Terapia a Dois, em análise

 

Título Original: Hope SpringsRealizador: David FrankelElenco: Tommy Lee Jones, Meryl Streep, Steve CarellGénero: Comédia, Drama

PRIS | 2012 | 100 min

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Se a memória cinematográfica não falha, nunca um filme conseguiu ser tão doce a contar a história amarga de um casal em crise de meia-idade. Um conto encantador sobre as amarguras da vida e da despersonalização do conceito de amor. Uma “dramédia” cruamente bela sobre uma realidade a que por vezes somos alheios, mas que está presente nesta sociedade mais do que aquilo que possamos imaginar.

Com um título nacional um pouco redutor das suas reais competências, colando-o demasiado aos estereótipos triviais de uma comédia romântica, é bom dizer que “Terapia a Dois” é bem mais do que isso. É um retrato das relações amorosas que caíram na vulgaridade, uma pintura que conjuga capacidade de o amor se desvanecer e a luta inglória de uma mulher que quer ser novamente feliz numa vida rotineira, sem graça.

Kay (Meryl Streep) e Arnold (Tommy Lee Jones) vivem um amor apagado. São um casal que outrora foi feliz, mas gozam de uma relação conturbada, sem contactos físicos, sem o mais elementar gesto de carinho – o beijo – e dormindo mesmo em quartos isolados. O realizador David Frankel transporta este casal para uma terapia matrimonial através de um argumento tão despretensioso que se traduz num singelo ato de bem contar uma história. A evolução narrativa é gradual, nunca havendo variações bruscas no fio condutor, oscilando facilmente entre a comédia ligeira e os mais complexos dramas intrinsecamente relacionados com os problemas relacionais das personagens principais.

Somos levados a crer que há casamentos que navegam para situações idênticas tal é o pormenor com que nos são expostos certos pontos. Crises que nascem do nada, que se apoderam das relações e que instalam a solidão. E este é um aspeto importante na forma como nos são apresentados os protagonistas: Kay é uma mulher infeliz que admite preferir viver só sozinha do que só na solidão do seu casamento.

A ajudar a composição da fita, temos dois espantosos desempenhos de Meryl Streep e Tommy Lee Jones. Se a primeira consegue captar toda a essência da sua personagem – olhar solitário e cabisbaixo, gestos ternurentos e sorriso que transmite a profunda vontade de mudar de vida – o segundo é capaz de, com expressões mais austeras, típicas de um homem que não aceita o estado da sua relação, e tenuidades discursivas ter o condão de transformar o rumo da história num abrir e fechar de olhos.

Recorre por diversas vezes ao cliché e resoluções fáceis, o que lhe retira em certa altura alguma credibilidade, e opta, no fim, por exagerar na repetição de fórmulas, mas “Terapia a Dois” é um drama muito competente e uma comédia tão divertida ao ponto de conseguir avançar todas essas adversidades.

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