© Terrafilmes (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Filme de Raquel Freire leva a polémica das praxes de Coimbra à TV este fim de semana

Coimbra, praxes e vingança. O filme “Rasganço” vai expor os rituais académicos com a ferocidade e realismo doloroso.

O berço da mais antiga universidade portuguesa, Coimbra, é um palco de tradições seculares, onde o peso da história se mistura com a irreverência da juventude. Mas o que acontece quando um estranho entra neste mundo fechado, não para se integrar, mas para o despedaçar? Assim é essa a premissa de “Rasganço”, o filme da cineasta Raquel Freire.

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Rasganço
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Edgar (Ricardo Aibéo), o protagonista, não é o típico caloiro ingénuo. Chega a Coimbra como um intruso, um corpo estranho num organismo que funciona à base de hierarquias, códigos não escritos e uma certa violência ritualizada. Assim, o filme não se limita a documentar as praxes; mergulha na psicologia de quem as usa como arma. Edgar, excluído desde o início, não tenta ganhar o seu lugar. Em vez disso, seduz, manipula e corrompe, transformando os próprios rituais que o rejeitaram em instrumentos de vingança.

Assim, Raquel Freire, conhecida pelo seu olhar incisivo sobre temas sociais, não poupa críticas ao sistema. “Rasganço” não é um filme sobre praxes — é um filme sobre poder. Quem o tem, quem o deseja e quem o destrói. As cenas de violência, mais do que chocantes, são meticulosamente coreografadas para mostrar a mecânica da dominação.

E, no centro, está Edgar: um anti-herói tão carismático quanto perturbador, que deixa uma pergunta no ar: até onde iríamos se nos dissessem que nunca pertenceríamos a um lugar?

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Rasganço
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Em Portugal, as praxes académicas são um tema sensível. Defendidas por uns como tradição inofensiva, condenadas por outros como humilhação desnecessária, raramente são retratadas sem filtros. Assim, “Rasganço” não escolhe lados; mostra o que acontece quando o ritual vira obsessão. A escolha de Coimbra como cenário não é acidental — é aqui que a tradição pesa mais, e é aqui que a sua subversão doía mais.

Assim, o filme chega numa altura em que o debate sobre o abuso nas praxes continua aceso. Raquel Freire não inventa: amplifica. E, ao fazê-lo, força-nos inegavelmente a confrontar uma realidade incómoda. Se os rituais académicos são um teste de resistência, o que dizem sobre nós quando viram ferramentas de crueldade?

“Rasganço” chega à RTP2 neste sábado, dia 29, pelas 22:55. Um retrato cru, sem romantismos, dos rituais académicos que tanto definem — e dividem — os estudantes de Coimbra.

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