The Flash | Primeira temporada em análise

 The Flash não é propriamente uma má série, mas também não é uma grande série, apesar de gozar de um nível considerável de aclamação popular. É  capaz de proporcionar algum entretenimento desprovido de conteúdo intelectual assim como bastante drama adolescente, mas não oferece muito mais além disso.

The Flash é essencialmente um spin-off de Arrow. Assim como Arrow, é uma criação do canal CW e, como tal, possui algumas características típicas das séries produzidas por tal canal,  podendo-se observar claramente uma fórmula que mistura adolescentes e jovens adultos atraentes, uma tendência a dramas forçados, triângulos amorosos e muita ação. Como tal, The Flash encaixa na perfeição no universo estabelecido por Arrow. Portanto, embora exista uma diferença considerável entre ambos em termos de tom, as duas séries não só partilham personagens como também os traços de paternidade que lhes confere o canal CW.

The Flash e Arrow

A primeira temporada de The Flash lida com o início do mito do velocista escarlate, como aliás não poderia deixar de ser. Embora o homem por detrás da máscara, Barry Allen, já tivesse sido introduzido na segunda temporada de Arrow, o super-herói ainda não tinha sido criado e essa era a missão principal da primeira temporada da nova série.

Ao contrário do que tinha acontecido em Arrow, os guionistas de Flash não perderam tempo em formar uma versão da personagem praticamente completa. Isto é, após o primeiro episódio o Flash já está estabelecido com um fato definitivo, uma equipa de suporte bem montada, uma backstory clara e poderes bem definidos. Em realidade, o primeiro episódio de The Flash é essencialmente um mini-filme, comparável em ambição, contexto e estrutura aos primeiros filmes de sagas cinematográficas como Batman, Super-Homem, Thor, Homem-Aranha, Iron Man ou Capitão América. E a verdade é que, ignorando as óbvias desvantagens que um só episódio de televisão tem em relação a um filme no que diz respeito a duração e orçamento, o primeiro episódio de The Flash não esteve muito abaixo da média de filmes de super-heróis no que diz respeito à qualidade.

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Infelizmente, o resto da temporada não correspondeu às expectativas geradas por um ótimo primeiro capítulo. A história principal da temporada desenrolou-se a um ritmo demasiado lento, o que em parte é culpa do elevado número de episódios da temporada. 23 episódios de quase uma hora são demasiados e, invariavelmente, obrigam os escritores a preencher o tempo com histórias menores e cenas intranscendentes. Mesmo assim, é incompreensível como, tendo tanto tempo para contar uma história, os criadores da série não foram capazes sequer de esboçar um final para o arco da primeira temporada que acabou de forma confusa e com um cliffhanger atroz.

As histórias de viagens no tempo são extremamente frequentes no cinema e na televisão e este subgénero da ficção científica parece ter sido veemente adotado pelos criadores de histórias de super-heróis do pequeno e grande ecrã. O problema deste tipo de história é que frequentemente acaba por levar a um mar de contradições e lacunas nos argumentos e a primeira temporada de The Flash não é certamente uma excepção a esta regra. O finale só piorou a confusão narrativa tecida ao longo dos 22 episódios precedentes e o mais provável é que nem mesmo a segunda temporada consiga resolver completamente os diversos problemas lógicos gerados pela história da primeira temporada e magnificados pelo seu finale.

The Flash finale

Nos filmes e séries de super-heróis, o herói e o ator que o interpreta pode constituir a diferença entre fracasso e sucesso. O Barry Allen desta série até poderia ser um herói carismático, não fosse por Grant Gustin, o ator que o interpreta. Gustin não tem nem a presença física nem o carisma de um super-herói e isso repercute na qualidade da série. Gustin tem também uma tendência a ser melodramático e uma qualidade irritante-juvenil que encaixa bem numa série do CW e evoca o seu passado numa série como Glee. Não é que Gustin não seja um bom ator, simplesmente não é a pessoa adequada para interpretar um verdadeiro herói como Barry Allen.

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Tom Cavanagh, por outro lado, faz um ótimo trabalho interpretando o grande vilão da primeira temporada. The Flash continua assim a tradição de filmes e séries de super-heróis que contam com um vilão mais interessante e carismático do que o herói, tal como a trilogia do cavaleiro negro de Nolan ou a excelente Daredevil.

The Flash Barry Allen e Harrison Wells

Ficou claro desde o primeiro episódio que esta série conta com um orçamento considerável, o que permite aos argumentistas criar cenas visualmente espetaculares de forma frequente. Os efeitos especiais são  bastante aceitáveis embora não estejam à altura de um The Avengers ou de um Thor. É, portanto, uma série razoavelmente bem conseguida desde o ponto de vista visual. No entanto, The Flash vê-se como uma Arrow, uma Agents of S.H.I.E.L.D. ou uma Gotham, ou seja, como um mero produto de entretenimento de massas. Falta-lhe aquele elemento artístico que está presente nas melhores séries da atualidade. Esse elemento artístico raramente se encontra nas “casas” habituais das séries de super-heróis como Fox, ABC, CBS ou, como neste caso, CW. Normalmente esse “algo mais” que transforma uma série de televisão em arte só se encontra em canais pagos como HBO, AMC ou FX. Encontra-se também na Netflix, tal como ficou demonstrado com a já mencionada Daredevil.

The Flash Cisco

Conclusão

Não há nada de terrivelmente errado com a nova série da CW. De fato, a primeira temporada de The Flash é bastante melhor do que a temporada mais recente de Arrow (assim como as anteriores). No entanto, um herói pouco carismático e um argumento fraco não permitem a esta série ultrapassar a barreira de qualidade que separa as séries meramente razoáveis das grandes séries da televisão atual.

The Flash

Prós e Contras:

+ Primeiro episódio

+ Bons efeitos especiais

– Argumento fraco

– Herói pouco carismático

 

Nota: 6/10  (Razoável)

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