Stanley Kubrick nunca mais perdoou Jack Nicholson depois desta mentira
Há momentos em que até os génios, como Stanley Kubrick, perdem a compostura e Jack Nicholson sabe exatamente como provocá-los.
Stanley Kubrick era um homem de hábitos meticulosos, de takes infinitos e de uma exigência que podia esgotar até o ator mais resistente. O realizador de “2001: Odisseia no Espaço” não era conhecido por ser flexível – muito menos por tolerar insubordinação. Mas quando Jack Nicholson entrou em cena, as regras do jogo mudaram. O resultado? Um momento tão explosivo quanto qualquer cena de “The Shining“.
A colaboração entre Stanley Kubrick e Nicholson devia ser uma parceria lendária, e foi – mas não sem os seus momentos de tensão. O filme que os uniu, “The Shining”, tornou-se um marco do terror psicológico, mas por trás das câmaras, a dinâmica entre o realizador e a sua estrela foi tudo menos sobrenatural. Foi humana, imprevisível e, em certos momentos, perigosamente próxima de uma rutura.
O dia em que Nicholson desafiou Stanley Kubrick
Tudo começou com uma queixa comum em sets de filmagem: Nicholson alegou dores nas costas e pediu alguns dias de descanso. Stanley Kubrick, apesar da sua reputação de perfeccionista implacável, concordou. Afinal, um Jack Torrance com lombalgia não serviria para grande coisa. Mas o que o realizador não esperava era que o seu protagonista fosse apanhado noutro tipo de performance – uma que não envolvia machados nem corredores assombrados.
No dia seguinte, enquanto a equipa técnica aproveitava uma pausa para assistir ao Wimbledon, Stanley Kubrick apareceu de surpresa. E foi então que a cena se desenrolou: lá estava Nicholson, sorridente, sentado nas bancadas do torneio, com uma jovem de cada lado. A imagem, transmitida para milhões de espectadores, não passou despercebida ao realizador. “Ele enlouqueceu”, recorda Bob Tanswell ao The Guardian, eletricista do filme. Stanley Kubrick, que raramente perdia o controlo, viu a sua paciência evaporar-se num instante.
Nicholson, claro, não era nenhum ingénuo. Sabia que Kubrick detestava perder tempo – e ainda mais detestava ser enganado. Mas o ator, conhecido pelo seu charme irreverente, talvez tenha subestimado a fúria silenciosa do realizador. O incidente não chegou a parar a produção, mas deixou uma marca: a partir daí, Stanley Kubrick apertou ainda mais o cerco, as cenas repetiram-se ainda mais vezes, e Nicholson aprendeu que, no universo do perfeccionismo obsessivo, não há lugar para dias de folga falsos.
Quando o método (quase) destrói o mestre
Stanley Kubrick era um génio, mas também um tirano – e Nicholson, por mais rebelde que fosse, não era imune ao seu controlo. Enquanto Shelley Duvall chorava entre takes, Nicholson enfrentava um tormento diferente: sanduíches de queijo. O realizador insistia em servir-lhe o alimento que o ator detestava, numa tentativa calculada de alimentar a irritação que Jack Torrance transbordava no ecrã. Era tudo pelo realismo, claro. Mas até os métodos mais frios têm limites.
O episódio de Wimbledon foi só a gota de água. Stanley Kubrick, que já trabalhava com orçamentos e prazos esticados ao máximo, via cada dia perdido como um pequeno fracasso. E Nicholson, ao ser apanhado em flagrante – não a recuperar as costas, mas a disfrutar da vida – desafiou não só a autoridade do realizador, mas a própria lógica do seu processo criativo.
Ainda assim, “The Shining” sobreviveu ao caos – e Nicholson entregou uma das performances mais icónicas da história do cinema. O preço? Dizem que, depois da filmagem, os dois homens nunca mais trabalharam juntos. Stanley Kubrick seguiu em frente, Nicholson também, mas o fantasma daquele verão no Overlook (e em Wimbledon) permaneceu. Será que valeu a pena? O filme diz que sim. A história, talvez. Mas Nicholson, se pudesse voltar atrás, teria mesmo fingido aquela dor nas costas?
No lugar de Nicholson, terias arriscado a ira de Stanley Kubrick por um dia de sol e torneios de ténis? Deixa a tua opinião nos comentários.