©2025 MHD

Os 70 Álbuns mais importantes de 2024 | Enquanto esperamos pelo recuo dos bárbaros

2025 já chegou, o que nos leva a pensar sobre o ano que passou e desvendar os álbuns mais importantes que marcaram o mundo da música.

O ano de 2024 poderá ficar na história como um ano cinzento. Um ano em relação ao qual a expressão esperança num mundo melhor poderá parecer vã e anacrónica. 2024: o ano em que as alterações climáticas se agravaram, e a temperatura média global aumentou 0,74º em doze meses. O ano em que Trump recuperou o poder nos Estados Unidos. O ano em que a extrema-direita europeia mais se reforçou e mais se aproximou do poder (apesar dos resultados eleitorais em França e no Reino Unido irem em sentido contrário). O ano em que os massacres genocidas de Israel se mantiveram na Palestina e no Líbano, aumentando a instabilidade no Médio Oriente (não obstante a luz surgida no fim do túnel depois da queda do regime sírio de Bashar al-Assad, no dia 8 de dezembro).

Mas nem tudo foi mau em 2024. Houve progressos científicos consideráveis no aperfeiçoamento de vacinas e na luta contra o cancro, o HIV/Sida e outras doenças. A Inteligência Artificial registou avanços consideráveis, não obstante os maus usos que possam vir a ser feitos desta revolução tecnológica. Os ucranianos mantiveram-se de pé a resistir contra o invasor, os portugueses saíram às ruas para festejar o 50º aniversário da revolução dos cravos e  houve música. Muita e boa música.

Lê Também:   Melhores Álbuns da Década 2010-2019

Música de vários pontos do planeta em álbuns como “Diamond Jubilee” do projeto canadiano Cindy Lee, “Funeral for Justice” do tuareg nigeriano Mdou Moctar, “Sentir que no Sabes” da guatemalteca Mabe Fratti, “All Hell” dos galeses Los Campesinos ou o novo álbum dos suecos Goat.

De registar o regresso em 2024 de nomes como Nick Cave, The Cure, Vampire Weekend, Beth Gibbons, Kim Gordon, Tindersticks, Pearl Jam, Jack White, Einsturzende Neu Bauten, Pet Shop Boys, Marc Almond e Manu Chao.

“2024 foi também um ano em que a importância e predominância das mulheres”

She Reaches Out to She Reaches Out to She - Chelsea Wolfe
©Loma VIsta Recordings

2024 foi também um ano em que a importância e predominância das mulheres na música produzida foi inegável. A prová-lo nomes como o de Beth Gibbons, Kim Gordon, Adrianne Lenker, Charli XCX, Chelsea Wolfe, Jessica Pratt, Beyoncé, Mabe Fratti, Laurie Anderson, Billie Ellish, Kali Uchis ou Laura Marling, mas também os de grupos como os Mannequin Pussy, Waxahatchee, Kruangbin, Magdalena Bay ou Last Dinner Party, em que a presença feminina foi mais do que decisiva.

A estrela Beyoncé surpreendeu tudo e todos com o álbum “Cowboy Carter”, em que se fundem sonoridades da soul e do rhythm’n’blues com a country music. Charli XCX não viu Kamala Harris vencer as eleições americanas, mas reparou certamente nos elogios que foram feitos pelo ex-presidente Barack Obama ao seu álbum “Brat”, o mais aclamado pela generalidade da crítica em 2024.

Lê Também:   Os melhores álbuns de 2022 | As escolhas da crítica

No Brasil, onde se produziu música excelente ao longo do ano, destaque para “Colinho” de Maria Beraldo, “No Rastro de Catarina” de Cátia de França, “Rela” de Negro Leo, “Y’Y” de Amaro Freitas e “Abaixo do Radar” de Febem. Em Portugal, destaque para Rafael Toral e o álbum “Spectral Evolution” – com merecido reconhecimento internacional, embora ignorado pelos grande media portugueses – “Wrecks” de David Maranha e Rodrigo Amado e “Demorar” de Afonso Cabral.

O jazz mostrou que ainda dá cartas com discos tão importantes como “The Sky Will Still Be There Tomorrow” de Charles Lloyd, “Perceive its Beauty, Acknowledge Its Grace” de Shabaka, “Fearless Movement” de Kamasi Washington ou “Night Reign” de Arooj Aftab.

“O melhor álbum do ano de 2024 foi assinado pelos Idles”

Tangk - The Idles
©Partisan Records

Mas o melhor álbum do ano de 2024 foi assinado pelos Idles, “Tangk”, mostrando que a irreverência e a transgressão não estão mortas em 2024. A excelência da poesia na música também se manteve viva em 2024, com exemplos como Nick Cave, Beth Gibbons, Vampire Weekend, Father John Misty, Waxahatchee ou Cigarettes after Sex.

Uma referência final, para a edição póstuma de “Souvenirs” um fascinante e maravilhoso disco da enigmática freira etíope Emahoy Tsege Gebru; e para um dos mais altos momentos musicais do ano, o concerto de Laurie Anderson inspirado num texto do poeta alexandrino C.P. Cavafy, “Waiting for the Barbarians”, que ocorreu na Saint Thomas Church, em Nova Iorque, comissionado pela Fundação Onassis, e que poderá ser um excelente disco para editar em 2025. Resta-nos esperar não pelos bárbaros, mas que em 2025 haja muita música e os bárbaros recuem.

João Peste Guerreiro

Songs of a Lost World - Cure
©Universal Music Group
Lê Também:   Os 25 Melhores Álbuns de 2021

Top 75 álbuns de 2024

  • 01. Tangk – The Idles

  • 02. Lives Outgrown – Beth Gibbons

  • 03. Only God Was Above Us – Vampire Weekend

  • 04. Bright Future – Adrianne Lenker

  • 05. Romance – Fontaines DC

  • 06. Collective – Kim Gordon

  • 07. Brat – Charli XCX

  • 08. Mahashmashana – Father John Misty
  • 09. Wild God – Nick Cave

  • 10. Songs of a Lost World – Cure
  • 11. The Sky Will Still Be There Tomorrow – Charles LLoyd

  • 12. Souvenirs – Emahoy Tsege Gebru

  • 13. La Sala -Kruangbin
  • 14. Soft Tissue – Tindersticks
  • 15. She Reaches Out to She Reaches Out to She – Chelsea Wolfe

  • 16. Alien Pop Music – Einstürzende Neubauten

  • 17. Cowboy Carter – Beyoncé
  • 18. Xs – Cigarettes After Sex

  • 19. Here in the Pitch – Jessica Pratt
  • 20. Wall of Eyes – Smile
  • 21. Sentir que no sabes – Mabe Fratti
  • 22. Tiger Blood – Waxahatchee

  • 23. Diamond Jubilee – Cindy Lee
  • 24. Imaginal Disk – Magdalena Bay
  • 25. Manning Fireworks – MJ Lenderman
  • 26. Patterns in Repeat – Laura Marling
  • 27. Dark Matter – Pearl Jam
  • 28. Perceive its Beauty, acknowledge its Grace – Shabaka
  • 29. Goat – The Goat
  • 30. Funeral for Justice – Mdou Moctar

  • 31. Fearless Movement – Kamasi Washington
  • 32. Orquídes – Kali Uchis
  • 33. Nonetheless- Pet Shop Boys

  • 34. I Am Not Anyone – Marc Almond
  • 35. Colinho – Maria Beraldo

  • 36. A Dream Is All we Know – Lemon Twigs
  • 37. Hit Me Hard and Soft – Billie Ellish
  • 38. No Name – Jackie White
  • 39. Amelia – Laurie Anderson

  • 40. Spectral Evolution – Rafael Toral

  • 41. Love Changes Everything – Dirty Three
  • 42. I Got Heaven – Mannequin Pussy

  • 43. All Hell – Los Campesinos
  • 44. GNX – Kendrick Lammar
  • 45. Prelude Ecstasy – Last Dinner Party
  • 46. Britpop – A.G. Cook
  • 47. Iechyd Da – Bill Ryder-Jones
  • 48. Being Dead – Eels
  • 49. This Could Be Heaven – English Teacher
  • 50. In Waves – Jamie x-x
  • 51. Wrecks – David Maranha & Rodrigo Amado
  • 52. Opus – Ryuichi Sakamoto
  • 53. Night Reign – Arooj Aftab
  • 54. Endlessness – Nala Sinephro
  • 55. Ohio Players – Black Keys
  • 56. King Perry – Lee Scratch Perry
  • 57. Viva Tu – Manu Chao

  • 58. Almighty So 2 – Chief Keef
  • 59. No Rastro de Catarina – Cátia de França
  • 60. Y’Y – Amaro Freitas
  • 61. Found Heaven – Conan Gray
  • 62. The Past is Still Alive – Hurray for the Riff Raff
  • 63. Chromakopia – Tyler, The Creator
  • 64. No Title as of 13 February 2024 28,340 Dead – God Speed You! Black Emperor
  • 65. Nature – KMRU
  • 66. Rela – Negro Leo
  • 67.   Demorar – Afonso Cabral
  • 68. Abaixo do Radar – Febem
  • 69. All Born Screaming – St. Vincent
  • 70. Ecce Homo – Gavin Friday
  • 71. The Tortured Poets Department: The Anthology -Taylor Swift

Qual foi o teu álbum favorito em 2024?



Também do teu Interesse:


About The Author


Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *