Roberto Rossellini em destaque nos Canais TVCine

A partir do dia 23 de junho os Canais TVCine vão exibir algumas das obras mais conceituadas de Roberto Rossellini, o mestre do neorrealismo.

Mestre do cinema italiano neorrealista de excelência, Roberto Rossellini continua a ser apontado como um dos revolucionários no mundo da sétima arte, cuja influência, a nível mundial, permitiu a eclosão de inovadores correntes cinematográficas, entre elas a Nouvelle Vague francesa. Em cada um dos seus filmes, o realizador pretendia capturar nada mais do que realidade, esse todo.

Depois de a Itália se libertar da ditadura fascista de Benito Mussolini, Roberto Rossellini apresentou ao mundo o seu inigualável Roma, Cidade Aberta (1945), manifesto rotulado como um dos pontos altos da história do cinema, cujo realizador Martin Scorsese é também admirador.

Roberto Rossellini

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O canal TV Cine 2, recorrendo o talento e o peso cultural do cineasta preparou, já a partir de quinta-feira 23 de junho, um especial que se prolongará até 7 de julho, e sempre às 22h.

O Ciclo Clássicos: Roberto Rossellini começa com O Amor (1948), um filme com duas partes. Na primeira uma mulher espera, em desespero, que o homem que ama volte a telefonar. Assistimos a um monólogo descontrolado de uma mulher perdida de amor. Na segunda parte uma humilde camponesa encontra um belo viajante que acredita ser São José. Na sua cabeça a mulher planeia logo engravidar de uma criança que virá a ser Jesus Cristo.

Segue-se a 30 de junho, A Máquina de Matar Pessoas Más (1952), em que um cenário irreal começa a ser construído, passo a passo, até ficar pronto para receber as personagens e a história. Um fotógrafo de uma cidade perdida descobre que, através de um simples clique, consegue fazer desaparecer quem está à frente da máquina. É uma oportunidade ouro de exterminar os maus e corruptos, mas o que acontece quando este poder começa a atingir os bons cidadãos?

O último filme a ser exibido é Europa’51 (1952), com sua ‘musa’ Ingrid Bergman (com quem Rossellini, depois de extremamente mediático romance extra-conjugal, viria a casar e a ter três filhos, entre elas a também atriz Isabella Rossellini, de Blue Velvet. O filme conta a história de uma mulher habituada a viver num ambiente de luxo e que perante a morte do seu filho começa a repensar os seus valores e a sua ética, chegando à conclusão que o mundo é um local cruel e injusto, que o homem é explorado pelo homem.

Em todos eles, Rossellini procurou contrariar a exigência de uma planificação clássica, ou seja, de um argumento redigido à priori. Na verdade, Roberto Rossellini preferia redigi-lo no local de rodagem, que era, na sua maioria, em exteriores e não nos estúdios como o cinema de Hollywood tinha imposto. Muitas vezes o realizador escolhia, para certos desempenhos, atores não-profissionais, como o caso de Anna Magnani, atriz de Roma, Cidade Aberta, que viria a tornar-se a primeira grande vedeta feminina do cinema italiano.

A partir das suas histórias pessoais, Rossellini moldava um processo contínuo de criação, como se todos os filmes fossem falsos planos-sequência, facilmente admirados na memória popular e pelos mais críticos.

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