68ª Berlinale | Dia 1

A 68ª Berlinale, abre daqui a poucas horas com a estreia de “Isle of Dogs”, o novo filme de animação de Wes Anderson. Vai competir com dezanove longas-metragens candidatas aos Ursos de Ouro e Prata, neste Festival de Berlim que decorre de 15 a 25 de fevereiro.

A Berlinale é dos três maiores festivais internacionais de cinema europeus aquele em que o factor político é mais relevante e mediático, mesmo que abra pela primeira vez e subtilmente com uma corrosiva animação, “Isle of Dogs’, de Wes Anderson, contra a corrupção que se alastra pelo mundo inteiro. O debate #MeToo sobre o assédio sexual de produtores e realizadores a actrizes, além de ir ser amplamente debatido em actividades paralelas do festival, já fez mossa antecipada na selecção final de filmes: a Berlinale descartou filmes — foram menos cinco assegurou o Dieter Kosslick, o director do Festival de Berlim— em que trabalharam abusadores sexuais confessos. As polémicas são várias e há outra em que está igualmente envolvido Kosslick, pela sua perenidade na direcção, mas já lá chegaremos.

Isle of Dogs
Um regresso de Wes Anderson com esta animação em stop motion.

Para já estão anunciados cerca de dezanove longas metragens a concurso, numa competição que começa daqui a poucas horas com a estreia absoluta de “Isle of Dogs” o novo filme em animação do realizador norte-americano Wes Anderson (“Grande Hotel Budapest”), já um habitual de Berlim. Anderson regressa à Berlinale onde em 2002 apresentou “Os Tenenbaums”, dois anos depois com “Um Peixe Fora de Água” e “Grand Hotel Budapest”, filme que ganhou o Urso de Prata Especial do Júri em 2014. “Isle of Dogs”, conta com as vozes de Edward Norton, Bill Murray e Scarlett Johansson, é o segundo filme que o cineasta realiza mediante a técnica de stop motion depois de estrear “O Fantástico Sr. Raposo”, em 2009. Trata-se igualmente da primeira vez que um filme de animação abre a Berlinale. O filme centra-se em Atari, um menino de doze anos acolhido por um político corrupto de Megasaki City, e que parte à procura do seu cachorro, depois desse mesmo homem ter deportado por decreto todos os cães, para uma ilha.

O júri composto presidido pelo realizador alemão Tom Tykwer (Corre, Lola Corre“ e “O Perfume-A História de Um Assassino”, entre outros), a actriz belga Cécile de France, o ex-director da Filmoteca Espanhola, Chema Prado, a produtora norte-americana Adele Romanski, o músico e compositor japonês Ryūichi Sakamoto e por último a crítica de cinema norte-americana Stephanie Zacharek, vai ter muito trabalho para analizar as dezanove longas-metragens a concurso, quase todas elas como habitualmente com temáticas sociais, pesadas e violentas como é prática deste festival sempre muito activista e militante. Dos dezanove filmes a concurso o último anunciado foi “Utoya July 22”, de Erik Poppe (“A Escolha do Rei”), uma obra que relata a tragédia na ilha norueguesa de Utoya: um homem armado abriu fogo contra os participantes de um acampamento de jovens («universidade de verão»), organizado pela juventude do Arbeiderpartiet (Partido Trabalhista Norueguês), que atualmente está no governo. Entre os filmes a concurso destacam-se “Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot”, de Gus Van Sant, dos EUA; “Dovlatov”, de Alexey German Jr., filme co-produzido pela Rússia, Polónia e Sérvia; “Eva”, de Benoit Jacquot, uma produção da França; “Figlia Mia” co-produção de Itália, Alemanha e Suíça. E também “In den Gängen”, dirigido Thomas Stuber (Alemanha); “My brother’s name ist Robert and He is an idiot” também alemão dirigido por Philip Groening; “Twarz” um produção polaca e “3 Days in Quiberon”, co-produção de Áustria, Alemanha e França. “Damsel”, de David & Nathan Zellner dos EUA; “Las Herederas”, de Marcello Martinessi, o primeiro filme paraguaio a concurso na Berlinale; “Pig” do Irão e “The Prayer” do francês Cedric Kahn. “The Real Estate”, uma longa-metragem da Suécia e Reinoi Unido; “Touch Me Not”, da Roménia,; “Transit”, da Alemanha e França; e a longa muito longa de 224’ intitulada “Season of the Devil” de Lav Dias das Filipinas. Um dos filmes mais aguardados na competição é mexicano: “Museo” sobre um famoso roubo de peças arqueológicas de grande valor que foram subtraídas do Museu Nacional de Antropologia e História da Cidade do México, protagonizado por Gael García Bernal. Fora destaque ainda na selecção oficial para “Black 47”, uma produção da Irlanda y Luxemburgo; “Eldorado”, produção de Suíça e Alemanha; “7 Days in Entebbe” , uma produção anglo-saxónicas dirigida pelo brasileiro José Padilha (“Topa de Elite”), ”Aga” de Alemanha, França e Bulgária, e “Unsane”, o novo de Steve Soderbergh (EUA).

68ª Berlinale
William Dafoe em “Platoon”, (1886), de Oliver Stone vai receber um Urso de Ouro de Carreira.

Entre as  estrelas de cinema internacionais vão estar na gélida passadeira — vem aí neve — figuras como Tilda Swinton, Isabelle Huppert, Robert Pattinson e Joaquín Phoenix, ente outros. Um dos Ursos de Ouro será entregue ao actor William Defoe — nomeado ao Óscar de Melhor Actor Secundário, por “The Flórida Project”, agora em cartaz —  pela sua carreira na indústria do cinema. Durante o festival, vai realizar-se uma retrospectiva da sua carreira, com filmes com “Platoon “(1986) de Oliver Stone, “A Sombra do Vampiro” (2001) de E. Elias Merhige, pelos quais foi nomeado para Melhor Actor Secundario aos Óscares, além de “A Última Tentação de Cristo” (1988), de Martin Scorsese e “Antichrist” (2009),  de Lars von Trier.

JVM

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