. Banks”. O filme biográfico familiar dá conta das reuniões entre P.L Travers, a escritora que criou a personagem Mary Poppins e Walt Disney, que pretendia assegurar os direitos desta história para a partir da mesma fazer um filme.

Travers não queria ver imagem real combinada com animação, nem tão pouco queria que o filme fosse um musical. Claro que Walt Disney, sendo Walt Disney, lá conseguiu o que queria. Neste filme, assistimos às discussões de ambos – num jogo de titãs em que nenhum quer ceder. O que levamos deste filme é a interessante reconstituição histórica – especialmente do ponto de vista visual – e a dinâmica entre Hanks e Thompson. Por este filme, Emma Thompson arrecadou mais uma nomeação aos Globos – a sua nona.

O filme pode ser alugado no Google Play ou no Youtube.


“THE MEYEROWITZ STORIES (NEW AND SELECTED)” DE NOAH BAUMBACH (2017) 

The Meyerowitz Stories (New and Selected)
Emma Thompson e Dustin Hoffman como um casal excêntrico em “The Meyerowitz Stories (New and Selected)” |©Netflix

Em 2017, Emma Thompson foi uma chávena de chá -Mrs. Potts- na nova versão em imagem real de “A Bela e o Monstro”. Foi também Maureen no primeiro filme de Noah Baumbach para a Netflix – “The Meyerowitz Stories”. Este abriu em Cannes e cumpriu uma curta rota de festival antes de integrar o catálogo da plataforma.

É um filme perfeitamente identificável como pertencente à filmografia de Baumbach, e como é habitual tem o drama familiar no centro da narrativa. Escrito e realizado pelo autor do recente “Marriage Story” (2019), “The Meyerowitz Stories” é um conto cómico mas emotivo  que atravessa diversas gerações e coloca Ben Stiller, Adam Sandler e Elizabeth Marvel como filhos que têm vivido na sombra de um pai exigente aqui interpretado por Dustin Hoffman. Mais uma interessante família disfuncional entre as frequentes do talentoso realizador. Emma Thompson interpreta a mulher do Harold de Hoffman.

Evidentemente, o filme pode ser encontrado na Netflix.


“A BALADA DE ADAM HENRY” DE RICHARD EYRE (2017) 

a balada de adam henry critica
©NOS Audiovisuais

Num ano que se revelou preenchido na carreira da talentosa atriz, chegamos ao filme “The Children Act” ou em Portugal “A Balada de Adam Henry”. O argumento deste drama jurídico  – os tais courtroom dramas no inglês –  foi escrito por Ian McEwan, autor também do livro que viria a inspirar o filme. Recordamos que McEwan viu já diversas das suas obras adaptadas ao cinema, entre elas “Expiação”.

Emma dá vida à personagem central desta obra estreada na famosa mostra do Toronto International Film Festival. É esta uma história sobre moralidade e sobre um dilema que assenta na fé pessoal, acerca de um adolescente  que procura recusar tratamento médico necessário para sobreviver com base nas suas crenças pessoais. A atriz encarna aqui a pele da juíza Fiona Maye num dos mais exigentes e mais bem construídos papéis dos seus mais recentes anos de carreira. Não sendo esta uma grande obra, o complexo retrato da atriz sobre uma decisão impossível merece ser visto.


“YEARS AND YEARS” DE RUSSEL T.DAVIES (2019)

Emma Thompson
Emma Thompson é Vivianne Rook | ©HBO Portugal

Sim, “Years and Years” é uma série e não um filme. Contudo, ao recuperar os projetos essenciais desta intérprete seria pecaminoso ignorar a sua estupenda Vivienne Rook. Esta distopia política que resulta de uma cooperação entre a BBC e a HBO segue as tribulações de uma família ao longo de diversos anos, à medida que a situação sócio-política do mundo em que vivem se vai degradando vertiginosamente.

Emma Thompson é aqui uma política populista, espelho de uma tendência crescente na nossa sociedade e que aqui se transporta para o pequeno ecrã. Ao fim de contas, a vida imita a arte e vice-versa. A sua Vivienne é poderosa como presságio de uma crescente dessensibilização de uma população que procura antes de mais um político que diga “as verdades” e que prometa revolucionar o sistema começando “do zero”. Não é nada senão perfeita neste aterrador registo.

Tendo sido este, nos últimos tempos, o papel mais marcante de Emma Thompson abandonamos ironicamente esta galeria com uma série. No futuro próximo poderemos ver a atriz em mais um filme de imagem real da Disney – “Cruella”, no qual interpretará a personagem da Baronesa. No centro da narrativa estará Emma Stone como a personagem titular.

“Years and Years” encontra-se no catálogo da HBO e relembra-nos que ainda podemos esperar grandes papéis desta presença incontornável na ficção cinematográfica e televisiva.

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Entre estes  – ou outros – qual é o papel mais marcante da carreira desta figura inesquecível? 

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