Outlander | Primeira temporada em análise (parte 2)


Título Original: Outlander
Elenco:  Caitriona Balfe, Sam Heughan, Tobias Menzies
Género: Drama, Fantasia | Starz | 2014 | USA


 

Outlander mostrou ser uma das mais agradáveis surpresas da temporada 2014/2015, e com esta análise ficarão claras as razões de assim ser.

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QUEBRA DE ESTEREÓTIPOS FEMININOS EM OUTLANDER

Antes de passarmos a este capítulo, convém deixar algo bem claro: Outlander não é uma série feminista. Porém, é possível encontrar ao longo da primeira temporada vários elementos que comprovam a presença do pensamento feminista, a começar pela protagonista, Claire. O simples facto de a personagem central da história ser uma mulher, faz com que Outlander se distinga de dezenas de séries que se encontram atualmente em exibição. Mas a diferença não se encontra apenas nesse pormenor. Como já tivemos oportunidade de afirmar, Claire é uma mulher muito avançada para a sua era, e ainda mais para a mentalidade escocesa do século XVIII. Ela é inteligente, obstinada, independente, arguta, competente, apresenta um certo nível de complexidade no que toca a sentimentos como o amor, dever ou honra, não é manipulável, nem controlável, é uma mulher apaixonada e, acima de tudo, nunca se deixa tornar num objeto sexual, um detalhe importante tendo em conta a época onde ela passa a viver depois de viajar no tempo.

 

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Durante a primeira parte da temporada, esta presença do feminismo sente-se mais graças à personalidade de Claire, contudo, na segunda parte, assistimos a uma completa inversão de papéis e uma quebra do estereótipo feminino. Senão vejamos alguns exemplos. Quando Jamie é capturado, é a sua irmã Jenny (Laura Donnelly) e Claire, que vão procurá-lo, apesar do facto de Jenny ter dado à luz recente e, ocasionalmente, precisar de parar para retirar um pouco de leite dos seus seios. Mais à frente, quando Claire e o amigo de Jamie, Murtagh (Duncan LaCroix), continuam a busca, é a protagonista que se disfarça e sobe para os palcos para cantar uma canção obscena, na esperança de fazer Jamie sair do seu esconderijo, enquanto Murtagh recolhe informações da multidão. Quando os dois personagens conseguem finalmente descobrir que Jamie se encontra na prisão de Wentworth, é Claire que lidera o pequeno grupo de escoceses numa operação de resgate.

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Falando ainda sobre as mulheres de Outlander e a quebra do estereótipo feminino, não podemos deixar de referir a personagem Geillis Duncan. Geillis é, no geral, uma personagem tão complexa como incrível. Não é necessariamente feminista, mas a sua história é. Aqui temos um ótimo exemplo de uma personagem feminina que é colocada num papel normalmente ocupado por homens, e com ambições habitualmente masculinas. Geillis encontra-se totalmente comprometida com a luta dos jacobitas, e está disposta a usar quaisquer métodos não convencionais e imorais para atingir os seus objetivos. Não é definitivamente um papel que o espetador veja ser desempenhado por uma mulher, mas Geillis executa-o na perfeição.

 

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Por último, e não menos importante, é interessante analisar o protagonista Jamie neste contexto de quebra de estereótipos. Já referirmos anteriormente que, a certa altura, é Jamie quem precisa de ser salvo, e é a sua esposa que parte à sua procura e o consegue resgatar da prisão. No entanto, ao longo da primeira temporada de Outlander, somos testemunhas de outros momentos marcantes para Jamie e que o diferenciam do típico protagonista masculino de muitas séries e até filmes. Por exemplo, quando se casa com Claire, Jamie é ainda virgem. Todos nós já fomos testemunhas do interesse do ponto de vista amoroso em o protagonista ser jovem, atraente e virgem, mas raramente vimos este papel ser desempenhado por um protagonista masculino, como acontece em Outlander. É bastante curioso ver como em plena Escócia do século XVIII, e com todo o seu machismo, Jamie não tenta envergonhar Claire por esta já ter tido relações sexuais, mas também é interessante testemunhar como a protagonista não tenta aproveitar-se da situação por causa de uma certa ingenuidade ou desconhecimento sobre sexo da parte de Jamie.

 

ELENCO SECUNDÁRIO, CENÁRIO E BANDA SONORA

Acreditamos ter já apresentado argumentos suficientes que sirvam de prova para o sucesso de Outlander, mas felizmente, ainda temos algumas cartas na manga e mais elogios a esta série do Starz. De facto, Outlander é sobretudo sobre Claire, e mais tarde sobre o par Claire e Jamie, contudo, esta narrativa ficaria de alguma maneira mais pobre sem um forte elenco secundário que ajude o desenvolvimento da narrativa e dos personagens, sem um bom cenário que torne o enquadramento geográfico da história mais natural e realista, e por último, sem uma banda sonora adequada para a época do enredo da série.

 

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Para além dos fortes protagonistas, Outlander pode gabar-se por ter um excelente elenco secundário. Como é óbvio, há personagens que desempenham um papel mais importante que outras, no entanto, todas elas são fundamentais para série, quer seja para instalar mais drama e intriga, ou para aliviar momentos de tensão com cenas bastante cómicas. Deste grupo, destacamos naturalmente o vilão da série, Capitão Jack Randall, um personagem que terá deixado imensos espetadores revoltados e angustiados, e que foi belissimamente desempenhado pelo ator Tobias Menzies. O trabalho deste ator foi realmente notável, e ainda tivemos alguma esperança que conseguisse o Emmy para o qual estava nomeado. Mesmo sem ter conquistado o prémio, o ator e o seu personagem ficarão na história dos personagens de séries mais odiados de sempre, fazendo companhia a Jack Gleeson e o seu Joffrey Baratheon.

 

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Outlander é uma história que ocorre maioritariamente nas Terras Altas (Highlands), na Escócia, e a produção da série não poupou meios para oferecer aos espetadores o melhor das paisagens escocesas. O cenário onde a série é filmada, principalmente ao ar livre, é espantoso, coberto por vastas áreas verdejantes, grandes encostas e vales, e riachos translúcidos. A série do Starz consegue realmente mostrar o melhor da natureza escocesa, e para além de beneficiar imenso a história, conquista o espetador com a sua beleza.

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“Sing me a song of a lass that is gone, Say, could that lass be I ?”

Composta por Bear McCreary (Battlestar Galactica, Da Vinci’s Demons, Black Sails e The Walking Dead), a banda sonora de Outlander é simplesmente perfeita para a série. Podíamos estar aqui com grandes rodeios a explicar esta perfeição, mas é mais fácil e simples dizer apenas que a música composta por McCreary encaixa que nem uma luva em Outlander. A banda sonora tem obviamente uma forte influência da música celta que se sente assim que ouvimos as flautas ou a tradicional gaita-de-foles, e envolve impecavelmente as cenas que acompanha. Outlander conta também com uma música de abertura, The Skye Boat Song, cantada por Raya Yarbrough, que prepara de imediato o espetador para o universo escocês e dá um ótimo pontapé de saída para cada episódio.

 

OUTLANDER, UM TESOURO ESCONDIDO

Em suma, Outlander é uma série de excelente qualidade, que marca a diferença em relação a outros projetos televisivos a vários níveis, conta com a presença de um grupo de atores notável que desempenham os seus papéis formidavelmente e apresenta-nos uma história e personagens incríveis. Ao contrário do que seria justo, Outlander ainda não é tão popular como merecia ser, porém, a série começa lentamente a marcar a sua posição no panorama televisivo, sendo colocada muitas vezes ao mesmo nível de Game of Thrones. Por enquanto Outlander poderá não estar realmente ao mesmo nível da série da HBO, mas para lá caminha. Por isso, se por esta altura ainda não viste Outlander, do que é que estás à espera?  Outlander is coming 😉

 

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Filipa Machado

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