As 5 fases da Marvel, da pior à melhor
Em antecipação ao filme “Fantastic Four: First Steps”, é hora de olhar para trás. Eis as cinco fases da Marvel classificadas.
Com a chegada iminente de “Fantastic Four: First Steps” aos cinemas, a fase 6 do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) está prestes a começar. Esta nova fase promete redefinir o futuro da saga, ao mesmo tempo que levanta grandes expectativas entre os fãs. Desde 2008, o MCU tem evoluído com altos e baixos.
Ao longo de mais de 30 filmes, vimos heróis crescer, vilões caírem e histórias cruzarem-se de forma épica. Abaixo, classifiquei as cinco fases da Marvel, apenas com base nos filmes, da pior à melhor.
5º– Fase 5
A fase 5 da Marvel revelou imensasfragilidades. “Ant-Man and the Wasp: Quantumania” deu o arranque com promessas de grande escala, mas acabou por desapontar com uma narrativa confusa e CGI excessivo. “Guardians of the Galaxy Vol. 3” foi, sem dúvida, o ponto alto, emocionando com a despedida da equipa original, num dos melhores filmes do MCU.
Contudo, “The Marvels” teve pouco impacto e falhou em entusiasmar o público. “Captain America: Brave New World” dividiu opiniões, e o mesmo se aplica com “Deadpool & Wolverine”. Por fim, “Thunderbolts” tentou reunir personagens secundárias num tom mais sombrio, e acabou por “salvar” esta fase menos boa. No geral, esta fase perdeu o foco e a consistência que marcaram os melhores tempos do MCU.
4º– Fase 4
A fase 4 surgiu pouco depois do grande final de “Avengers: Endgame”, o que, desde logo, tornou a tarefa difícil. Filmes como “Black Widow” e “Eternals” mostraram potencial, mas não conseguiram conquistar verdadeiramente o público. “Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings” destacou-se pelo seu estilo visual e lutas bem coreografadas. Por outro lado, “Thor: Love and Thunder” foi considerado, para muitos, um dos mais fracos do MCU.
Já “Spider-Man: No Way Home” foi o verdadeiro salvador da fase, trazendo nostalgia e emoção com o regresso de antigos Homens-Aranha, no melhor trabalho da Marvel em anos. “Doctor Strange in the Multiverse of Madness” e “Black Panther: Wakanda Forever” dividiram os fãs com o seu tom mais sombrio. Desse modo, esta fase tentou explorar novos caminhos, mas sofreu com a falta de uma direção clara.
3º– Fase 1
A primeira fase do MCU foi essencial para o que viria a seguir. Começou com “Iron Man”, um sucesso inesperado que definiu o tom do universo, protagonizado pelo icónico Robert Downey Jr. Depois vieram filmes como “The Incredible Hulk”, “Thor” e “Captain America: The First Avenger”, que introduziram novos heróis com resultados positivos mundialmente.
O grande destaque foi “The Avengers”, que uniu todas as peças de forma brilhante, e é considerado um dos grandes filmes do MCU. Esta fase merece reconhecimento por ter criado a base do MCU, mesmo com orçamentos mais baixos e menor ambição visual. Embora ainda estivesse a encontrar o seu estilo, deixou uma marca duradoura no cinema de super-heróis.
2º – Fase 2
Com a fase 2, a Marvel ganhou confiança e começou a arriscar mais. “Iron Man 3” e “Thor: The Dark World” não foram consensuais, mas ajudaram a aprofundar os personagens. “Captain America: The Winter Soldier” elevou o nível com uma história de espionagem intensa, e tornou-se um dos favoritos do público. Desse modo,”Guardians of the Galaxy” surpreendeu com humor e coração, tornando-se um fenómeno inesperado pelas mãos de James Gunn.
Já “Avengers: Age of Ultron” teve dificuldade em equilibrar tudo, mas ainda assim ofereceu momentos marcantes. Por fim, “Ant-Man” trouxe uma lufada de ar fresco com um tom mais leve. Assim, esta fase soube expandir o universo, mantendo o equilíbrio entre diversão e desenvolvimento narrativo.
1º– Fase 3
A fase 3 é, sem dúvida, o ponto alto do MCU. Tudo começou com “Captain America: Civil War”, que dividiu os heróis de forma emocional e impactante. Seguiram-se sucessos como “Doctor Strange”, “Spider-Man: Homecoming”, “Black Panther” e “Thor: Ragnarok”, que trouxeram novas ideias e estilos. “Avengers: Infinity War” e “Avengers: Endgame” foram eventos cinematográficos gigantes, encerrando arcos com emoção e espetáculo.
Desse modo, até os filmes menos falados, como “Ant-Man and the Wasp” e “Captain Marvel”, contribuíram um pouco. Assim, esta fase combinou ação, emoção e coesão como nenhuma outra. Por isso, merece o primeiro lugar, e certamente nunca será ultrapassada.
Qual é a tua fase favorita da Marvel?
Uma pergunta tão simples, e ainda assim tão carregada de complexidade ontológica. Como reduzir a uma escolha tão mundana um percurso cinematográfico que, por vezes, parece mais um ciclo mitológico moderno do que uma simples sequência de filmes de super-heróis? Para responder, tenho de abrir o peito, entregar o fígado e deixar o cérebro estendido sobre a mesa como se fosse um mapa das glórias e das misérias do MCU.
FASE UM
Aqui tudo começou. Mas ao contrário do que as lendas urbanas do fandom teimam em repetir, não, esta não foi uma fundação sólida. Foi uma tenda montada às pressas com panos do exército e estacas emprestadas da esperança.
Filmes como Iron Man e Captain America: The First Avenger são sólidos… sólidos como a fundação de uma casa que ainda está por construir. A ligação entre os filmes é ténue, quase simbólica. Os pós-créditos, essas migalhas para os fiéis, são mais promessas do que pontes narrativas. The Avengers foi um milagre de convergência mais do que o fruto de uma colheita bem semeada.
FASE DOIS
Ah, a adolescência do MCU: confusa, hormonal e muitas vezes embaraçosa. Iron Man 3 é um filme que se odeia a si mesmo e ao seu protagonista. Thor: The Dark World é… bom, ainda estamos todos a tentar lembrar-nos do que era. Age of Ultron falha em praticamente todos os níveis temáticos, introduzindo conceitos que nunca serão explorados e personagens que nunca serão tratados com o respeito prometido. E o mundo? O mundo não existe. Ninguém parece viver neste universo. Tudo acontece no vácuo.
Mas então, de repente, como se os céus se abrissem por misericórdia divina, surgem The Winter Soldier e Guardians of the Galaxy. Um thriller político adulto e um épico cósmico improvável, ambos extraordinários. Eles resgatam, por instantes, a fase 2 do colapso total. Mas no fundo, o desequilíbrio impera. Esta é a fase do ego, da experimentação sem bússola, da Marvel a tentar andar antes de saber onde está.
FASE TRÊS
Ah, Fase 3. Aqui, por um instante, o MCU transcende o cinema de entretenimento e começa a construir um universo de verdade. Civil War introduz consequências morais e políticas. Homecoming dá-nos o olhar do civil, do estudante, do miúdo comum — e, com isso, faz o mundo respirar. Doctor Strange e Black Panther expandem os limites místicos e culturais da franquia. Tudo se interliga. Tudo se alimenta.
Este é o período onde os filmes parecem responder uns aos outros. Onde um gesto numa esquina do mundo ecoa no resto. Onde vemos instituições, populações, geografias, memórias coletivas. O universo ganha textura: governos reagem, as pessoas lembram-se do que aconteceu ontem.
Em Doctor Strange aprendemos que há guardiões do planeta, e em Ragnarok vemos as consequências disso. Tudo se interliga, pulsa, vive.
Infinity War é o auge da sincronia, cada peça no seu lugar, cada linha narrativa convergente. E Endgame… Bem, Endgame é um épico desleixado e preguiçoso que desrespeita as regras que ele próprio criou. Mas não importa. Porque a estrada até lá foi construída com suor, lógica e intenção. Pela primeira vez, tínhamos um universo. Não um conjunto de filmes. Um organismo vivo.
FASE QUATRO
Como descrever a fase 4? Imagina um castelo feito de cartas que alguém decide reconstruir em plena ventania. Cada projeto contradiz o anterior. Eternals tenta reescrever toda a história da humanidade num PowerPoint de 2h. Wandavision quebra a realidade, mas o Doutor Strange nem vê-lo. Shang-Chi introduz um mundo místico escondido… onde estavam estes durante o ataque de Thanos? Ninguém sabe. Multiverse of Madness introduz um conceito de multiverso que não bate certo com Loki, No Way Home ou What If…. A única coisa que esta fase constrói é confusão.
Cada novo conceito mina os anteriores. Deuses? Estão por toda a parte. Magia? Ninguém entende as regras. Multiverso? Ninguém sabe as consequências. O Doutor Estranho vê o tecido do universo a rasgar-se regularmente e age com mais calma do que agiu em guerra infinita onde o risco era menor.
A Marvel teve a oportunidade de explorar as consequências do blip, os traumas, os buracos na sociedade. O que fez? Uma chuva de conceitos novos sem ordem, sem propósito, sem humildade. Como se alguém tivesse atirado 30 ideias para o chão e filmado a que caiu mais perto da porta.
É um dilúvio de conteúdos, todos a querer ser especiais, todos a anular-se mutuamente.
FASE 5
Não é uma nova fase. É uma ressaca. Uma continuação do colapso. Um rebranding da mediocridade. Nenhum evento unificador. Nenhuma ideia de onde tudo vai. O Kang de ontem é o Doom de hoje. O universo parece mais pequeno. O multiverso? Um sketch de SNL mal escrito. A estrutura narrativa desfez-se. Não há subida, não há clímax. Só um balão furado a girar em círculos enquanto nos pedem mais 12,99€ por mês.
Quantumania devia ser o Empire Strikes Back desta nova saga, mas parece um episódio de Power Rangers com pior guião. Secret Invasion é um insulto ao que Winter Soldier tentou construir, o que estranhamente também pode ser dito sobre Captain America Brave New World.
O universo está morto. Só falta avisarem os guionistas.
Portanto, depois de escavar entre os escombros, de beber lágrimas de fã, de encarar CGI mal renderizado e decisões editoriais que fariam corar um produtor de telenovelas…
A Fase 3 é a melhor.
A Fase Três foi o único momento em que o MCU ousou parecer algo maior do que a soma das suas partes. Onde as regras faziam sentido, os filmes se escutavam entre si, e o universo ganhava densidade. Foi quando a Marvel não fez apenas blockbusters, fez um mundo. Um mundo com memória. Com consequências. Com ritmo.
Agora se me permitem, vou repousar os dedos. Este comentário já dobrou de tamanho enquanto o escrevia.