Spotlight | As produtoras que fizeram história nos Óscares

Apesar de Spotlight ter apenas arrecadado dois galardões na noite dos Óscares, um deles foi para Melhor Filme, uma honra que tem um lugar especial na história da Academia e deste prémio.

Muito se falou de diversidade racial na noite dos Óscares, mas há que salientar que o tema de justiça social não se resume somente a essa questão. Poderemos mesmo dizer que não se resume à redutora lógica binária em que apenas existem brancos e pretos, sendo que a Academia também raramente reconhece talentos latinos, árabes, asiáticos, nativo americanos, etc. Uma dessas questões da justiça social é a da igualdade entre os géneros, uma questão que teve muito mais exposição nos Óscares anteriores à cerimónia deste ano, quando Patricia Arquette utilizou o seu tempo de discurso para apontar o dedo a quem ainda defende a desigualdade nos salários entre homens e mulheres.

Este ano, a representação feminina na Academia não teve um triunfo tão grande como a vitória de Kathryn Bigelow em 2010 ou o apelo à ação de Arquette, mas há que salientar tanto a vitória e maravilhoso discurso da cineasta paquistanesa Sharmeen Obaid-Chinoy, que se tornou a primeira mulher a ganhar por duas vezes o Óscar de Melhor Curta-metragem Documental, como o triunfo de Spotlight na categoria de Melhor Filme.

Quem tiver visto o grande vencedor da noite de domingo, poderá estranhar tal destaque. Apesar de ser um brilhante filme, a representação feminina parece na sua narrativa resumir-se exclusivamente a Sacha Pfeiffer, membro da equipa titular de jornalistas, e algumas das esposas de outras personagens masculinas secundárias. No entanto, por detrás das câmaras, Spotlight foi produzido por uma equipa de quatro produtores, entre eles duas mulheres.

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Blye Pagon Faust e Nicole Rocklin entraram, com esta vitória, no minúsculo grupo de dez mulheres que já ganhou este prémio de Melhor Filme na história da Academia. As outras vencedoras arrecadaram esta honra por filmes como A Golpada, Miss Daisy, Forrest Gump, A Paixão de Shakespeare, O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei, Crash – Colisão, Estado de Guerra e 12 Anos Escravo.

Spotlight, aliás, marca a primeira vez que um filme com mais do que uma mulher como produtora arrecada a máxima honra dos Óscares. Seria de pensar que com 88 anos de história, isto já tivesse acontecido antes, quando se vê, quase todos os anos, grupos de múltiplos produtores ganhar o galardão, mas esta é uma estreia. Spotlight é também uma estreia para Faust, que tem este filme como o seu primeiro crédito como produtora, marcando o início da sua atividade nesta área com uma invejável glória.

Pelo que se vê, Spotlight não é somente o favorito filme da Academia e um dos melhores filmes de 2015, como também é um histórico triunfo para a igualdade de géneros no cânone de uma das mais celebradas instituições de Hollywood.

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