TOP Filmes 2016 | 8. A Lagosta

A irracionalidade do Animal Racional em A Lagosta oferece uma generosa quantidade da mais saborosa estranheza do ano.


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Num futuro próximo, distópico, uma lei proíbe que as pessoas fiquem solteiras, pelo que qualquer homem ou mulher que não estiver num relacionamento é preso e enviado para um misterioso hotel onde terá 45 dias para encontrar um(a) parceiro(a). Caso não encontrem ninguém, serão transformados num animal de sua preferência e soltos no meio da Floresta.

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É este o bizarro e maravilhoso setting de A Lagosta, o mais recente filme do grego Yorgos Lanthimos que talvez apenas como O Despertar da Mente (2004) antes de si conseguiu galvanizar as convenções de comédia romântica em 2016.

Estranhando-se e depois entranhando-se, A Lagosta debate-se com uma análise profunda das normas rígidas da nossa sociedade e dos julgamentos automáticos que fazemos recorrentemente uns dos outros, tecendo considerações mordazes e simultaneamente hilariantes e assustadoras sobre a natureza das relações modernas e do Amor.

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O argumento mordaz de Lanthimos e de Efthymis Filippou galga os económicos 120 minutos de duração com genica de gente nova, a compactuar na perfeição com o tom absurdo porém inesperadamente terno de todos os procedimentos.

Edificando-se como uma sinfonia bizarra sobre as perceções das relações e do Amor e aos estranhos jogos do romantismo da atualidade que parecem tão ridiculamente guiados por uma espécie de religião Big Brother, A Lagosta é um filme incrivelmente sofisticado, surreal e uma piada absurdista sobre a estupidez dos dogmatismos e daquilo que a sociedade tantas vezes espera dos seus (pouco inocentes) membros integrantes.

É o filme mais romântico do ano. E o mais perturbador. E o mais divertido. E o mais deprimente. E consegue ser todas essas coisas, ao mesmo tempo e sem exceção.


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