La Quietude

75º Festival de Veneza (6)| ‘La Quietude’: Irmã Minha

Com ‘La Quietud’ (fora da competição), o argentino Pablo Trapero regressou aos seus temas contando a história de uma família argentina, com a herança da ditadura militar, sempre em fundo e desta vez com a actriz francesa Bérénice Bejo.

Depois de muitos anos de ausência e a viver em Paris, a bonita Eugenia (Bérénice Bejo) regressa a La Quietud, uma bela casa da família situada na zona rural nos arredores de Buenos Aires, porque o velho pai teve um acidente vascular cerebral. As circunstâncias obrigam Eugénia a re-conectar-se com sua irmã Mia (Martina Gusman) e com sua exuberante mãe Esmeralda (Graciela Borges). O dispositivo dramático de ‘La Quietude’ não podia ser mais clássico e convencional, pois este encontro vai fazer ressurgirem feridas, segredos e mentiras enterradas no passado desta família da alta sociedade argentina. Ainda mais quando marido de Eugenia, Vincent (Édgar Ramírez), e Esteban (Joaquín Furriel), um amigo muito próximo da família, chegam à propriedade, por causa do funeral. Pablo Trapero regressou com um filme intimista e que se vê muito bem, e não mais do que isso, pelo seu tom de soap ou de telenovela latina.

TRALER | ‘LA QUIETUDE’ DE PABLO TRAPERO

O drama é uma complexa e erótica irmandade feminina, que assenta igualmente numa história nostálgica, dolorosa e traumática, também sobre o papel das mulheres na sociedade argentina e que termina de uma forma mais ou menos improvável. A complexidade da relação entre as duas irmãs (interpretadas pela francesa Bérénice Bejo, que domina na perfeição o espanhol e Martina Gusman, a mulher do realizador) é o evidente foco da história que decorre na transição do final da ditadura militar para a democracia na Argentina. Curiosamente na mesma época em que se passa ‘O Clã’, o último filme com que Trapeiro ganhou o Leão de Prata de Melhor Realizador, em 2015.

José Vieira Mendes (em Veneza)

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