A Flor de Buriti/© João Salaviza e Renée Nader Messora

76º Festival de Cannes | ‘A Flor do Buriti’, premiado na Un Certain Regard

‘A Flor do Buriti’, o filme da dupla luso-brasileira João Salaviza e Renée Nader Messora ganhou o Prémio Ensemble (para o colectivo de intérpretes), da secção Un Certain Regard. Mais um reconhecimento para o cinema português. 

‘A Flor do Buriti’, um filme de João Salaviza e Renée Nader Messora, que tem um registo entre a ficção e o documentário e que dá continuidade a ‘A Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos’, — que ganhou o Prémio Especial do Júri em 2019, nesta mesma secção —  foi distinguindo com o Prémio Ensemble que premeia o melhor elenco, da secção Un Certain Regard. Ambos os filmes foram feitos no seio da comunidade indígena Krahô do Brasil. Não foi fácil ao júri presidido pelo actor norte-americano John C. Reilly, que também foi o seu porta-voz e, que integrou ainda a actriz belga Émilie Dequenne, o realizador franco-cambodjano Davy Chou, a actriz alemã Paula Beer e a argumentista e realizadora francesa Alice Winocour, explicar ou melhor dar uma justificação para este e outros prémios ‘criados’ por este júri, que tinha um determinado perfil. Ou melhor pelo menos não foi entendido à primeira, porque não se trataram de prémios convencionais dos festivais.

VÊ TRAILER DE ‘A FLOR DE BURITI’

Quem ganhou foi afinal o colectivo de intérpretes de ‘A Flor do Buriti’, já que o filme não tem protagonistas, mas os papéis são ‘representados’, pelos próprios indígenas, que contam as suas histórias lendárias, ao mesmo tempo que se manifestam contra a ocupação das suas terras pelos fazendeiros e a falta de apoio do Estado brasileiro, na defesa dos seus direitos.

Festival de Cannes
‘A Flor de Buriti’/© Jean-Louis Hupé / FDC

O prémio de Melhor Filme da secção Um Certain Regard foi atribuído a ‘How to Have Sex’, uma primeira-obra da directora de fotografia e realizadora britânica Molly Manning Walker. Trata-se de um filme que é protagonizado pela jovem actriz Laura Ambler e conta a história de três miúdas adolescentes que vão passar umas férias a Ibiza, com muito álcool, discotecas e com o objectivo de perderem a virgindade. O Prémio do Júri foi atribuído a ‘Les Meutes’, do cineasta marroquino Kamal Lazraq, e o de Melhor Realizador foi para outra marroquina Asmae El Moudir, pelo documentário ‘The Mother of All Lies’: o filme faz uma pormenorizada abordagem documental aos motins que agitaram a cidade de Casablanca em 1981, por causa da subida de preço dos alimentos essenciais inclusive do pão. O rapper belga de origem congolesa Baloji ganhou outro prémio ‘inventado’ pelo júri: New Voice foi para a sua, também primeira longa-metragem, intitulada ‘Augure’; o prémio ‘Freedom’ foi atribuído a ‘Goodbye Julia’, do realizador sudanês Mohamed Kordofani.

JVM




José Vieira Mendes

Jornalista, crítico de cinema e programador. Licenciado em Comunicação Social, e pós-graduado em Produção de Televisão, pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. É actualmente Editor da Magazine.HD (www.magazine-hd.com). Foi Director da ‘Premiere’ (1999 a 2010). Colaborou no blog ‘Imagens de Fundo’, do Final Cut/Visão JL , no Jornal de Letras e na Visão. Foi apresentador das ‘Noites de Cinema’, na RTP Memória e comentador no Bom Dia Portugal, da RTP1.  Realizou os documentários: ‘Gerações Curtas!?’ (2012);  ‘Ó Pai O Que É a Crise?’ (2012); ‘as memórias não se apagam’  (2014) e 'Mar Urbano Lisboa (2019). Foi programador do ciclo ‘Pontes para Istambul’ (2010),‘Turkey: The Missing Star Lisbon’ (2012), Mostras de Cinema da América Latina (2010 e 2011), 'Vamos fazer Rir a Europa', (2014), Mostra de Cinema Dominicano, (2014) e Cine Atlântico, Terceira, Açores desde 2016, até actualidade. Foi Director de Programação do Cine’Eco—Festival de Cinema Ambiental da Serra da Estrela de 2012 a 2019. É membro da FIPRESCI.

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