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A Cidade Perdida, em análise

Comédias românticas, mais conhecidas como rom-coms, são um género que aprendi a apreciar cada vez mais. Como defensor de que todos os tipos de história são necessários para uma educação cinéfila completa, o conforto de poder assistir a um filme leve e divertido, mesmo que não seja inovativo, é uma sensação positiva que frequentemente é capaz de transformar um dia menos bom num dia mais alegre. Será que “A Cidade Perdida” consegue este objetivo simples mas difícil?

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Dependendo do gosto de cada espetador, há quem prefira mais romance, há quem prefira mais comédia, mas no fundo, o objetivo principal é que uma rom-com seja uma obra com entretenimento e lições inspiradoras o suficiente. Junte-se uma componente de aventura e os resultados são filmes como “A Cidade Perdida”. Nenhum espetador entra no cinema para ver uma rom-com com a expetativa de testemunhar a narrativa mais impressionante de sempre. Previsivelmente, “A Cidade Perdida” segue as fórmulas do costume do género: dois protagonistas que não podiam ser mais diferentes e/ou que se odeiam têm de enfrentar uma situação inesperada, aproximando-se e conhecendo-se verdadeiramente, ultimamente criando um laço profundo que resulta em paixão e amor. A obra dos irmãos Aaron e Adam Nee não foge à estrutura admitidamente clichê, mas o seu argumento – redigido juntamente com Oren Uziel e Dana Fox – possui variações suficientes dos elementos genéricos para criar um filme bastante divertido.

Com um foco especial em redor das aparências ilusórias, “A Cidade Perdida” oferece duas personagens principais com motivações relacionáveis e personalidades distintas que combinam hilariantemente bem. Alan, um modelo de capas aparentemente tonto, e Loretta, autora deprimida da franchise romântica mais popular da atualidade, são brilhantemente interpretados por Channing Tatum e Sandra Bullock. Os atores possuem bastante química em papéis que os obrigam a ter momentos onde necessitam de estar imensamente confortáveis com o companheiro de cena e ambos demonstram um à-vontade extraordinário, para além de prestações cómicas soberbas.

A Cidade Perdida
A Cidade Perdida (The Lost City) © Paramount Pictures
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Pode faltar imaginação ao enredo principal, mas não faltou cuidado com o tratamento dos protagonistas, nem das sequências de comédia-aventura. As gargalhadas genuínas atingem os dois dígitos em muito devido às conclusões inesperadas de certas cenas. No entanto, a maior surpresa de “A Cidade Perdida” até acaba por ser o bom desenvolvimento dado aos arcos de Alan e Loretta que, de facto, convencem o público da eventual evolução da relação. No que toca ao resto do elenco e respetivas linhas narrativas, apenas Brad Pitt se destaca de forma positiva. Apesar do pouco tempo de ecrã e do objetivo claro de simplesmente vir dar a cara a uma sequência de ação, o ator é verdadeiramente hilariante nos poucos minutos em que está presente.

Por outro lado, tudo o que é secundário em “A Cidade Perdida” carece de interesse e valor de entretenimento. Daniel Radcliffe é demasiado talentoso para andar a passear como um vilão caricatural que estranhamente desaparece durante o segundo ato depois de providenciar a exposição barata obrigatória para a audiência perceber imediatamente o rumo do filme. Por mais que tenha ficado incrivelmente contente por rever Oscar Nunez, o seu enredo lateral com Da’Vine Joy Randolph não tem qualquer impacto narrativo, servindo apenas para encher a duração total e afetar negativamente o ritmo da aventura na ilha, para além de descer consideravelmente o nível de comédia.

Independentemente destes últimos pontos menos positivos, “A Cidade Perdida” compensa com um final mais agradável do que antecipado. Ao transformar um possível MacGuffin em algo com muito valor simbólico e tematicamente rico, os irmãos Nee conseguem conquistar o público e, quem sabe, iniciar uma nova saga rom-com com Alan e Loretta como dois aventureiros apaixonados. Tecnicamente, elogios para o facto de grande parte do projeto ter sido filmado em localizações reais em vez de quatro paredes verdes e azuis. Contribui inegavelmente para uma maior desfrutação do ambiente paisagístico verdadeiro.

A CIDADE PERDIDA | DISPONÍVEL NOS CINEMAS A PARTIR DE DIA 14 DE ABRIL

A Cidade Perdida, em análise
A Cidade Perdida

Movie title: A Cidade Perdida

Movie description: A brilhante, mas solitária escritora Loretta Sage (Sandra Bullock), passou toda a carreira a escrever sobre lugares exóticos nos seus populares romances de aventura, protagonizados pelo elegante modelo de capa Alan (Channing Tatum), que dedicou toda a sua vida a encarnar o herói “Dash”. Durante uma viagem com Alan, na promoção do seu novo livro, Loretta é raptada por um excêntrico bilionário (Daniel Radcliffe), que espera que a autora o guie até ao tesouro da antiga cidade perdida da sua última história. Determinado em provar que pode ser um verdadeiro herói e não um mero produto de ficção, Alan decide salvá-la. Empurrados para uma épica aventura na selva, o par improvável irá precisar de trabalhar em conjunto para sobreviver aos elementos e descobrir o ambicionado tesouro, antes que este se perca para sempre.

Date published: 14 de April de 2022

Country: EUA

Duration: 112'

Director(s): Adam Nee, Aaron Nee

Actor(s): Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe, Da'Vine Joy Randolph, Brad Pitt

Genre: Ação, Aventura, Comédia

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  • Manuel São Bento - 70
70

CONCLUSÃO

“A Cidade Perdida” é uma das surpresas do ano, conseguindo variar de forma criativa e divertida o suficiente as fórmulas conhecidas do género. Aproveitando as prestações hilariantes e com boa química de Channing Tatum e Sandra Bullock, os irmãos Nee exploram os protagonistas distintos, Alan e Loretta, para lá do expectável em rom-coms genéricas, através do desenvolvimento das suas aparências enganadoras e de uma aventura genuinamente entusiasmante. Infelizmente, apenas os arcos das personagens principais recebem esse maior cuidado, visto que tudo o que é secundário nesta obra carece do mesmo nível de interesse e entretenimento. Ainda assim, um final tematicamente rico sobrepõe-se a quaisquer clichês. Sem dúvida, uma recomendação para ver com a família.

Pros

  • Prestações de Channing Tatum e Sandra Bullock.
  • Os poucos minutos de Brad Pitt.
  • Variações das fórmulas e clichês mais conhecidos, incluindo o final simbólico.
  • Sequências de aventura.
  • Filmagem em localizações reais.

Cons

  • Personagens e enredos secundários.
  • Narrativa amarrada pela estrutura genérica do género.
  • Previsível de início ao fim.
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