Festival de Veneza 2025 | Estrelas, rumores e gigantes do cinema na corrida ao Leão de Ouro
Veneza 2025 com Julia Roberts, Dwayne Johnson, Yorgos Lanthimos, Luca Guadagnino, Angelina Jolie e Kim Novak são alguns dos nomes que já fazem correr tinta (e suspiros) na próxima 82.ª edição do Festival de Cinema de Veneza.
Veneza 2025 ainda nem começou oficialmente, mas já faz correr tinta, suspiros e suspense. De Julia Roberts a Dwayne “The Rock” Johnson, passando por Yorgos Lanthimos, Angelina Jolie e o regresso de Paolo Sorrentino, a esta 82.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza promete ser uma das mais estreladas dos últimos tempos.
De 27 de agosto a 6 de setembro, o Lido volta a transformar-se na passerelle do cinema de autor, das estreias de prestígio e de um glamour que resiste ao tempo (e às plataformas de streaming).
Entre blockbusters com pedigree, apostas autorais e homenagens a lendas vivas, o programa de Veneza 2025 — ainda por revelar oficialmente — está envolto numa névoa deliciosa de rumores. E é isso que torna Veneza 2025 tão especial: é um festival onde o boato tem quase tanto estatuto quanto a passadeira vermelha.
Sorrentino abre a dança com “La Grazia”
O que já se sabe é que “La Grazia”, novo filme de Paolo Sorrentino, abrirá Veneza 2025 com pompa e circunstância e a concurso ao Leão de Ouro. Estreia mundial, em competição, com Toni Servillo e Anna Ferzetti nos papéis principais. A história?
Ainda envolta em mistério, mas segundo Alberto Barbera, diretor do festival, trata-se de ‘um filme destinado a deixar a sua marca pela originalidade e relevância’. Ou seja, preparem-se para o habitual cocktail sorrentiniano: fé, política, família disfuncional e melancolia napolitana servida com elegância barroca. A estreia terá lugar na Sala Grande, a 27 de agosto, certamente com direito a lágrimas, aplausos e, claro, um ou outro bocejo diplomático, porque em Veneza 2025 também se respeitam as tradições.
Rumores (saborosos) que valem por estreias
Mas o verdadeiro charme de Veneza 2025 está nos rumores. E há muitos. Diz-se, por exemplo, que “The Smashing Machine”, realizado por Benny Safdie e protagonizado por Dwayne Johnson no papel de um lutador lendário de MMA, poderá competir. Um filme com The Rock… em modo dramático e autoral? Seria a entrada em força (literal) de uma das maiores estrelas do mundo num território mais sério e exigente.
Luca Guadagnino também está na calha, com “After the Hunt”, thriller psicológico com Julia Roberts, Andrew Garfield e Ayo Edebiri. Um #MeToo à italiana que promete agitar consciências e premiações. E claro, Yorgos Lanthimos poderá regressar com “Bugonia”, mais uma colaboração com Emma Stone, desta vez numa comédia distópica com ficção científica à mistura. Se vier, é um dos grandes favoritos, afinal, depois de “Pobres Criaturas”, tudo o que Lanthimos toca vira prémio.
Angelina Jolie poderá voltar ao Lido com “Couture”, drama parisiense realizado por Alice Winocour, onde interpreta uma editora de moda vingativa. Já sentimos o perfume da Coppa Volpi no ar. Do lado das plataformas, Veneza 2025 também promete. A Netflix aposta forte com “Jay Kelly”, de Noah Baumbach (George Clooney em crise, what else?), e com “Frankenstein”, reinvenção gótica assinada por Guillermo del Toro, com Jacob Elordi, Oscar Isaac e Mia Goth.
Já a MUBI poderá trazer “Pai, Mãe, Irmã, Irmão”, de Jim Jarmusch, com Cate Blanchett e Adam Driver, além de distribuir internacionalmente o próprio “La Grazia” (com exceção de Itália).
Itália, Ásia e outras latitudes
Veneza 2025 será, como sempre, uma montra para o melhor do cinema italiano. Pietro Marcello poderá apresentar “Duse”, biografia da atriz Eleonora Duse com Valeria Bruni Tedeschi. Gianfranco Rosi prepara o documentário “Below the Clouds”, enquanto Laura Samani poderá estrear “A Year of School”, uma espécie de “Cinema Paraíso” feminista.
Mas também se espera diversidade geográfica: da Malásia chega “Mother Bhumi”, de Chong Keat Aun com Fan Bingbing, enquanto Park Chan-wook, da Coreia do Sul, poderá competir com “No Other Choice”, thriller político ainda em segredo absoluto. E o próprio Alexander Payne — que este ano preside ao júri — está a preparar um novo filme… na Dinamarca rural. Quem sabe se não o estreia já este ano no Festival?
Homenagens, livros e brilho comediante
A grande homenageada de Veneza 2025 será Kim Novak. A estrela de Vertigo (“A Mulher Que Viveu Duas Vezes”) receberá o Leão de Ouro Honorário pelo conjunto da sua carreira e será celebrada com a estreia mundial do documentário “Kim Novak’s Vertigo”, de Alexandre Philippe.
Aos 91 anos, Novak continua a ser um ícone e uma das poucas atrizes que teve a coragem de trocar Hollywood por cavalos, poesia e uma vida longe dos estúdios. As galas de abertura e encerramento de Veneza 2025 ficarão a cargo da atriz e comediante Emanuela Fanelli, que promete monólogos irreverentes e glamour desconcertante, como já provou em “Siccità” e no sucesso “Ainda Temos o Amanhã”.
Uma mestre de cerimónias à altura da ironia cinematográfica de Veneza. E como o futuro do cinema também se escreve… nos livros, o festival acolhe mais uma edição do mercado de direitos de adaptação literária (de 29 a 31 de agosto). Trinta editoras e agências vão tentar vender romances, biografias, novelas gráficas e tudo o que possa virar série, filme ou minissérie com selo festival.
Veneza 2025 afinal começa com um voo sobre a lagoa
O 82.º Festival de Veneza afinal arranca com uma dupla antestreia na Sala Darsena, a 26 de agosto. Antes da sessão anunciada de “Rainha Kelly” (1929), de Erich von Stroheim, será exibido “Origem, a Lagoa de Veneza”, novo filme de Yann Arthus-Bertrand.
Esta obra de 30 minutos, nascida no contexto da Bienal de Arquitetura 2025, revela a beleza natural e frágil da lagoa veneziana através de imagens aéreas, captadas por drones, que evidenciam a coexistência ancestral entre o ser humano e a natureza.
O realizador francês regressa assim a Veneza 2025 com um olhar poético e ecológico, num tributo visual à cidade e à sua paisagem ameaçada, num diálogo cruzado com arquitetura, clima e inteligência coletiva. A sessão contará ainda com uma conversa entre Arthus-Bertrand, o curador Carlo Ratti e o diretor artístico Alberto Barbera.
Veneza 2025: rumores, estrelas e o cinema como festa
Veneza 2025 continua a ser o festival onde tradição e reinvenção caminham lado a lado. Há espaço para autores consagrados e superestrelas, para estreias sofisticadas e filmes que vão dar que falar nos Óscares. Com “La Grazia” a abrir, Kim Novak a ser celebrada, Alexander Payne a comandar o júri e The Rock a lutar por um lugar na elite autoral, só podemos dizer: venha de lá esse Leão.
JVM
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