A bizarra conversa entre Stephen King e Stanley Kubrick
Stephen King e Stanley Kubrick nunca se deram bem por conta da divergência por trás em The Shining. No meio disso há uma discussão muito estranha.
Stephen King nunca escondeu a sua frustração com a adaptação de “The Shining” realizada por Stanley Kubrick. O escritor, mestre do terror literário, viu a sua obra ser transformada numa visão completamente diferente daquela que concebeu, levando a um dos mais notórios desentendimentos entre um autor e um realizador na história do cinema.
Quando Kubrick decidiu adaptar o romance de King, o autor inicialmente acreditou que estava em boas mãos. O cineasta já tinha assinado clássicos como “Dr. Strangelove”, “2001: Odisseia no Espaço” e “Laranja Mecânica“. No entanto, os problemas começaram desde cedo. O realizador escolheu Jack Nicholson para interpretar Jack Torrance, uma decisão que King rejeitou.
O autor via o protagonista como um homem comum que lutava contra o alcoolismo e a frustração profissional, antes de ser corrompido pelas forças sobrenaturais do hotel Overlook. Nicholson, já associado a papéis de personagens instáveis, indicava que Kubrick via a história como uma descida à loucura, e não como um conto de terror sobrenatural.
A diferença de opiniões entre Stephen King e Stanley Kubrick é muito conhecida no cinema
A discordância entre os dois ficou ainda mais evidente durante uma chamada inesperada. Numa entrevista de 1986 no talk show The David Letterman Show, Stephen King lembrou-se do momento em que Kubrick o telefonou às sete e meia da manhã. O realizador começou a conversa com uma pergunta intrigante: “A ideia de fantasmas não é sempre otimista?” Para Kubrick, a existência de fantasmas sugeria vida após a morte, algo positivo. King, perplexo, respondeu: “E o Inferno?” Após um silêncio, Kubrick afirmou simplesmente: “Não acredito no Inferno.”
Este diálogo revelou a diferença essencial entre os dois criadores. King escreveu “The Shining” como uma história de terror sobrenatural e familiar, enquanto Kubrick queria fazer um thriller psicológico sobre a loucura. O autor, apesar de lisonjeado pelo interesse do cineasta, acabou profundamente desiludido.
“O verdadeiro problema é que Kubrick tentou fazer um filme de terror sem compreender o género”, criticou King. Vindo de outro autor, a afirmação poderia soar arrogante, mas no caso de Stephen King, é difícil não lhe dar razão.
Já viste o filme? Leste o livro?