Puncture – A Verdade Escondida, em análise

 

Título Original: Puncture

Realizador: Adam Kassen, Mark Kassen

Elenco: Chris Evans, Mark Kassen

Género: Drama

Lanterna de Pedra Filmes | 2011 | 99 min

Classificação:

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Interessante observar o percurso de “Puncture” até vir parar às salas de cinema portuguesas. Estreado do outro lado do Atlântico a 23 de setembro do ano passado, só passados dez meses é que o podemos finalmente ver em terras lusas, e diga-se: é muito bem-vindo.Uma obra que se foca na vida de um bem-sucedido advogado que explora continuamente o mundo da toxicodependência.
Chris Evans é Mike Weiss, sócio de Paul Danziger (Mark Kassen), e juntos têm uma sociedade de advogados. Mike, por ser um dependente de substâncias psicotrópicas, todos dias lida com os graves problemas de saúde intrinsecamente relacionados com seringas. O vírus da hepatite e o HIV estão sempre presentes. A sua exímia preocupação com a reutilização de seringas leva-o a descobrir um homem que foi inventor de uma seringa não reutilizável que pode salvar cerca de 800 mil americanos por ano da morte precoce. Contudo, a vida de Mike nunca é facilitada. Por detrás dos hospitais e cargos políticos, reside um grave problema de corrupção que movimenta milhares e milhares de dólares e onde ‘dá jeito’ que morra gente em função de manter a seringa reutilizável no mercado.
Toda esta história ganha contornos ainda mais preocupante por sabermos de antemão que se trata de um relato verídico. Somos diariamente confrontados com problemas económicos graves e corrupção política que jamais termina, mas “Puncture” encarrega-se de nos mostrar que, no fundo da desgraça humana, ainda há gente capaz de trocar o dinheiro pela vida do próximo. Um retrato fiel da sociedade em que vivemos que, apesar de a sua narrativa se situar em 1965, possui uma atualidade ímpar.

Mike transporta no seu corpo um papel extremamente duro. É a fonte de esperança, esforço e dedicação. No fundo, representa todos aqueles que nos dias de hoje lutam contra o sistema. Sistema que continua a permitir e a colaborar para que milhares de crianças em África insistam em trabalhar diariamente na ‘apanha da seringa’, tarefa essa que origina a reutilização de seringas e no contaminar da saúde frágil daquele continente. Chris Evans é quem mais contribui para que “Puncture” seja o mais eficaz possível. Depois de deambular entre blockbusters(“Capitão América – O Primeiro Vingador”“Os Vingadores”) e alguns filmes independentes (“London”,“Scott Pilgrim Contra o Mundo”), Chris Evans tem talvez aqui a sua melhor prestação da carreira, num papel que tem tanto de frio, distante e angustiante, como tem de esperançoso, corajoso e profundo. Uma composição perfeita de um consumidor de drogas pesadas que luta contra si mesmo.

“Puncture”, apesar da sua realização segura e sem grandes defeitos, fotografia pálida que retrata bem a temática e banda sonora quase inexistente (o que joga bem com o seu carater frio), vale muito mais pela história sufocante que narrada. No final, é garantido que ninguém lhe será indiferente.

 


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