“Blue” é a cor do começo de Thyla
What’s On Your Mind está a exponencializar a eclosão dos Thyla no mundo da música. “Blue” é o mais recente single deste EP e segue-se ao amplamente recebido “Candy”.
Como muitos dos músicos emergentes, a banda Thyla vem de Brighton, estando a conseguir a proeza de se destacar da diversidade musical que caracteriza a cidade. O seu EP de estreia What’s On Your Mind será lançado no próximo mês de Fevereiro. Temas avulsos como “I Was Biting” e “Blame”, mas também o primeiro single do novo disco, “Candy”, e agora “Blue” prometem a ascensão de uma banda que dará que falar.
Os Thyla nasceram da amizade de Millie Duthie, vocalista, com o baterista Danny Southwell, que tal como os restantes membros da banda, oriundos de diferentes cidades, se encontraram em Brighton com o claro objectivo de se tornarem músicos. A voz de Millie Duthie é um das características fundamentais da banda, uma voz policromática que tanto acompanha a manifesta tendência dream-pop dos primeiros singles dos Thyla, “Pristine Dream” e “Ferris Wheels”, lançados em 2017, como sobressai agora, desde o início do ano, na sonoridade grunge que a banda tem adoptado.
Os lançamentos de “It was Biting” e “Blame” trouxeram consigo um aumento da energia, uma nova ferocidade, uma tal carga frenética que a própria voz de Duthie se tem tornado mais percussiva. Também os temas abordados nas músicas se tornaram mais conscienciosos e reflectidos.
Em “Blame”, ora nos falam da ansiedade e insegurança que pode vir da tentativa de se tornarem artistas, ora das características mais prejudiciais de uma cidade de música como Brighton. Em “I Was Biting”, o descontentamento que advém de viver numa sociedade moderna torna-se o foco principal. “Falamos sobre um sentimento unânime de ansiedade e um desejo de viver num estado fictício nos nossos próprios sonhos; para fugir da rotina mundana e das expectativas da sociedade ”, diz-nos a banda.
Mais recentemente foi lançado “Candy”, o primeiro single de What’s On Your Mind. Começando com uma batida lenta, à medida que a música se desenrola as guitarras crescem, voltando novamente a descer com a mesma rapidez. No centro, a voz de Millie Duthie a sugerir irónica todo o universo do pop alternativo adocicado dos Altered Images. A música mantém o seu tom vibrante e um tanto sinistro, que condiz com o tema abordado. O carácter bipolar ligado à ingestão de “doces”, confrontando as dramáticas consequências de saúde com o seu divino prazer.
É no interior deste cepticismo que surge agora “Blue”. Menos feroz do que algumas das faixas pós-punk de Thyla, apresenta ainda o seu jogo habitual de tensão entre suave e pesado. Abre com uma afirmação da supremacia da bateria, alternando depois entre versos dream-pop nos quais a voz de Millie Duthie se lamenta e alucina: “I will never know where I am or what I need/ Still trying to understand my misery/ I’m blue, blue, blue blue.”
Num comunicado à imprensa, a banda explica que “Blue” tem um duplo sentido, com referências subliminares à cor do Facebook e do Twitter – a cor é “tanto a causa quanto o sintoma”. Esta ideia de causa e sintoma transparece no verso “Have you ever been a victim of your own mind?”As críticas anteriormente feitas à sociedade, os perigos nela identificados traduzem-se, nesta música, naquele “blue” que a banda experimenta.
Thyla promete ter muito para oferecer, restando-nos aguardar pelo EP para melhor conhecermos o “que vai na cabeça” desta banda em ascensão. Ouve abaixo o novo single “Blue”, bem como “Candy” e os restantes temas lançados este ano.
