The Phoenician Scheme, a Crítica | Wes Anderson traz o seu estilo próprio até ao Festival de Cannes
Wes Anderson foi muito inteligente na sua realização. Ao encontrar um estilo próprio, que o distingue e automaticamente sabemos que é o seu filme, o realizador manteve sempre essas características e ganhou o público. Tendo, assim, um estilo muito específico, há quem odeie e há quem adore. Mas acabou por encontrar um público enorme, que o segue fielmente. Nesse sentido, há sempre uma grande expectativa para o próximo filme de Wes Anderson. A sua mais recente obra é “The Phoenician Scheme”, que estreou em Cannes a 18 de maio. Este é o quarto filme que o realizador apresenta no Festival de Cannes. O primeiro foi “Moonrise Kingdom”, que abriu o festival em 2012. Por lá também passou “The French Dispatch” e “Asteroid City”.
“The Phoenician Scheme” acompanha, então, o milionário Zsa-zsa Korda que, sofrendo várias tentativas de assassinato, decide apontar a sua única filha, que é freira, como herdeira da sua fortuna.
Os dois embarcam, assim, por uma jornada para conquistarem a confiança um do outro, enquanto tentam construir um novo negócio e encontrar o autor das tentativas de assassinato. O filme estreia em Portugal no dia 29 de maio, mas Wes Anderson já se antecipou, anunciando, durante a Press Conference, no Festival de Cannes, que está a trabalhar num novo filme.
A inspiração do Novo Filme de Wes Anderson
No início do filme, Zsa-zsa Korda, interpretado por Benicio del Toro, é um homem pouco empático, rude e o seu único foco é o dinheiro. A sua personagem tem um grande desenvolvimento durante o filme, principalmente, devido à sua filha, papel de Mia Threapleton.
Durante a conferência de imprensa de “Phoenician Scheme”, Wes Anderson partilhou que esta personagem é inspirada no seu sogro, que tinha uma presença muito forte. O realizador descreveu-o como sendo um “leão”, um Alpha, algo que admirava.
O estilo de Wes Anderson
Como referido anteriormente, o realizador tem um estilo muito próprio, no que toca às suas histórias e, principalmente, na sua estética. Como sempre, o filme está lindíssimo do ponto de vista visual.
É uma lufada de ar fresco, algo que nos traz felicidade e diversão. Esta é a primeira vez que Wes Anderson trabalha com o cinematógrafo nomeado pela Academia, Bruno Delbonnel. Durante muitos anos o realizador trabalhou com Robert Yeoman. Ainda assim, esta nova dupla também é um sucesso.
A cena inicial está brilhante. Um genérico arquitetado ao mais ínfimo detalhe que, segundo Benicio del Toro, o fez ficar dentro de uma banheira durante sete horas. Para atingir o resultado que vemos na tela, o realizador gravou em Slow Motion e pediu aos atores que tentassem fazer tudo o mais depressa possível.
Um dos regressados é Alexander Desplat, que já está habituado a compor para os filmes do realizador. Curiosamente, a sua filha, Antonia Desplat, que é atriz, entrou no filme, com um pequeno papel, que não conteve falas
Em conversa com a Deadline, a atriz francesa partilhou que a produção do filme é muito rigorosa e que, até para um Cameo como o dela, a equipa do guarda-roupa faz uma peça à medida.
Por fim, outro elemento que contribui para o destaque de Wes Anderson é a sua narrativa e os seus diálogos. Os seus filmes são pequenos, mas têm um pacing muito rápido, que obriga a audiência a estar com extrema atenção.
Esse diálogo rápido, com muitas personagens a surgir e histórias a cruzarem-se, por vezes, torna o filme, ou os planos de Zsa-zsa Korda algo confusos.
Michael Cera é a surpresa de Phoenician Scheme
Os filmes de Wes Anderson são sempre formados por grandes atores de sucesso e novos talentos em ascensão. Benicio del Toro está ótimo no seu papel, como é habitual. Mia Threapleton, de apenas 24 anos, está sempre sob um grande escrutínio, por ser filha de Kate Winslet.
No entanto, a atriz mostra o seu valor ao interpretar a enigmática freira Liesl em “Phoenician Scheme”. Uma personagem muito direta e frontal, com uma expressão indecifrável. Mas a grande surpresa do filme é Michael Cera.
O ator não é nenhum novato na comédia, mas teve no novo filme de Wes Anderson, aquela que deverá ser a sua melhor interpretação. O ator mostra o seu range, com momentos muito cómicos, sotaques complexos e diálogos exigentes.
Durante a conferência de Imprensa, o ator foi várias vezes elogiado, e o seu colega de elenco Benedict Cumberbatch, chegou a partilhar que a parceria entre Michael Cera e Wes Anderson é um perfect match. E o realizador mostrou a sua vontade de trabalhar mais vezes com o ator.