Classic Fever | Na Sombra e no Silêncio (1962)
Conhecemo-lo melhor pelo título original (To Kill a Mockingbird), mas Na Sombra e no Silêncio (1962) é um clássico absoluto em qualquer língua.
O célebre filme de Robert Mulligan é uma adorada adaptação do clássico homónimo de Harper Lee (que na literatura portuguesa assume, no entanto, o título de Mataram a Cotovia) vencedor do prémio Pulitzer e uma das mais importantes obras da literatura norte-americana moderna.
O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?
“Na Sombra e no Silêncio” (1962), mais conhecido pelo título original “To Kill a Mockingbird”, de Robert Mulligan e protagonizado por Gregory Peck, Mary Badham, John Megna e Frank Overton.
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MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?
Numa comunidade rural do sul dos Estados Unidos na época da Grande Depressão, uma mulher branca acusa um negro de a ter violado. Embora inocente, o resultado do julgamento é de tal maneira previsível que nenhum advogado o poderá evitar. A não ser Atticus Finch, um dos cidadãos mais respeitados na comunidade, que aceita ser o seu defensor, contra a maioria da população e à custa de ganhar muitas novas inimizades.
PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?
Uma das principais razões que torna Na Sombra e no Silêncio um filme tão completo e dramaticamente relevante é o sucesso com que adapta o material original.
Tocando os temas fulcrais do livro – o confronto entre o bem e o mal, o racismo, o sistema de justiça e julgamento, a moral e a ética, o medo e o sentido de compaixão e perdão – o filme acaba por ser uma extensão natural do mesmo, permitindo que estas discussões cheguem a um outro público que, muito possivelmente, nunca teria contacto com a essencial obra de Harper Lee que é, por si mesma, não apenas uma autêntica aula de história sobre o período da Grande Depressão Americana, mas sobretudo uma exploração sobre problemáticas sociais profundamente enraizadas na época (e ainda atualmente) que levou a que repetidas gerações estudassem a obra e refletissem sobre os seus cruciais temas.
No entanto, esta nem sempre foi uma aposta certa – de facto, inicialmente, os estúdios não estavam interessados em apostar numa adaptação sem um enredo de ação ou romance. Foi o produtor Alan J. Pakula que acabou por convencer primeiro o realizador Robert Mulligan e depois o protagonista Gregory Peck de que este era um material essencial para materialização para a sétima arte e potencialmente a fonte de uma grande e importante produção para a indústria.
Mais de 50 anos depois, Na Sombra e no Silêncio prevalece como um dos filmes americanos mais importantes de todos os tempos, tendo sido considerado pelo AFI (American Film Institue) também como um dos mais inspiradores (2º lugar) e o melhor filme de tribunal de sempre (listagem elaborada em 2006).
Ocupando um espaço específico e único na história do Cinema Americano, Na Sombra e No Silêncio é fácil de gostar e difícil de esquecer – trágico porém inspirador, revoltante porém reconfortante. Os filmes raramente atingem uma melhor forma e este é, sem dúvida, um dos mais belos e inolvidáveis frutos da máquina de Hollywood.
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UMA FRASE PARA A POSTERIDADE
“You never really understand a person until you consider things from his point of view… Until you climb inside of his skin and walk around in it”
PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)