Wednesday T2E1 – Análise
“Wednesday” está de volta à Netflix para uma nova temporada. Desta vez, a 2.ª temporada da série vem dividida em duas partes. A primeira estreou esta quarta-feira 6 de agosto e a segunda parte estreará no dia 3 de setembro. Também Tim Burton regressa à cadeira de realizador para alguns dos episódios. Neste caso, o primeiro, quarto, sétimo e oitavo têm realização de Tim Burton.
A série “Wednesday” é uma criação de Alfred Gough e Miles Millar mas tem envolvimento pleno de Tim Burton enquanto produtor executivo e realizador de alguns episódios. Além disso, também Danny Elfman, compositor que colabora frequentemente com o realizador, faz a música desta série.
“Wednesday” é, neste momento, uma das séries mais acarinhadas e bem sucedidas da Netflix e não é por acaso que a plataforma assegurou uma terceira temporada ainda antes da estreia da segunda. Além disso, a obra está já no n.º 1 de séries mais vistas da Netflix atualmente.
Pequeno resumo da T1 de Wednesday
Se nunca viste a série “Wednesday” toma cuidado com o resto deste artigo pois a minha crítica vai estar recheada de spoilers…
Esta obra foca-se, pois, na personagem Wednesday Addams (interpretada por Jenna Ortega) que tem poderes psíquicos em que consegue ter visões do futuro. Na 1.ª temporada da série, Wednesday é levada pelos seus pais (Catherine Zeta-Jones e Luis Gúzman) para a Academia Nevermore onde irá conviver com outras pessoas com poderes especiais.
No final da temporada anterior, ficámos a saber que tínhamos uma professora assassina (Christina Ricci) que utilizava um rapaz com outros poderes especiais, um Hyde, para a ajudar nos seus crimes. Esse rapaz, Tyler (Hunter Doohan), foi uma paixão de Wednesday em determinada altura. Esta professora ainda consegue matar a diretora da escola (Gwendoline Christie) mas acaba por morrer no final da temporada com Tyler a ser levado preso.
Antes de regressar a Nevermore, um estranho rapto
Começamos a nova temporada de “Wednesday” com a nossa protagonista amarrada e presa numa cave. Nada de novo para quem viu a antevisão da série no “Tudum” há umas semanas… Agora, descobrimos o porquê. No entanto, a justificação não é logo dada. Precisamos, portanto, de um flashback, seis semanas antes, para nos contextualizarmos. “Eu explico tudo”, refere Wednesday.
Assim, Wednesday explica que tinha uma obsessão desde os 6 anos por um assassino em série, o “Tira-Escalpes de Kansas City”. Com a ajuda da Coisa, consegue chegar até ele com o objetivo de o confrontar. Segue-se uma deliciosa cena no aeroporto (que também já tinha sido mostrada pela Netflix em antecipação) onde Wednesday é obrigada a livrar-se de todas as armas que traz consigo. Para ela, a verdadeira arma é o próprio avião: “(…) acreditam que centenas de pessoas a voar num tubo de metal cria uma utopia onde não precisamos de armas”. É este o humor negro e ácido da série que caracteriza e bem a nossa personagem.
A protagonista localiza, então, o assassino (interpretado por Haley Joel Osment). Entretanto, a Coisa sai de dentro de uma das bonecas que o assassino guarda e ataca-o severamente.
No pós-genérico, em casa, Wednesday guarda emoldurado um jornal onde se mostra que o “Tira-Escalpes” foi apanhado por uma “miúda misteriosa”. É-nos igualmente dada a conhecer uma alteração que pode vir a ser preocupante para Wednesday: o facto de ter lágrimas negras a escorrem-lhe dos olhos aquando do uso dos seus poderes. Mais tarde, percebemos que a sua tia poderá ter sofrido do mesmo mal… Virão dias difíceis para Wednesday?
Uma viagem em família e um regresso num pedestal
Nesta temporada, Wednesday não regressa sozinha à Academia Nevermore. Ou seja, o seu irmão Pugsley (Isaac Ordonez) também vai ficar em Nevermore. Na viagem de carro com os pais descobrimos o seu poder – eletricidade – tal como o seu tio Fester.
A família continua a viagem e ficamos focados numa parte do caminho onde, à beira da estrada, um homem tira fotografias. Alguns pássaros vão se amontando e assustando o homem. É uma autêntica homenagem a “Os Pássaros” (1963, Alfred Hitchcock). Também estes pássaros têm vida própria e acabam por assassinar o homem. Mas há um estranho corvo a comandar os restantes. O que será que se esconde nesta cena para o decorrer da narrativa? Wednesday também quererá saber mais. Especialmente quando Xavier lhe envia um quadro com a representação desse corvo…
À chegada a Nevermore, Wednesday é recebida com pompa e circunstância após ter salvo a escola de um desastre semanas antes. O humor negro regressa: pedem um autógrafo a Wednesday ao que ela responde com só assina com sangue e que não seria com o seu. Pouco depois, conhecemos o novo diretor Barry Dort (Steve Buscemi) que quer fazer de Wednesday a “aluna de honra” de Nevermore.
No reencontro com Enid (Emma Myers), a nossa protagonista é igual a si mesma: quer evitar pessoas e terminar o seu romance. “Eu não evoluo. Faço um casulo.” Ao ter-se tornado o centro das atenção devido ao final do semestre passado, Wednesday terá de lutar muito para voltar a ficar “à margem”…
No final da sequência vemos ainda que Wednesday continua a ser perseguida por alguém. Quem será? Será que os pássaros estarão ligados? O certo é que o perseguidor de Wednesday vai atacá-la onde mais lhe dói: vai arriscar o romance dela numa fogueira.
Pugsley, Wednesday e as suas estranhezas
Neste primeiro episódio vemos que Pugsley vai ter alguma dificuldade em se integrar em Nevermore. Algo que Wednesday certamente invejará. Pugsley tenta fazer amigos mas nem o seu colega de quarto Eugene lhe passa grande cartão. Esperemos que alguma reviravolta aconteça até ao final da temporada… e que mesmo a irmã fortaleça a sua relação com o irmão.
A história da “Árvore da Caveira” poderá ser surpreendente para Pugsley. O seu fascínio por coisas estranhas, sobretudo mortos e coisas sobrenaturais, vai provocar nele um grande interesse em querer ressuscitar o rapaz amaldiçoado. Esta história contada por Ajax (Georgie Farmer) remete-nos ainda para os filmes de animação de Tim Burton como, por exemplo, “A Noiva Cadáver” (2005) ou “Frankenweenie” (2012).
Pouco depois, assistimos a uma outra cena característica da série: Wednesday a tocar violoncelo. Também nesta cena conhecemos a misteriosa nova diretora de música. Fiquei com a sensação de que ela terá segredos sombrios… Talvez não seja por acaso que pouco antes dela aparecer vemos o perseguidor de Wednesday de luvas e de costas. Vamos aguardar.
Na noite da Pira dos Fundadores Wednesday vai ter de salvar o seu romance da fogueira ao mesmo tempo que, pouco depois, o seu novo diretor a homenageia num quadro. Wednesday está num dos seus maiores pesadelos: “Não me ponham num pedestal, porque vou pegar-lhe fogo.”
Já no final do episódio, Wednesday tem uma visão de que Enid irá morrer e que a culpa será sua. Esperemos que a nossa protagonista consiga evitar este desfecho…
O melhor e o pior desta nova temporada
Para começar, vê-se a atenção que os criadores e a Netflix deram à série onde, tal como na temporada anterior de “Stranger Things”, também “Wednesday” teve a sua abertura com o logo da Netflix alterado com a temática da série. Assim, vemos a Coisa a percorrer um cemitério, estala os dedos e o “N” de Netflix traz apenas as cores roxas dos uniformes de Nevermore.
Por outro lado, parece-me positivo que o irmão de Wednesday, Pugsley, passe a ser uma das personagens principais da série ao também passar a frequentar a Academia Nevermore. Para lá dos seus poderes elétricos, podemos esperar algumas cenas bizarras e divertidas vindas de Pugsley dada a sua paixão pelo sangue, comidas estranhas e mortos.
O ponto negativo, para mim, é mesmo a ausência de Xavier (Percy Hynes White) que foi transferido para outra escola na Suíça. Estava na expectativa de que pudesse haver um romance entre ele e Wednesday, após o fracasso de Tyler mas… infelizmente, tal não vai acontecer. Mesmo quando no último episódio da T1 era Xavier que questionava Wednesday se regressaria no próximo semestre…
Por fim, este é um episódio que só poderia ser realizado por Tim Burton. O seu estilo muito próprio equilibra a sequência da história de forma bastante criativa e entusiasmante. Aqui, outro ponto forte é, claro, a música de Danny Elfman que, não sendo exagerada, aparece nos momentos certos sem que a sua presença seja demasiado obstrutiva.
Wednesday T2E1
Conclusão
- “Wednesday” está de regresso à Netflix para a 2.ª temporada que estreou esta quarta-feira 6 de agosto e já está no top das séries mais vistas.
- O primeiro episódio é equilibrado. Traz cenas suaves mas também já deixa algumas cenas mais “chocantes” como introdução para o resto da narrativa.
- A realização de Tim Burton é inconfundível e o seu estilo está presente ao longo do episódio. Há homenagens a “Os Pássaros” de Alfred Hitchcock mas também a filmes anteriores do realizador como “A Noiva Cadáver” ou “Frankenweenie”.