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Vampire: The Masquerade – Bloodlines, em análise

O mundo de “Vampire: The Masquerade – Bloodlines” estará de volta em março de 2020 mas a realidade é que este título continua no coração de muitos gamers. Uma pérola inacabada que conquistou fãs ferrenhos e que continua a ser um jogo imperdível mesmo quando comparado a títulos mais recentes. Relembramos aqui um título à frente do seu tempo e aquilo que acreditamos ser um dos melhores jogos já lançados apesar dos seus contratempos. Vem connosco nesta viagem ao passado.

O ano era 2001. A jovem Troika Games, com apenas seis anos, revela o lançamento de um título que deixa muitos curiosos. “Vampire: The Masquerade – Bloodlines” foi anunciado como uma espécie de sequela de “Vampire: The Masquerade – Redemption”, ambos inspirados no mundo criado pela White Wolf, “World of Darkness”. Numa altura em que os vampiros estavam na moda, a Troika Games tinha boa fama, tendo produzido títulos aclamados pela sua narrativa. Para além disso, o jogo estava a ser desenvolvido em parceria com a Valve, ajudando a empresa a melhorar o seu Source – o motor usado para dar vida a Half-Life 2. “Bloodlines” tinha tudo para dar certo mas o paraíso durou pouco tempo.

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O facto do jogo estar a ser desenvolvido em cima de um engine em constante mudança começou rapidamente a dar problemas. Apesar de gráficos e uma construção facial ultra-realista para a época, os atrasos eram cada vez maiores e tudo se alastrou quando a Valve foi atacada por hackers, empurrando “Bloodlines” para 2005. Em cima de tudo isto, o produtor largou o projeto, o orçamento estava a acabar, o jogo estava por terminar, e ainda existia a vontade de adicionar um modo multiplayer. O problema do produtor foi resolvido quando David Mullich se juntou ao projeto mas era tarde demais – a Activision queria o jogo lançado.

No dia 19 de novembro de 2004, “Vampire: The Masquerade – Bloodlines” chega às lojas inacabado e repleto de bugs que impossibilitavam o jogador de terminar sem pelo menos meia dúzia de dores de cabeça. O título vendeu somente 80,000 cópias e a Troika Games acabou por não conseguir vender mais nenhum projeto, tendo cessado atividade alguns meses depois. À primeira vista, este jogo parece ter caído no esquecimento e com razão, porque haveríamos nós de te falar de um jogo inacabado ainda que com boas intenções? A resposta é: experimenta o jogo e verás.

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Bem-vindo à Califórnia do início do século XXI. Tu entras na pele de um jovem vampiro mergulhado num mundo que desconhece. A primeira coisa que tens de fazer é escolher o teu clã, a tua classe. Poderás fazê-lo através de um teste que te aconselha um clã consoante as respostas a algumas questões mas após descobrires quem serias realmente, deves sair do jogo e regressar para escolher manualmente um dos sete clãs: Brujah, Toreador, Malkavian, Ventrue, Nosferatu, Tremere, e Gangrel.

Cuidado pois o teu clã não irá somente delinear as tuas habilidades como definir a tua “doença” e o modo como os NPCs reagem à tua presença. Por exemplo, os Malkavian são conhecidos por ouvirem vozes e terem alucinações frequentemente, algo que irá impactar o teu gameplay consideravelmente. Outro exemplo do que não deves escolher para um primeiro gameplay são os Nosferatu, criaturas hediondas que não podem ser vistas por humanos – os que te virem vão fugir ou até… morrer, impedindo-te de conseguires informações cruciais. Escolhido o clã, és apresentado às tuas habilidades de classe e às habilidades gerais que incluem dano, defesa, hacking, lock picking, entre outros. E prontinho! Estás preparado para começares o teu gameplay mas, cuidado – o mundo de “Bloodlines” está repleto de regras entre a lei dos homens e a lei da Masquerade.

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Estas leis, assim como os peões da história, vão te sendo apresentados através de personagens principais e das suas conversas, no entanto, os longos diálogos de exposição são isso mesmo, diálogos. Para além de teres sempre a opção de a qualquer momentos lhes pedires que vão diretamente ao assunto, as personagens irão parar após algumas frases para pedir a tua opinião, reagindo a esta quando continuam a sua história. Deste modo, a exposição é altamente interativa e nunca aborrecida para quem gosta de conhecer o lore por detrás do jogo. Aliás, nenhum dos diálogos parece ter sido feito à pressa e mesmo as personagens com quem falas apenas meia dúzia de vezes têm diálogos bem construídos, semelhantes a conversas que terias no mundo real pois neste jogo não importa somente o que sentes enquanto vampiro mas as tuas opiniões e as tuas experiências enquanto pessoa (independentemente das tuas crenças ou condições de vida). De igual forma, existem conflitos que podes resolver usando somente o teu conhecimento ou a tua capacidade de convenceres os outros, e as side quests nunca servem somente para conseguires pontos de experiência, alargando o lore do mundo e dando-te a conhecer realidades e perspectivas diferentes sobre o mesmo mundo.

A narrativa é suportada por um mundo vivo onde os NPCs reagem à tua presença, falam entre si e vagueiam constantemente a cidade. A música ambiente e os efeitos sonoros dão vida a Santa Monica, a cidade que te ficará mais na cabeça. Infelizmente, conforme avançamos no jogo percebemos que outras partes do mundo não foram completamente terminadas, incluindo certas partes da narrativa que começam bastante detalhadas e terminam de forma algo abrupta, deixando-te a sentir que faltou alguma coisa. Destaco contudo o famoso “Ocean House Hotel”, um nome que todos os que jogaram “Bloodlines” conhecem muito bem. Neste nível entras numa casa assombrada que, sem um único jump scare, te deixa a desejar sair dali o mais depressa possível. Este é um dos melhores exemplos do porquê de “Bloodlines” ser uma pérola inacabada mas definitivamente um dos melhores RGPs já feitos.

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Ficaste curioso mas com receio dos bugs? Então temos boas notícias para ti. A verdade é que apesar do fim da Troika Games, os fãs não deixaram o jogo morrer e têm lançado patchs ao longo destes quinze anos! Os novos updates estão constantemente a sair, melhorando aspectos como bugs que não te deixavam progredir e até a dificuldade do título que umas vezes é demasiado fácil e outras vezes é um verdadeiro pesadelo (dica: quando fizeres a quest do esgoto leva sacos de sangue… muitos sacos de sangue).

Se gostas de vampiros, de jogos que possas jogar várias vezes sem te cansares, e de histórias complexas e com uma vasta escolha de diálogos, e com múltiplos finais (pelo menos cinco) então dá uma olhadela por “Vampire: The Masquerade – Bloodlines” antes do lançamento da sua sequela em março de 2020. O jogo está disponível da Steam e deixamos-te aqui os patches “oficiais” – o último de maio deste ano!

Apesar dos obstáculos, “Vampire: The Masquerade – Bloodlines” é um dos melhores RPGs já criados e o amor dos fãs torna-o melhor a cada atualização! Se gostas de vampiros e deste género então não deixes de jogar o título. Fica também a conhecer mais sobre a sua sequela. Se já tiveste a oportunidade de experimentar “Bloodlines”, o que pensas sobre o jogo e sobre a sua história?

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