Zootrópolis, em análise

 

Mágico em todos os sentidos, Zootrópolis faz-nos vibrar na sala de cinema como qualquer outro clássico da Walt Disney, servindo de hino ao facto de todos sermos diferentes e sermos únicos. 

 

FICHA TÉCNICA

Zootrópolis

Título Original: Zootopia
Realizador: Byron Howard e Rich Moore
Elenco: Ginnifer Goodwin, Jason Bateman, Idris Elba, Jenny Slate, J.K. Simmons, Octavia Spencer e Shakira
Género: Animação, Aventura, Ação 
NOS | 2015 | 108 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

É provável que ainda não tenhas ouvido falar de Zootrópolis (ou Zootopia, no título original), o novo filme da Disney e do departamento que nos últimos tempos tem vindo a firmar um lugar sólido na animação digital fora da Pixar, nomeadamente com os filmes Entrelaçados (2010), Força Ralph (2012), Frozen: O Reino de Gelo (2013) e Big Hero 6: Os Novos Heróis (2014), estes dois últimos galardoados com o Óscar de melhor filme de animação.

Se já ouviste falar, certamente este é para ti outro filme que, à partida e algo até bastante compreensível, não te captará o interesse… afinal, quantas vezes os animais dominaram o reino das histórias infantis? Temos os exemplos de Rio, da Blue Sky Animation e dos êxitos Madagáscar e O Panda do Kung Fu, da Dreamworks que fizeram as delícias do público mas que nada têm que ver com este arriscado projeto da empresa que criou o rato Mickey.

Zootrópolis

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Na verdade, ao olharmos para Zootrópolis, maravilhosa e agilmente realizado por Byron Howard e Rich Moore, depreendemos uma imediata associação a Chicken Little (2005), sobretudo pela narrativa satírica ao encontro do bom estilo policial, mas vamos por partes.

Na moderna metrópole mamífera de Zootrópolis, uma cidade recheada dos mais variados habitats, todos os animais tem direito a viver em comunidade, em paz e em segurança, simplesmente porque, como reivindica o seu slogan mais atrativo, ‘cada um pode ser o que quiser’, desde o maior elefante até ao mais pequeno rato. Ora, para a protagonista Judy Hopps (voz de Ginnifer Goodwin) viver em Zootrópolis sempre foi o seu maior sonho, que se torna realidade quando aparece como a primeira coelho polícia, ao lado de tão intimidantes seres predadores. É exatamente aqui que o filme confirma-se como uma verdadeira obra-prima, se quisermos, um novo clássico de animação.

Zootrópolis

LÊ MAIS: Zootrópolis | Conhece as personagens (Parte 2)

Em Zootrópolis todos supostamente podem seguir os seus sonhos, mas ter um coelho na Academia de Polícias é pura ironia, se traduzirmos isto pela realidade que nos é familiar, o mesmo é dizer que nenhuma mulher deveria ser polícia. No filme, quer queiramos quer não, confirma-se como ainda estamos diante uma realidade mascarada, que diz uma coisa mas faz outra completamente diferente, e que jamais consegue escapar a estereótipos. Ao tomarmos o caso particular da cidade natal de Judy, parece que todos foram obrigados a ficar na terrinha, um banal ‘assim é, assim será’, impossibilitados de ver além do que a agricultura tem para oferecer.

A mais valia de Judy é ser tão otimista e contrariar sempre o que os outros pensam. São inúmeras as peripécias e trapalhadas que a envolvem e que só fazem o espectador rir da situação. Mesmo assim, as suas dúvidas interiores serão colocadas à prova quando conhece a faladora e matreira raposa, Nick Wilde (voz de Jason Bateman), uma peça chave no misterioso caso que atormenta os cidadãos de Zootrópolis, e que terão que desesperadamente resolver em 48 horas.

Também Nick tem uma palavra a dizer sobre não ser compreendido pelos outros, ponto que ganha força na voz da artista e cantora Gazelle (voz de Shakira), e da música original que persistentemente domina o enredo, “Try Everything” – escrita por Sia e Stargate que, com grande alívio, não foi alterada para a versão portuguesa. Versão portuguesa essa que merece os nossos aplausos, com piadas mais facilmente percebidas por adultos, do que por crianças. Hoje em dia, a intenção dos estúdios em apostar neste género mainstream é que sejam as crianças a motivar os seus familiares mais velhos para uma ida ao cinema em conjunto e que no fim possam estes últimos possam explicar, detalhe por detalhe, o porquê disto ou daquilo ser assim.

Zootrópolis

OUVE TAMBÉM: Zootrópolis | Ouve a canção de Shakira para o novo filme da Disney

Nenhuma criança perceberá, por exemplo, as referências à série Resident Evil, a clássicos sobre máfia como O Padrinho (1972) e Scarface – A Força do Poder (1983), aos outros filmes da Disney já mencionados, nem ao filme de culto de Robert Zemeckis, Quem Tramou Roger Rabbit? (1988). De facto, este último é o título que serve de paralelismo a Zootrópolis, porque é também protagonizado por um coelho. Para complementar, presta tributo ao mestre do cinema dos efeitos visuais, esse génio que é Robert Zemeckis, com um 3D a salientar a vibrante paleta de cores dos espaços e das suas espécies.

Em conclusão, Zootrópolis serve de espelho aos momentos mais tensos que a indústria de Hollywood atravessa, nomeadamente quando surgem questões relacionadas com a igualdade de géneros a nível salarial ou com uma maior diversidade na escolha de atores. Moralmente eficaz na mensagem que visa trespassar, Zootrópolis não poderia ter chegado em melhor hora, capaz de nos fazer perceber que a animação dirigi-se a todos aqueles que apreciam uma belíssima aventura recheada de emoção e magia, que tão raras vezes nos delicia em pleno início de ano.

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One thought on “Zootrópolis, em análise

  • Zootrópolis: 4*

    Este filme carinhoso tem uma história muito boa, sendo muito mais humano do que aparenta e isso cativou-me.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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