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“Ainda acordo com pesadelos”, Denis Villeneuve arrependido por ter realizado esta sua obra-prima

Por vezes, os maiores triunfos artísticos, como o de Denis Villeneuve, nascem precisamente dos momentos em que mais duvidamos de nós próprios.

Sumário:

  • Denis Villeneuve, um dos realizadores mais respeitados, confessa que “Blade Runner 2049” quase arruinou a sua carreira, mas a sua humildade e dedicação ao projeto revelam uma genialidade artística;
  • O desafio de fazer uma sequela de um clássico como “Blade Runner” foi um peso constante sobre Villeneuve, mas a sua obsessão pelo filme original ajudou a criar algo novo e profundamente significativo.
  • Apesar de um fracasso comercial, “Blade Runner 2049” tornou-se uma obra de culto, com temas sobre identidade e livre arbítrio que expandem as ideias do original, consolidando Villeneuve como um mestre do cinema.
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No mundo do cinema contemporâneo, poucos realizadores conseguiram construir uma reputação tão sólida como Denis Villeneuve. No entanto, é precisamente o seu projeto mais “falhado” comercialmente que merece uma análise mais profunda. Entre pesadelos noturnos e dúvidas existenciais, o realizador confessa que quase arruinou a sua carreira com “Blade Runner 2049” – uma afirmação que não poderia estar mais longe da verdade.

O peso de uma herança impossível

Blade Runner 2049
Ryan Gosling em “Blade Runner 2049” (2017) ©Warner Bros. Entertainment

“Ainda acordo algumas noites, a perguntar-me porque é que fiz isto”, confessou Villeneuve numa entrevista. Esta confissão revela não apenas a humildade do realizador, mas também o peso esmagador de dar continuidade a uma das obras-primas definitivas da ficção científica.

O desafio era hercúleo: como fazer uma sequela de um filme que redefiniu não apenas o género da ficção científica, mas também a própria linguagem visual do cinema? A resposta de Villeneuve foi tão audaciosa quanto o próprio projeto – criar algo que simultaneamente homenageasse o original e estabelecesse a sua própria identidade.

A sombra do filme original pairava constantemente sobre o projeto, algo que o próprio realizador admite abertamente: “Era impossível não pensar constantemente no filme original enquanto realizava Blade Runner 2049”. No entanto, foi precisamente esta “obsessão” que permitiu ao filme atingir alturas vertiginosas.

A vingança do tempo

Blade Runner 2049
Harrison Ford em “Blade Runner 2049” | © HBO Max

O mais fascinante é como a história parece repetir-se. Tal como o “Blade Runner” original de Ridley Scott, que foi inicialmente um fracasso de bilheteira antes de ser reconhecido como uma obra-prima, “Blade Runner 2049” seguiu um percurso semelhante. Com uma perda estimada de 80 milhões de dólares para a Alcon Entertainment, o filme foi considerado um desastre comercial. No entanto, à medida que o tempo passa, a sua influência e importância só crescem, provando que nem sempre o sucesso imediato é indicador do verdadeiro valor artístico.

A verdadeira genialidade do filme reside na forma como Villeneuve conseguiu expandir os temas do original. Através da história de K (Ryan Gosling) e da sua relação com a inteligência artificial Joi (Ana de Armas), o realizador aprofunda questões sobre identidade, humanidade e livre arbítrio de formas que o original apenas sugeriu. O que torna “Blade Runner 2049” verdadeiramente especial é a forma como consegue ser simultaneamente uma carta de amor ao original e uma obra distintamente villeneuviana. O realizador trouxe o seu estilo visual e criou um filme que funciona tanto como uma sequela quanto como uma obra independente de pleno direito.

Esta capacidade de equilibrar reverência e inovação estabeleceu Villeneuve como um dos realizadores mais confiáveis de Hollywood quando se trata de adaptar material “impossível” – algo que viria a provar novamente com Dune. O facto de Villeneuve considerar este projeto como potencialmente ruinoso diz mais sobre a sua humildade do que sobre a qualidade do filme. No entanto, foi precisamente “Blade Runner 2049” que cimentou a sua reputação como um mestre do género.

Que outras “falhas” do cinema contemporâneo merecem ser reavaliadas? Partilha a tua opinião nos comentários.




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