Criador de Star Wars Andor revela a razão pelos filmes da Marvel estarem a falhar
Nem tudo o que reluz no universo cinematográfico da Marvel é ouro e Tony Gilroy, criador de Andor, sabe porquê.
Nos últimos anos, a Marvel Studios, outrora uma máquina imbatível de blockbusters, tem enfrentado críticas cada vez mais duras. O que era um império inabalável, capaz de transformar personagens obscuros em ícones globais, parece agora tropeçar na própria fórmula que o elevou ao topo. E quem o diz não é um crítico qualquer, mas Tony Gilroy — o génio por trás da aclamada série “Andor” e do visceral “Rogue One: A Star Wars Story“. Num momento em que o MCU luta para reconquistar o público, as palavras de Gilroy não são apenas um diagnóstico, mas um alerta.
Mas será que ele tem razão? E, mais importante ainda, será que a Marvel ainda pode salvar-se?
Há muitos objetos na Marvel
Tony Gilroy não está a atirar pedras ao acaso. A sua crítica centra-se num padrão narrativo que, segundo ele, tem definido demasiados filmes da Marvel: a eterna caça a um artefacto poderoso. Num diálogo franco com o SlashFilm, o criador de “Andor” destacou como esta fórmula se tornou repetitiva e, pior, pouco interessante.
“No fundo, é sempre a mesma coisa. Eles estão sempre à procura de uma caixa, de um cubo, de uma joia… O que raio é o nome daquilo em The Avengers? O Tesseract! É por isso que esses filmes falham. Se tudo o que fazes é correr atrás de um objeto, então não estás a contar uma história—estás só a arrastar o público de um ponto narrativo para outro.”
E não é que ele tem razão? Quantos filmes da Marvel nos últimos anos se resumem a heróis a correr atrás de um objeto mágico antes que o vilão o obtenha? Seja o Tesseract, as Joias do Infinito, ou os anéis do Shang-Chi, a estrutura repete-se. E, como um prato aquecido no micro-ondas, perde o sabor.
Mas será que a culpa é só disto?
Gilroy tem um ponto, mas o declínio da Marvel não se explica apenas por narrativas simplistas. Há inegavelmente outros fatores em jogo:
1. A fadiga do universo partilhado
Após “Vingadores: Endgame“, era inevitável que o MCU perdesse fôlego. A saga das Joias do Infinito foi um crescendo épico, mas o que se seguiu parece disperso. Assim, com séries da Disney+ a saírem a um ritmo industrial, até os fãs mais devotos começaram a sentir-se sobrecarregados. Kevin Feige, o arquiteto do MCU, admitiu que a expansão para a TV pode ter sido excessiva.
2. A falta de risco da Marvel
Nos primeiros anos, a Marvel inegavelmente ousava: “Homem de Ferro” era um drama pessoal disfarçado de blockbuster; “Capitão América: O Soldado de Inverno” era um thriller político. Agora, muitos filmes parecem feitos em linha de montagem, com vilões esquecíveis e finais previsíveis.
3. O problema da escala
Quanto maior o universo, mais difícil é manter a coerência. O multiverso soa bem no papel, mas na prática, confunde o público casual. Se até os heróis não entendem as regras, como pode o espetador?
Tony Gilroy acertou em cheio ao apontar a fraqueza narrativa da Marvel, mas a verdade é mais complexa. Assim, o MCU não está morto — Thunderbolts pode ser um sinal de renovação. Mas para sobreviver, a Marvel precisa de menos fórmulas e mais coragem.
Concordas com Gilroy? Será que a Marvel já perdeu a magia, ou ainda acreditas que o melhor está para vir? Deixa a tua opinião nos comentários.