A Real Pain, a Crítica | Kieran Culkin já tem o Óscar na mão
“A Verdadeira Dor”, o novo filme de Jesse Eisenberg com Kieran Culkin, chegou aos cinemas portugueses a 16 de janeiro.
Num momento em que Hollywood sofre de falta de criatividade, ou não sabe apreciá-la quando a vê, chega-nos “A Real Pain”. Uma verdadeira lufada de ar fresco. Apesar do seu sucesso como ator, em filmes como “Now You See Me” e “A Rede Social”, que lhe deu uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator, este é apenas o segundo filme que Jesse Eisenberg realiza.
O ator já tinha realizado “When You Finish Saving The World”, com Julianne Moore e Fin Wolfhard e desta vez volta a escrever e realizar, mas também atua como uma das personagens principais do filme.
“A Real Pain”, ou em português, “A Verdadeira Dor”, acompanha dois primos, David e Benji, interpretados por Jesse Eisenberg e Kieran Culkin, que viajam até à Polónia após a morte da sua avó, para explorarem as suas raízes judaicas.
A escrita de Jesse Eisenberg fazia falta em Hollywood
Não sendo uma autobiografia, o filme argumento conta com vários apontamentos pessoais para Jesse Eisenberg, que acabaram por tornar a história mais pessoal e, consequentemente, mais verdadeira para o espectador. A avó de que tanto falam no filme é, na verdade, inspirada na tia do realizador e a casa que visitam no final do filme, era mesmo a casa da sua família.
A cinematografia do filme é lindíssima. A forma como Jesse Eisenberg nos consegue levar por uma jornada em que nos sentimos dentro daquela tour com todas as personagens. As câmaras wide angle, que fazem as personagens parecerem pequenas no contexto dos cenários históricos que servem de pano de fundo.
A música de Chopin a tocar por trás em todo o filme, é muito inteligente. Mas sem dúvida, o melhor de “A Verdadeira Dor” é a escrita de Jesse Eisenberg. Este argumento é brilhante e é por isso que transparece tão bem para o ecrã. Os diálogos estão muito bem criados, as personagens e os seus problemas são extremamente realistas. As personagens estão inseridas naquele contexto, de uma tour pela Polónia, no entanto, poderiam ser qualquer pessoa, em qualquer ponto do mundo, tendo em conta a universalidade da história.
Kieran Culkin a caminho dos Óscares
A competição para a categoria de Melhor Ator Secundário estará entre Denzel Washington (por “Gladiador 2”) e Kieran Culkin, duas personagens muito diferentes. Ainda assim, e após a vitória nos Golden Globes, a grande aposta é Kieran Culkin.
O ator consegue fazer uma personagem que é, ao mesmo tempo, irritante e admirável. Benji dá-nos ansiedade pela forma como expõe as suas opiniões, pela sua falta de senso comum e do politicamente correto. No entanto, também o invejamos pela sua honestidade, porque acaba por dizer aquilo que todos sentem e que está correto.
Jesse Eisenberg partilhou que utilizou, no filme, muitos momentos de improvisação de Kieran Culkin, devido ao humor que lhe sai naturalmente. Isto também mostra a sua qualidade como ator e o porquê de merecer o Óscar.
Ainda assim, o ator está incrível, também porque Jesse Eisenberg o deixou brilhar e lhe pavimentou o caminho com um grande argumento e uma química incrível entre os dois atores. David é o narrador, é quem dá sentido, emoção e contexto à personagem e ao comportamento de Benji. A cena no restaurante, com o monólogo de Jesse Eisenberg, mostra a sua qualidade enquanto argumentista, realizador e ator. É um dos momentos mais emocionantes de “A Real Pain”.
O grande esquema das coisas
É incrível o que Jesse Eisenberg e Kieran Culkin conseguem fazer num filme que tem apenas uma hora e meia. O pormenor da ambiguidade do título, que significa uma coisa no início do filme e outra no final. A química entre os atores, que relembra o brilhante “Green Book”, vencedor do Óscar de Melhor Filme em 2019.
Essencialmente, “A Real Pain” relaciona e coloca em perspetiva a dor, ansiedade e problemas individuais que todas as pessoas têm, no grande esquema de uma tragédia global como foi a Segunda Guerra Mundial.
Já foste ver “A Verdadeira Dor” ao cinema? O filme estreou nas salas portuguesas a 16 de janeiro de 2025.
A Verdadeira Dor, a Crítica
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Matilde Sousa - 85
Conclusão
“A Verdadeira Dor” é um filme simples, mas importante. Essencialmente, relaciona e coloca em perspetiva a dor e problemas individuais, no grande esquema de uma tragédia global, como foi a Segunda Guerra Mundial.
Pros
A química entre os atores e as suas prestações naturalmente cómicas e realistas;
A qualidade da escrita de Jesse Eisenberg, que se traduz para o filme.
Cons
O final em aberto poderia ter uma conclusão mais concreta. No entanto, poderia não fazer sentido no contexto destas duas personagens.