Henning Moritzen

Filmes a não perder na Cinemateca Portuguesa em novembro (Parte II)

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Eis a nossa recomendação, dos grandes filmes que serão exibidos na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no penúltimo mês de 2018. 

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Estamos a entrar na recta final do ano de 2018 e para a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema este é o momento certo para apresentar um conjunto de filmes que celebrarão os 70 anos da instituição. Esta é só uma das muitas iniciativas que a Cinemateca Portuguesa dá início, a fim de assinalar uma data tão importante. A par dos seus 70 anos, a Cinemateca apresenta 70 filmes, sendo que nos últimos meses deste ano serão exibidos os primeiros 35.

Seguem-se outra iniciativas no mesmo âmbito como uma jornada de homenagem ao cinema feito em Portugal no dia do próprio aniversário (dia 16 de novembro) e um colóquio com vários convidados sobre o percurso e os desafios da Cinemateca. Segundo a instituição,

Num momento que é ainda de encruzilhada histórica – as questões suscitadas na museologia de cinema pela reconversão da indústria ao digital, e, no contexto interno, as limitações e a inadequação estrutural do quadro de funcionamento presente –, o que desejamos é evocar o passado com os olhos postos no futuro. Há que continuar a lançar as bases da Cinemateca das próximas décadas garantindo que isso se faz com a consciência plena do que aqui foi realizado até agora, e do que isso significou em termos nacionais e internacionais.

O que é o arquivo
Cinemateca Portuguesa

Para além da história da Cinemateca Portuguesa, e como tem sido habitual, a programação deste mês revisita filmes de uma outra cinemateca. A escolhida para este mês foi a Cinemateca Sueca (Svenska Filminstitutet). Serão percorridos oitenta anos de uma das mais antigas instituições que se dedica à preservação cinematográfica. O Diretor do Arquivo Fílmico, Jon Wengström, foi o responsável pos filmes apresentados que vão desde os anos 10 até aos anos 90 do século XX, numa maneira imprescindível de conhecer a cinematografia do país nórdico, onde se destacam nomes como Ingmar Bergman, Ingrid Bergman, Gustav Molander ou Alf Sjöberg, entre outros.

Fica a conhecer os filmes destes grandes ciclos para o mês de novembro e tudo o que de melhor a Cinemateca tem para oferecer!




“Maldone”, F.R. 14-11-19h | F.R. 16-11-15h30

Cinemateca Portuguesa
Maldone

Em janeiro de 2001, a Cinemateca prestou homenagem aos Arquivos Nacionais Franceses (a não confundir, em caso algum, com a Cinemateca Francesa) com o Ciclo “Os Tesouros de Bois d’Arcy”, em que foram apresentadas diversas raridades da produção francesa juntamente com filmes de cineastas célebres ou pouco conhecidos. Uma das revelações do Ciclo foi este filme de Jean Grémillon, que dez anos depois voltaríamos a apresentar, no âmbito do Festival Temps d’Images. Cineasta que nunca teve o reconhecimento merecido e viu importantes projetos serem gorados, Jean Grémillon (1902-1959) foi um dos grandes realizadores franceses da sua geração. MALDONE, a sua primeira longa-metragem de ficção, centra-se na história do seu protagonista, Oliver Maldone, um trabalhador itinerante que é chamado a abandonar a vida de proletário e a assumir a sua condição burguesa quando tem de tratar da propriedade da família e da sua paixão pela jovem cigana Zita. Central na obra de Grémillon, o tema de MALDONE é o da dualidade, revelando o filme o talento de cineasta de Grémillon.




“L’Avventura”, F.R. 15-11-19h | F.R. 21-11-15h30

Cinemateca Portuguesa
Monica Vitti

Uma das visitas mais célebres à Cinemateca terá sido, sem dúvida, a de Michelangelo Antonioni, em 1985, quando foi apresentada uma retrospetiva integral das suas longas- -metragens. Autor marcante do cinema europeu do pós-guerra, o realizador italiano não receou procurar uma nova linguagem cinematográfica para retratar aquele que era, também, um novo sentimento: a separação de classes e a alienação da burguesia italiana e europeia nas décadas que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial. Anos de paz, portanto, e da convulsão interior a partir da qual o cineasta trouxe um novo tempo para o cinema. “Itinerário sentimental de um par” (nas palavras de Antonioni), L’AVVENTURA é o primeiro filme da sua famosa trilogia, justamente, sobre a alienação. Uma mulher desaparece durante um cruzeiro no Mediterrâneo. O namorado e uma amiga tentam encontrá-la e acabam por tornar-se amantes. L’AVVENTURA é um dos mais belos filmes de Antonioni e uma obra marcante do cinema europeu.




“A Dama e o Vagabundo”, Salão Foz 17-11-15h

Cinemateca Portuguesa
A Dama e o Vagabundo

Um clássico da animação dos estúdios Disney da década de cinquenta. Música, romance e humor envolvem a história de um “vira lata” que namora uma cadelinha aristocrata. Tomado erradamente como o atacante do bebé dos donos (quando de facto o salvou das ratazanas), o “vagabundo” é enviado para o canil para ser abatido, mas todos os cães das redondezas ajudam a “dama” a salvar o seu “vagabundo”.




“El Sol del Membrillo”, F.R. 19-11-21h30 | F.R. 27-11-15h30

Cinemateca Portuguesa
El Sol del Membrillo

Um dos grandes filmes do cinema dos anos noventa. Victor Erice acompanha o pintor Antonio López ao longo do processo de conceção de um quadro, partindo daí para uma reflexão não só sobre a pintura e o cinema, mas essencialmente sobre a sua relação com as coisas, com a natureza e os homens. Uma obra-prima absolutamente indispensável que assinala a relação única da Cinemateca com o cineasta, autor fundamental do cinema contemporâneo, cuja obra temos seguido de perto desde 1985, quando foram exibidos vários filmes seus, e que aqui acompanhou uma retrospetiva integral, já em 2013, regressando em 2016 para apresentar precisamente, “El Sol Del Membrillo”.




“The Big Red One”, F.R. 20-11-15h30 | F.R. 28-11-21h30

Cinemateca Portuguesa
Mark Hamill, Robert Carradine, Lee Marvin, Bobby Di Cicco, e Kelly Ward em “The Big Red One”

THE BIG RED ONE marcou o regresso de Fuller à realização depois de alguns anos de silêncio, para um espantoso relato autobiográfico sobre as suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial num pelotão de infantaria, chefiado por um duro e experimentado sargento (Lee Marvin). Uma narrativa densa e forte, num filme que é um balanço da obra e da vida de um dos grandes cineastas da sua geração. A grande retrospetiva Samuel Fuller que a Cinemateca organizou em 1988 contou com a presença do realizador, em “corpo e lenda”, noutro momento riquíssimo da vida destas salas. A apresentar em cópia digital que corresponde à versão reconstruída e exibida pela primeira vez em Cannes em 2004, com mais quarenta minutos do que a versão estreada nos anos oitenta.




 “Pyaasa”, F.R. 20-11-21h30 | F.R. 26-11-15h30

Cinemateca Portuguesa
Guru Dutt

A par de Ritwik Ghatak, Guru Dutt foi uma das maiores revelações da Cinemateca, pouco depois da sua redescoberta no Ocidente, corria o ano de 1986. Foi essa a data de um primeiro grande Ciclo de “Cinema Indiano”, a que a Cinemateca regressaria em 1998, quando publicou o catálogo Cinemas da Índia. Obra-prima de Guru Dutt, PYAASA foi também o seu maior êxito de público. A história centra-se na vida de um poeta explorado por um editor sem escrúpulos e ajudado por uma prostituta apaixonada por ele e pela sua poesia. A personagem de Vijay é interpretada pelo próprio Guru Dutt. A música é de S.D. Burman, e conta ainda com as participações de Sahir Ludhianvi, Geeta Dutt e Mohammed Rafi. Um dos mais líricos melodramas musicais do cinema clássico indiano. PYAASA está programado para evocar o momento importante da programação que, nos anos oitenta, deu a conhecer em Portugal duas importantes cinematografias do Oriente, a dedicada ao cinema indiano e, em 1987, o Ciclo “Cinema Chinês”.




“The Deep Hunter”, F.R. 21-11-21h30 | F.R. 29-11-15h30

Cinemateca Portuguesa
Robert DeNiro

Dos aceiros da Pensilvânia às selvas do Vietname, da bucólica paisagem onde os amigos caçam veados, à febril e mórbida atmosfera de Saigão em plena derrocada e retirada do exército americano, Michael Cimino leva-nos por uma viagem “ao fim do inferno”, como muito bem diz o título francês, e que é também uma reflexão sobre a América de hoje. Michael Cimino, que esteve em Lisboa para a retrospetiva que a Cinemateca lhe dedicou em 2005, foi outra presença memorável.




 “Alskande Par”T F.R. 21-11-19h | L.P. 26-11-18h30

Cinemateca Portuguesa
Gio Petré

Mai Zetterling (1925-94) formou-se no Conservatório de Teatro de Estocolmo e fez uma dupla carreira como atriz e realizadora, tendo realizado nada menos de dezoito longas-metragens. Em ÄLSKANDE PAR, três mulheres grávidas rememoram as suas vidas sexuais. Jon Wengström considera-o “o melhor filme da melhor realizadora sueca”, ao passo que o escritor Claude Ollier opinou: “É uma obra cerrada mas nada confusa, pródiga sem dilapidação, elegante sem maneirismo. A realizadora sueca exprime-se num registo que se situa entre a austeridade desconfortável de Bergman e o barroquismo melodramático de Sjöberg”. Primeira exibição na Cinemateca, a apresentar em cópia digital.




“La Règle du Jeu”, F.R. 22-11-15H (Programa Especial em Jornada Contínua)

Cinemateca Portuguesa
Marcel Dalio e Roland Toutain em “La règle du jeu” (1939)

O mais lendário filme de Jean Renoir. Sem personagem principal, com nada menos do que oito protagonistas, “sem história”, implacável e demencial, objeto de tanta ira como de admiração, LA RÈGLE DU JEU é, para muitos, a obra máxima de Renoir, mostrando-nos uma coreografia em que a câmara acompanha as fugas e jogos de amor das personagens, numa mansão senhorial. Enquanto dançam sobre o vulcão, a Europa e o mundo caminham para a guerra.




“Festen ”, F.R. 22-11-15H (Programa Especial em Jornada Contínua)

Cinemateca Portuguesa
Elenco de “Festen”

FESTEN foi um dos primeiros filmes do movimento Dogma 95, iniciado na Dinamarca no mesmo ano por cineastas como Thomas Vinterberg e Lars von Trier, cujo manifesto estabelece um conjunto de dez regras para a realização cinematográfica. FESTEN acompanha uma reunião de família para celebrar o 60.o aniversário do respetivo patriarca em que um jantar bem regado é o pretexto para sórdidas revelações. Destacando uma ideia de realismo reforçada pela utilização de uma câmara digital portátil nas filmagens, associada a uma catarse de emoções, FESTEN foi distinguido com o Prémio do Júri no Festival de Cannes de 1999. Primeira exibição na Cinemateca.




“La Ciènaga”, F.R. 22-11-19H15 (Programa Especial em Jornada Contínua)

Cinemateca Portuguesa
La Ciènaga

Um dos melhores exemplos do moderno cinema argentino independente. LA CIÉNAGA conta a história de duas mulheres que vivem numa pequena cidade da Argentina, onde tudo parece estagnado, como as suas próprias vidas. Retrato sem complacências de uma sociedade, expondo as suas taras e compromissos.




 “Inland Empire”, F.R. 22-11-19H15 (Programa Especial em Jornada Contínua)

Cinemateca Portuguesa
Laura Dern, Jordan Ladd, Emily Stofle, Kristen Kerr, Terryn Westbrook, Michelle Renea, Kat Turner, e Jamie Eifert em “Inland Empire” (2006)

Uma atriz prepara-se para o seu maior papel de sempre. Mas quando dá conta que se está a apaixonar pelo ator com quem contracena, percebe que a sua vida real não é mais do que uma réplica da ficção que ambos estão a filmar. A sua confusão aumenta quando lhe é revelado que o filme em causa é um remake de uma velha produção polaca que nunca chegou a ser acabada devido a uma estranha tragédia. Mais um filme de Lynch que faz explodir as convenções narrativas.




“Faces”, F.R. 23-11-15h  (Programa Especial em Jornada Contínua)

Cinemateca Portuguesa
Gena Rowlands

Um dos títulos maiores da obra de John Cassavetes. Um olhar sobre a frustração e o vazio na vida confortável das classes médias americanas. Gena Rowlands é soberba num filme duro, áspero, que fomentou comparações com Bergman e Warhol em simultâneo. Em qualquer caso, é muito possível que FACES seja o filme que melhor define o “método Cassavetes” em todo o seu excesso.




“Colóquio Cinemateca – Passado, Presente, Futuro”

Cinemateca Portuguesa
70 anos Cinemateca

Nesta sessão, a Cinemateca põe-se a si própria em questão, ouvindo personalidades da cultura portuguesa, e não só, que acompanharam e acompanham a nossa prática. O que é e para que serve uma cinemateca nacional? Como se olha hoje a história da Cinemateca Portuguesa? Como são vistos o seu papel atual e os seus desafios futuros? Pela nossa parte, não deixaremos de voltar a enunciar o que pensamos ser decisivo na nossa missão, incluindo o que consideramos identitário e perene e aquilo em que há que responder aos desafios de um tempo específico (área em que voltaremos a abordar as questões maiores da mutação tecnológica no contexto industrial e o papel da Cinemateca no país). Mas este vai ser um momento de escuta e de conversa livre, extensível a todos os participantes que connosco queiram debater esta matéria e aquelas que considerem afins. Se tem acompanhado o nosso percurso, se tem uma ideia sobre ele, se tem sugestões ou perguntas que nos queira dirigir, venha conversar connosco!

 

Mais informações sobre a programação podem ser consultadas aqui. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Cinemateca Portuguesa ou em bol

 

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