Bandas Sonoras | Bond, James Bond
O agente secreto mais famoso do cinema está de volta e com ele, além dos fantasmas do passado, traz arranjos musicais… batidos, mas não mexidos.
É o 24º filme da série James Bond, o quarto de Daniel Craig no papel principal, realizado novamente por Sam Mendes e com Thomas Newman (uma vez mais) responsável pela Banda Sonora.
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Thomas Montgomery Newman, compositor e maestro norte-americano, nomeado 12 vezes ao Óscar, é conhecido pelo seu trabalho em The Best Exotic Marigold Hotel (2011), WALL.E (2008) e Finding Nemo (2003).
O último filme, Skyfall (Sam Mendes, 2012) foi muito diferente a nível musical, em comparação com os restantes filmes de James Bond, uma vez que David Arnold foi substituído por Newman. A verdade é que não agradou a toda a gente, e Newman prometeu melhorar o seu “estilo Bond” para Spectre (Sam Mendes, 2015).
THE WRITING’S ON THE WALL
É a música que conhecemos primeiramente dos trailers e é o tema de abertura do filme. Com uma atmosfera carregada de mistério, a música tem criado opiniões muito diferentes. Sem dúvida que o elemento mais controverso é o falsetto de Sam Smith durante o refrão.
A música, não só quebra algumas convenções bastante marcadas pelos temas de abertura dos filmes anteriores, sendo algo frágil e delicado, como tem feito história e chegou mesmo a número um no Reino Unido. No álbum da Banda Sonora oficial do filme é incluída a versão instrumental.
De referir ainda que Smith e o seu colega, Jimmy Napes, levaram apenas 20 minutos a escrever o tema.
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LOS MUERTOS VIVOS ESTAN
Neste tema foi dado tudo o que tinham do estilo Bond: percursão mexicana, instrumentos de sopro “sexys”, cordas baixas, guitarras e com a nostalgia do tema original de Bond. É puramente Bond e Newman parecia confiante com este tema, sendo o primeiro do álbum da Banda Sonora do filme. Todos os elementos estão muito bem misturados, sem sobrecarregar.
Infelizmente não há mais nenhum tema deste género em todo o álbum, portanto não procurem. Mas este pode ser, sem dúvida, uma das músicas favoritos de muita gente – sobretudo depois de verem a cena correspondente no filme.
BACKFIRE
Aparentemente, esta é a forma predilecta de Thomas Newman para as cenas de acção. Deixa um bocadinho a desejar, uma vez que o objetivo seria marcar o ritmo (como o faz) mas de forma a cortar-nos a respiração. Em vez disso é genérica, repetitiva e imemorável, não correspondendo.
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DONNA LUCIA
Um luxuoso e romântico tema, que nos remete claramente para o tema Severine, em Skyfall. Embora este seja mais complexo, Severine cativa-nos pela sua simplicidade.
MADELEINE
Com um arranjo mais misterioso que romântico (como a própria personagem), finalmente sentimos que Newman consegue distanciar-se totalmente de Skyfall. Um dos temas mais bem conseguidos do álbum.
SPECTRE (END TITLES)
Esta música contem dois temas – começa com Silver Wraith (uma versão mais alargada) e faz a transição para Madeleine. O piano do tema Secret Room marca também presença, mesmo no final.
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O compositor fala-nos um pouco do processo ao longo da construção da Banda Sonora, desde a relação das personagens com carga emocional refletida pela música, até aos títulos escolhidos para os temas, que acabam por nos remeter para um momento específico no filme.
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Sam Smith fala também da forma como foi escolhido para dar voz ao tema principal do filme e o quanto isso foi importante para ele.
Sam Smith: Para mim, a coisa mais intemporal que podes fazer, além de lançares os teus próprios álbuns, é Bond.
A Banda Sonora de Thomas Newman peca por rebuscar tanto no material de Skyfall e pelos momentos de acção pouco variados, mas marca-nos intensivamente nos momentos mais emotivos e profundos ao longo do filme.