The Vampire Diaries, a série completa em análise
Durante oito anos e com alguns altos e baixos, The Vampire Diaries aqueceu os corações dos fãs do sobrenatural.
Desde 2009, a aposta de The CW juntou uma quantidade significativa de seguidores apaixonados ou não por vampiros. Parecia mais uma série adolescente cuja “moda” iria passar, mas era muito mais do que isso; porque a produção, baseada nos livros de L. J. Smith, tornou-se muito mais do que uma história sobre as criaturas de dentes afiados, e os fãs foram conquistados pela forma como retratava amor, perda, amizade.
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A sua sinopse informou-nos que iria contar a história de uma rapariga adolescente, na cidade de Mystic Falls, que estaria dividida entre dois irmãos, eles vampiros, e bem diferentes um do outro. Essa rapariga, Elena Gilbert (interpretada pela bela Nina Dobrev), tinha acabado de sofrer uma enorme perda na sua vida, a dos seus pais. E esses dois irmãos, Stefan e Damon Salvatore (interpretados respetivamente por Paul Wesley e Ian Somerhalder), abriram o seu mundo para o desconhecido, e deram-lhe uma nova vida com novas aventuras e novas possibilidades.
O mundo de Mystic Falls esteve durante oito anos recheado de outras criaturas sobrenaturais, como Lobisomens, Híbridos, Bruxas, Vampiros Originais, Doppelgangers, Viajantes, e nesta última temporada, Sirenes e até o próprio Diabo (!), que deram à série mais conteúdo e trouxeram novos desafios aos protagonistas.
Outras personagens se foram tornando centrais, e muitas, mesmo muitas, foram perdidas pelo árduo caminho. Caroline Forbes e Bonnie Bennett, as melhores amigas de Elena, rapidamente tomaram papéis centrais nas narrativas e apelaram aos fãs com a sua resiliência e capacidade de sacrifício. Matt Donovan tornou-se o humano mais indispensável da cidade, juntamente com Alaric, que apesar de não estar presente desde o início, e de ter chegado a ser vampiro (esta série de facto deu muitas voltas), esteve sempre presente para os seus amigos.
E o que os juntou ao longo do tempo foi o sofrimento. Apesar de se basear em criaturas fictícias, The Vampire Diaries tem uma enorme capacidade de mostrar perda e sofrimento humano, de partir qualquer coração, mas também de demonstrar que é parte de viver, e que a família e a amizade nos dão o poder de aprender com isso e de nos tornar mais fortes.
The Vampire Diaries sofreu alguns altos e baixos algo justificados. As primeiras quatro temporadas estavam belissimamente construídas, caindo depois numa rotina que, aliada ao facto de haver uma enorme qualidade em outras séries mais recentes, levou os espectadores a procurar novas emoções. A saída de Nina Dobrev, no final da sexta temporada, foi mais uma flecha que atingiu a série bem no coração, e os fãs das personagens que interpretava assim como da relação Elena-Damon.
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O que se verificou ao longo do tempo foi que, de facto, o triângulo amoroso era mesmo central na narrativa. Quando humana, é por Stefan Salvatore que a jovem se apaixona, e os dois vivem felizes, mas sempre rodeados de sangue e morte. Stefan era o namorado perfeito, mas as circunstâncias levam Elena a aproximar-se cada vez mais do seu irmão, Damon, que é muito mais inconsciente e irresponsável mas, simultaneamente, mais aventureiro e ensina-a a viver de forma mais intensa.
No entanto, a história que estava a ser contada não era a de Elena. Na primeira temporada da série, todos os episódios começavam a seguinte narração de Wesley: “Ao longo de mais de um século, vivi em segredo. Escondendo-me nas sombras, sozinho no mundo. Até agora. Sou um vampiro, e esta é a minha história”. Stefan Salvatore foi sempre uma das personagens centrais, e por pouco que o soubéssemos no início, estávamos mesmo a ver a sua história. Numa luta constante pela sua sede de sangue ao longo de todas as temporadas, no episódio final da oitava, assistimos à triste mas poderosa morte do Salvatore mais novo, que se sacrifica como um herói para salvar toda a cidade e todos os que ama, incluindo o seu irmão. A série terminou com 171 episódios, e Stefan morre com 171 anos. Coincidência?
The Vampire Diaries ensinou a uma geração a celebrar angústia. A aceitar o desconhecido, e deixar-se levar pelos desafios. Era um mundo que, apesar de toda a morte e perigo a ele associados, fazia as pessoas querer ser parte dele. E saber que não vamos voltar a ficar estupefactos com um final de temporada totalmente inesperado, com uma nova misteriosa personagem, ou com um romance novo, traz todo o sofrimento que pode existir de uma ligação a uma série fictícia.
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A verdade é que o final criado por Julie Plec e Kevin Williamson, não agradou a todos. Mas eles tinham uma tarefa ingrata, de dar término a uma série cheia de personagens com complexas relações e conexões entre si, e ao fazê-lo, tinham de apanhar oito anos de história. Acabou por ser transmitido de forma algo apressada porque não havia outra forma de o fazer se queriam contar com Nina para tal. Ficou, sem dúvida, um sentimento de insatisfação pela falta de detalhe, mas todas as personagens tiveram um final adequado a si – e os irmãos Salvatore, esses, provaram que nem séculos de vivência conseguiram destruir a ligação entre si.
“Família primeiro.”
The Vampire Diaries, pela quantidade de fãs que deixa e pelas pessoas que tocou, pelas lições acerca de perda, de dor, de conseguir ver o bom no mundo que nos rodeia mesmo apesar de todo o mal, tem todo o potencial para vir a fazer parte daquele pequeno grupo de séries que as pessoas não esquecem nos anos que se avizinham. Por mais tempo que passe, o triângulo amoroso, a forte relação entre os irmãos, a ligação que existe a todas estas personagens, e a forma como nos podemos refugiar nela em dias mais difíceis, nada disso desaparecerá. E, por isso, na verdade, tal como as suas personagens principais, a sua vida será eterna.
Título Original: The Vampire Diaries
Realizador: Julie Plec, Kevin Williamson
Elenco: Nina Dobrev, Paul Wesley, Ian Somerhalder
The CW | Drama, Fantasia, Terror | 2009-2017
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Ana Rodrigues
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