© 2025 Colleen E. Hayes / Netflix, Inc.

Temos um Infiltrado (Netflix) – Primeiras impressões sobre nova T2

Estreou na passada quinta-feira 20 de novembro na Netflix a segunda temporada da série de comédia “Temos um Infiltrado” (2024-, Michael Schur) quase exatamente um ano depois da primeira temporada que estreou a 21 de novembro de 2024.

Trata-se de uma série de comédia protagonizada por Ted Danson que interpreta um professor recém-reformado que, após a morte da mulher, aceita um novo trabalho enquanto detetive privado. Assim, na primeira temporada, Charles Nieuwendyk infiltra-se num lar de idosos de São Francisco para investigar o roubo de um colar. Agora, Charles está de volta e o seu novo caso traz um regresso ao passado.

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Qual a narrativa de Temos um Infiltrado?

A Man on the Inside Streaming Netflix
©Netflix

“Temos um Infiltrado” aborda a história de Charles Nieuwendyk (Ted Danson), um professor de engenharia recém-reformado e recém viúvo. A sua filha Emily (Mary Elizabeth Ellis) encoraja-o a procurar uma distração pois acha que a vida do seu pai está demasiado presa pela morte da sua esposa, já que o sente bastante isolado. Com um dos seus passatempos de guardar pequenos recortes de jornais, Charles encontra um anúncio que o deixa intrigado: uma agência procura um idoso para uma investigação privada. O objetivo: desvendar o roubo de um colar no lar de Pacific View em São Francisco. Um dos requisitos da função é saber mexer nas novas tecnologias, algo para o qual poucos idosos estão aptos. No entanto, Charles está e é contratado para o trabalho.

Depois de ter fingido ser um novo residente idoso no lar de São Francisco, a temporada 2 de “Temos um Infiltrado” abre com Charles fatigado por estar sempre a investigar casos de adultério. Tudo muda quando o computador do Presidente da Universidade Wheeler é roubado. Esse computador contém informação confidenciais que podem pôr em causa uma doação milionária à Universidade. Esta é a oportunidade de Charles ganhar um caso interessante sem grande necessidade de se adaptar ao papel. Assim, bastará a Charles voltar a ser um professor de engenharia para se infiltrar na Universidade e investigar o caso.

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“Temos um Infiltrado” é uma série baseada no documentário chileno “El agente topo” (2020, Maite Alberdi). Nomeado ao Oscar de melhor documentário, o filme tem um infiltrado num lar de idosos como centro da narrativa mas, nesse caso, ele investiga um possível caso de maus-tratos a idosos.

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Um início com impacto para pouco depois esmorecer…

Temos um Infiltrado T2E1
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O regresso da série de comédia da Netflix “Temos um Infiltrado” vinha com alguma expectativa depois de uma primeira temporada onde houve bastante profundidade no tratamento das personagens, sobretudo no que ao lar de Pacific View dizia respeito. Não se tratou de uma simples comédia leve e fácil, também houve lugar para refletir de forma profunda sobre o amor, o abandono, a velhice… Se vamos continuar a ter uma temporada 2 tão profunda quanto a temporada 1, deixa-me dúvidas. No entanto, como só vi o 1.º episódio e só estou a dar as primeiras impressões, pode ser que me surpreenda.

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A nova temporada abre num bar onde Charles presta atenção ao encontro de um casal. Quando o homem sai momentaneamente, Charles pergunta à mulher se lhe pode pagar uma bebida. Não, Charles não lhe quer pagar uma bebida porque se quer envolver com ela mas sim porque sabe que o namorado dela está a trair a sua mulher e que ela é a amante.

Esta cena de abertura traz uma encenação e jogo de personagens muitíssimo bem conseguida e onde nos parece, por um lado, que Charles seguiu em frente no luto e, por outro lado, que Charles tem aqui um caso de investigação curioso. No entanto, é apenas um caso de traição. Independentemente da ‘fraqueza’ do caso, toda a cena está magnificamente bem feita para nos dar logo interesse nestes novos episódios. O bar (quase) vazio, a iluminação cuidada em certos pontos e não dispersa pelo bar, a tensão da cena, tudo está a trazer um grande significado a um caso de investigação ‘banal’.

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Uma segunda cena com interesse narrativo mas esteticamente fraca

Na segunda cena, na agência Kovalenko, quando Charles mostra a Julie (Lilah Richcreek Estrada) as fotografias que tirou do caso, o cuidado estético parece que desapareceu do nada. Porquê? Charles super iluminado pela luz branca da janela e, à secretaria, a luz está novamente desequilibrada com Charles mais escuro que Julie… No entanto, o branco extremamente destacado da janela continua lá e a contaminar a cena sem qualquer razão…

Entretanto, entram na agência o Presidente e Reitora da Universidade Wheeler que vêm dizer que o computador dele foi roubado e que vale 400 milhões de dólares. Tudo isto porque o computador contém informações confidenciais sobre um ex-aluno da Universidade que pretendia fazer um grande donativo à mesma.

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Pouco depois, com a apresentação do rico ex-aluno Brad Vinick (Gary Cole), os criadores da série recorreram ao grafismo da CNN para simular uma entrevista com ele. A verdade é que até esta entrevista tem mais qualidade estética do que tinha a cena no escritório. Se a imagem televisiva é sempre muito uniforme, o plano de Brad não é assim tão televisivo quanto isso, algo que desequilibra a própria série.

Charles fica cativado pelo caso porque acha, claramente, que é um trabalho interno e, assim, regressa à Universidade para voltar a ser professor de engenharia.

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Preparação-leitura-observação-perseguição

Temos um Infiltrado T2E1
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Após o genérico de “Temos um Infiltrado”, Charles chega à Universidade para descobrir quem foi o responsável do roubo e que quer sabotar a doação de Brad Vinick. Assim, Charles volta a fazer algo que foi muito bem pensado na temporada anterior: conhece os diferentes professores da Universidade enquanto narra tudo para um gravador para que Julie acompanhe o desenrolar da investigação e potenciais suspeitos. Vai, assim, fazer como ele próprio diz PLOP: prepação-leitura-observação-perseguição.

Estas narrações são, efetivamente, uma das mais-valias da série e, felizmente, continuam nesta nova temporada (ainda que para aborrecimento de Julie). A divertida narração de Charles com detalhes úteis misturados com detalhes ridículos é extremamente deliciosa e o ponto alto de comédia em “Temos um Infiltrado”.

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Paralelamente, Julie é chamada de volta a Pacific View porque Didi (Stephanie Beatriz) quer que ela lhe veja o historial dos compradores que se vão fundir com a empresa. O regresso de Pacific View pode vir a ser uma mais-valia para equilibrar esta (aparentemente) difícil temporada. Será, inclusive, interessante rever alguns dos amigos que Charles fez no lar. No entanto, para já, apenas assistimos ao regresso de Didi.

Entretanto, Charles conta o novo trabalho que tem em mãos à sua filha e genro. Esse momento serve também para que o casal recorde o momento em que se conheceram. Algo que cai um pouco de para-quedas na narrativa. No entanto, é uma conversa familiar que traz um pequeno ‘descanso’ ao espectador.

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O novo interesse romântico de Charles?

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Na noite em que a Universidade dá as boas-vindas a Brad Vinick, Charles conhece uma nova professora – Mona Margadoff (Mary Steenburgen), de Teoria Musical – que irá ser, claramente, o seu novo interesse amoroso. Em termos narrativos, foi muito bem pensada a introdução bastante mais tardia no episódio que não durante o PLOP de Charles. Assim, o impacto é, portanto, bastante mais significativo pois torna Mona uma personagem com maior destaque. Ainda para mais quando ela ‘abandona’ Charles sem terminar a conversa com ele tornando-se, assim, uma personagem peculiar que desperta interesse no espectador.

Já perto do final do episódio, um retrato de Brad Vinick é igualmente roubado com a ameaça do ladrão de que não devem aceitar dinheiro dele. No exterior, o quadro está já a arder enquanto ouvimos uma música de suspense algo desproporcional para o efeito.

Algumas conclusões de Temos um Infiltrado

A Man on the Inside T2E1
© 2025 Colleen E. Hayes / Netflix, Inc.

O regresso de “Temos um Infiltrado” parece-me, para já, seguir uma narrativa bastante mais frágil que na temporada 1. Contudo, há uma progressão positiva em Charles. Se, na primeira temporada Charles ultrapassava a luta da perda da mulher com novos amigos, agora vai ter um novo interesse amoroso. Também Mona perdeu o marido há pouco tempo e a sua relação com Charles pode vir a ser bastante interessante.

O caso investigado por Charles em Pacific View despertou-me bastante mais interesse do que este novo na Universidade Wheeler. Parece, inclusive, faltar humanidade neste caso onde o dinheiro é o principal problema. No entanto, vou esperar para ver… Pode ser que melhore nos próximos episódios.

Em termos técnicos, este episódio foi algo desequilibrado. Se, por um lado, a narrativa começa e termina de forma ‘potente’, várias outras cenas pelo meio ficam um pouco vazias. Além disso, parece-me não ter havido um grande cuidado na fotografia do episódio, onde temos várias cenas mal iluminadas: umas com demasiada luz e outras um pouco na penumbra sem necessidade.

Temos um Infiltrado T2E1

Conclusão

  • “Temos um Infiltrado” está de regresso à Netflix com a segunda temporada para um novo misterioso caso que envolve uma generosa doação a uma Universidade.
  • Este início da nova temporada parece deixar cair um pouco a qualidade narrativa e técnica que a primeira temporada teve. Parece faltar profundidade à narrativa e personagens. Esperemos que isso venha a ser melhorado ao longo da temporada de 8 episódios.
Overall
6/10
6/10
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