Após ganhar Globo de Ouro, Emilia Pérez está envolto em polémica
Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme (Musical ou Comédia), o controverso Emilia Pérez continua cercado de polémica.
Misturando musical, ação e drama, o filme aborda temas como identidade trans e cultura mexicana, mas suas representações dividiram críticos e público, levantando questões sobre estereótipos e inclusão.
Sumário:
- Emilia Pérez ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme (Musical ou Comédia), mas gerou divisões pelas suas representações de identidade trans e cultura mexicana;
- A história mistura musical, drama e ação, centra-se numa líder de cartel trans que procura viver autenticamente, mas enfrenta críticas por tratar a sua identidade como “disfarce”;
- Apesar da sua abordagem inovadora, o filme foi acusado de reforçar estereótipos culturais e recebeu avaliações mistas.
O filme “Emilia Pérez”, vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme (Musical ou Comédia), tem gerado discussões calorosas desde a sua estreia na Netflix, em alguns países. A obra, realizada pelo cineasta francês Jacques Audiard, mistura ação, drama, comédia e musical, e apresenta uma narrativa inovadora, mas também controversa.
A Trama de Emilia Pérez
O filme acompanha quatro mulheres no México, focando especialmente na história de Emilia, uma temida líder de cartel (interpretada por Karla Sofía Gascón), que deseja deixar a sua vida de crimes para viver autenticamente como mulher trans. Para isso, esta procura a ajuda de Rita (Zoe Saldaña), uma advogada frustrada, para forjar a sua própria morte.
Enquanto a descrição pode sugerir um thriller de crime tradicional, “Emilia Pérez” é, na verdade, um musical que desafia expectativas. Karla Sofía Gascón descreveu o filme como: “Um filme de ação que não é ação, um drama que não é drama, uma comédia que não é comédia. É um presente incrível, e tenho muito orgulho de fazer parte dele.”
Representações Progressistas ou Retrocessos?
Embora o filme se apresente como uma celebração da inclusão, tem enfrentado críticas, principalmente de veículos progressistas, sobre como aborda temas como identidade trans e cultura mexicana. Uma análise do Vox destaca que, apesar das tentativas de validar a identidade de género da personagem de Emilia, grande parte da narrativa apresenta a sua transição como um “disfarce”, comparando cenas a filmes como “Tootsie” ou “Papá para sempre”.
Além disso, o retrato do México no filme também foi criticado por ser estereotipado e preguiçoso:
“O México é apresentado como um lugar inescapavelmente violento e miserável. Referências à identidade mexicana de um personagem incluem cheiros de tequila e guacamole. Pouco esforço foi dedicado para garantir que o idioma fosse falado corretamente.”
Com 76% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes e apenas 60% do público, “Emilia Pérez” não é um típico candidato a Melhor Filme. Comparado a outros concorrentes, como o elogiado “The Brutalist”, a receção dividida reflete as tensões em torno da sua abordagem artística. Mesmo assim, o filme segue conquistando prémios e despertando curiosidade.
Será que o Globo de Ouro acertou na sua escolha ou os debates refletem falhas mais profundas na obra?