Esta perola de Tom Hardy com 91% no Rotten Tomatoes está na HBO Max
Tom Hardy. Só o nome já carrega um peso cinematográfico que tanto pode significar a ação explosiva de Mad Max: Fury Road, os sotaques quase ininteligíveis de Peaky Blinders ou até mesmo o caos alienígena de Venom. Mas, em 2013, o ator decidiu meter-se numa aventura inesperada: um filme que ele próprio descreveu como… um projeto de estudante.
Porque Tom Hardy considera Locke um “filme de estudante”?
Quando Steven Knight, criador de Peaky Blinders, apresentou o guião de Locke, Hardy sabia que não estava perante um projeto tradicional de Hollywood. Afinal, o filme tem apenas um ator em cena, dentro de um carro, durante 90 minutos.
Em entrevista ao The Playlist, Hardy explicou: “Não é todos os dias que tens oportunidade de fazer um filme de estudante, mas quando não és estudante e tens todos os recursos de um mundo profissional… é um verdadeiro pedaço de diversão, mas feito com todos a sair da sua zona de conforto.” Traduzindo: era um exercício experimental, mas com meios de gente grande.
É aqui que Hardy se mostra na sua essência: um intérprete que prefere arriscar a repetir fórmulas. O filme não se esconde atrás de explosões ou efeitos visuais. É só ele, um volante, e uma torrente de telefonemas que lentamente vão desmoronando a vida perfeita da personagem. É cinema minimalista, mas com uma intensidade que deixa o espectador colado ao ecrã.
O que torna Locke um filme tão único?
Ao contrário da maioria dos thrillers, Locke desenrola-se em tempo real e sem cortes para outras localizações. Ivan Locke, o engenheiro interpretado por Tom Hardy, conduz de Birmingham até Londres enquanto tenta segurar a sua vida pessoal e profissional através de chamadas telefónicas. É aqui que entram vozes de luxo como Olivia Colman, Tom Holland, Ruth Wilson e Andrew Scott, todos cruciais, mas nunca visíveis.
Comparações são inevitáveis. Robert Redford, por exemplo, quase se afogou em All is Lost, outro filme de um homem só, mas pelo menos podia levantar-se e gritar contra o oceano. Tom Hardy, preso ao banco do carro, teve de sustentar um filme inteiro apenas com voz, expressão e gestos mínimos. É um daqueles desafios que só um ator com confiança brutal aceitaria.
Apesar da ousadia, o público não correu em massa para as salas. As receitas foram modestas, quase invisíveis. Mas a crítica? A crítica adorou. Locke foi saudado como um dos melhores desempenhos da carreira de Hardy e, até hoje, é lembrado como um exemplo de como a simplicidade pode ser mais poderosa do que o espetáculo. O filme está neste momento disponível na HBO Max, por isso, vai a correr ver este tesouro escondido de Tom Hardy.
O que ficou de Locke na carreira de Tom Hardy?
Pode-se dizer que Locke abriu caminho para que Tom Hardy fosse visto como um ator disposto a arriscar. Não era apenas o tipo musculado pronto para papéis de ação; era também alguém capaz de segurar sozinho uma narrativa inteira. Esse risco calculado deu-lhe credibilidade artística e cimentou a relação criativa com Steven Knight, a mesma que originaria Taboo (2017), série da BBC com culto próprio até hoje.
E se olharmos para o panorama atual, com plataformas de streaming a dar palco a experiências mais arriscadas, Locke parece ter chegado cedo demais. Talvez hoje tivesse encontrado um público mais vasto no catálogo da Netflix ou da HBO. Afinal, não faltam espectadores prontos para fazer maratona de histórias fora do convencional. E tu, já viste Locke ou arriscarias embarcar nesta viagem claustrofóbica só com Tom Hardy ao volante?.