Mel Gibson escolhe novo Jesus para sequela de A Paixão de Cristo
A história já era lendária! Em 2004, A Paixão de Cristo de Mel Gibson atingiu um marco cultural e financeiro, tornando-se um dos filmes independentes mais bem-sucedidos da história. Desde então, muitos aguardavam um seguimento que passou anos em purgatório de produção.
Mas agora, no próximo projeto de Mel Gibson, The Resurrection of the Christ, o protagonista original não volta. Surge, em seu lugar, um novo Jesus.
Mel Gibson volta com um novo Jesus?
Mel Gibson nunca foi homem de meias medidas. Quando, em 2004, lançou A Paixão de Cristo, filmada em aramaico e latim, o mundo dividiu-se entre a devoção e o desconforto. Agora, mais de vinte anos depois, o realizador regressa ao cenário de Roma, mais precisamente aos lendários Cinecittà Studios, para filmar The Resurrection of the Christ, a tão falada continuação do filme original. Mas há uma surpresa: o papel de Jesus Cristo já não pertence a Jim Caviezel.
O novo Messias chama-se Jaakko Ohtonen, um ator finlandês conhecido pela série The Last Kingdom. Com apenas 36 anos, Ohtonen substitui Caviezel, que tinha manifestado interesse em regressar, mas a idade e o orçamento necessário para o rejuvenescimento digital ditaram outra escolha. Assim, segundo fontes da Variety, “teriam de fazer toda uma operação digital caríssima… e, francamente, não fazia sentido.”
O elenco foi quase todo refeito: Mariela Garriga, atriz cubana que brilhou em Ajuste de Contas: Parte Um, interpreta agora Maria Madalena, substituindo Monica Bellucci. Kasia Smutniak será Maria, mãe de Jesus, e Riccardo Scamarcio, o ator italiano de Modì (realizado por Johnny Depp), assume o papel de Pôncio Pilatos. Até Pedro, o apóstolo, ganha nova cara: Pier Luigi Pasino, da série italiana The Law According to Lidia Poët, ocupa o lugar.
Mel Gibson decidiu dividir o filme em duas partes?
Há quem diga que Mel Gibson nunca se liberta dos seus fantasmas cinematográficos e, a julgar pela estrutura deste novo projeto, é provável que tenha razão. The Resurrection of the Christ será lançado em duas partes, uma decisão que o realizador descreve como “necessária para captar o que acontece entre a morte e o renascimento”. A primeira estreia está marcada para Sexta-Feira Santa, 26 de março de 2027, e a segunda no Dia da Ascensão, a 6 de maio.
Esta divisão tem algo de simbólico e, claro, de estratégico: duas datas religiosas, dois lançamentos, dois potenciais sucessos de bilheteira. O filme é produzido pela Icon Productions, de Gibson e Bruce Davey, com o apoio da Lionsgate, que também distribuiu John Wick e The Hunger Games.
O realizador, que descreveu o guião como “uma viagem psicadélica” e “nunca li nada assim”, escreveu o guião em parceria com Randall Wallace, o mesmo de Braveheart. Se A Paixão de Cristo retratava as últimas 12 horas antes da crucificação, esta nova epopeia explora os três dias entre a morte e a ressurreição, um terreno fértil para mistério e simbolismo.
Onde está a ser filmado The Resurrection of the Christ?
A produção ocupa o novo Studio 22 dos Cinecittà Studios, o mesmo local onde Gibson filmou A Paixão de Cristo em 2003. Mas desta vez, o realizador quer expandir o cenário: além de Roma, o filme passará pelas cidades antigas de Matera, Ginosa, Gravina Laterza e Altamura, no sul de Itália.
Matera, curiosamente, é o mesmo local usado para recriar Jerusalém no filme original, um lugar que o tempo parece ter esquecido, com as suas ruas de pedra e cavernas bíblicas. O retorno a este território quase sagrado é também simbólico: Mel Gibson regressa às origens, literal e espiritualmente.
Segundo fontes da produção, o objetivo é “evocar a sensação de uma ressurreição não apenas de Cristo, mas do próprio cinema épico”, uma ambição que parece à altura de quem já transformou um filme falado em aramaico num fenómeno global de 610 milhões de dólares.
O que esperar de um regresso tão arriscado?
A Paixão de Cristo foi, à época, um marco e uma tempestade. A violência explícita, o debate teológico e as acusações de antissemitismo marcaram profundamente a sua receção. Hoje, o mundo e a indústria mudaram: a sensibilidade cultural é outra, e Mel Gibson, por mais controverso que seja, sabe que terá de caminhar sobre brasas.
Mas se há algo que o realizador faz bem, é provocar. Logo, seja pela fé ou pela estética, ele entende o poder de contar histórias que dividem. Ao recusar efeitos digitais e ao escolher filmar novamente em locais históricos, Mel Gibson parece dizer: “o milagre tem de parecer real.”
Assim, talvez The Resurrection of the Christ seja, mais do que uma sequela, um manifesto. Portanto, o filme é uma tentativa de provar que o cinema épico ainda existe para queles com fé (ou teimosia). E quem sabe? Talvez este renascimento não seja apenas de Cristo, mas também de Mel Gibson. E tu, achas que o mundo ainda está preparado para outro épico bíblico de Mel Gibson?