Perdidos, em análise
Há muito que o cinema português tenta chamar os portugueses às salas. Depois de várias tentativas, Perdidos está no bom caminho para o conseguir.
Armadilha em Alto Mar (Open Water 2: Adrift) é um filme estreado em 2006, realizado por Hans Horn, que leva um grupo de amigos até uma tarde que deveria ser relaxante. No entanto, eles acabam por ficar presos em alto-mar quando saltam do iate sem baixar a escada. Esta é uma história de sobrevivência agora transportada para a realidade portuguesa pelas mãos de Sérgio Graciano.
Dânia Neto, Afonso Pimentel, Dalila Carmo, e Lourenço Ortigão, Diogo Amaral, e Catarina Gouveia interpretam Ana, Daniel, Laura, Vasco, Jaime e Margarida. Os seis amigos decidem reunir-se para aquilo que esperam ser uma viagem de iate inesquecível – e inesquecível será ela. Tudo corre bem, até que as personagens se atiram do barco para se refrescarem e se divertirem um pouco. O caos instala-se quando Laura percebe que não existe nenhuma escada por onde possam subir. Para piorar a situação, Henrique (filho de Ana e Jaime) encontra-se no iate sozinho.
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O medo, a solidão, os desejos, os sonhos, e as recordações preenchem o espírito destes seis “náufragos” conforme aceitam o inevitável – a morte. Sem alguém que os possa socorrer, os amigos vão aos poucos assumindo aquilo que realmente sentem e quem realmente são. As personagem sofrem, portanto, uma evolução ao longo da obra. As pessoas cujas vidas parecem perfeitas revelam as suas dúvidas e as suas preocupações. E este é o primeiro ponto que separa Perdidos de Armadilha em Alto Mar.
Enquanto o filme original oferece pouco ou nenhum desenvolvimento às personagens, Perdidos leva o espectador a descobrir cada uma delas. Existe uma contextualização que retrata o momento em que se conhecem e o que acontece nas suas vidas até ao momento presente. Elas são também mais realistas – pessoas reais com problemas reais – e a química entre os atores funciona melhor que na obra de 2006.
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Se o espectador se deixar levar, sentirá o medo e o desespero, reforçado pela realização e pela montagem. Perdidos alterna entre planos gerais do barco em alto-mar (uma ideia de isolamento), planos pormenor das expressões faciais dos atores e planos falso-subjetivos que dão ao espectador uma perspectiva do que seria estar no mar com a visão quase submersa e sem nada ver em seu redor. A favor do filme está também o facto de ter sido filmado in loco e de existir uma passagem do tempo gradual que reforça as horas que as personagens passaram no mar.
De salvaguardar estão também pequenos simbolismos como o facto de Henrique estar deitado sobre um cobertor onde se pode ler a palavra ‘Solitude’, em português ‘Solidão’.
De um lado mais negativo está a previsibilidade de Perdidos, quer no seu desfecho, quer nas personagens que morrem e na forma como isso acontece. Para além disso, a resolução da narrativa poderia ter sido um pouco mais clara.
ANA E OS SEUS AMIGOS ESTÃO PERDIDOS
Em suma, Perdidos traz ao de cima o que de melhor se faz em Portugal. Contrariamente às críticas iniciais que se podiam ler nas redes sociais, o facto de ser um remake em nada o desvaloriza, muito pelo contrário. A obra de Graciano foca-se no importante (deixando de lado pormenores desnecessários presentes no original) e acrescenta realismo e simbolismo a uma narrativa que nos leva a refletir sobre a nossa própria vida e consequente efemeridade.
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O cinema português está sim habituado a remakes, inundados de piadas velhas e brejeiras. Porém, este é um dos poucos casos em que o filme oferece algo de novo ao original, reinventando-o.
No final resta descobrir a resposta que todos querem saber. ‘Será que alguém sobrevive?’. ‘O que acontecerá ao pequeno Henrique’? Para saberes basta ires até ao cinema mais perto de ti! Não te vais arrepender.
Perdidos, em análise
Movie title: Perdidos
Director(s): Sérgio Graciano
Actor(s): Dânia Neto, Afonso Pimentel, Dalila Carmo, e Lourenço Ortigão, Diogo Amaral, Catarina Gouveia
Genre: Aventura, Drama, Thriller
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Ângela Costa - 65
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Filipa Machado - 60
CONCLUSÃO
Perdidos é um filme repleto de tensão e drama, ao mesmo tempo que evolui a obra em que se baseia e mostra o talento nacional.
O MELHOR: O modo como transporta o espectador para a pele das personagens.
O PIOR: Morte das personagens demasiado previsível e o desfecho podia ser mais claro.
User Review
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Este filme não se deveria chamar ‘Ursos’? Pelo amor da santa, quem é que salta de um barco sem verificar a escada. Só uma cambada de ursos.
Como que acaba o filme? A moça consegue subir no barco sem escada galgando o Daniel e depois vai caminha nua até o seu neném e aconchega-o e depois fica gritando “Daniel, Daniel”, sabendo muito bem que êle está no mar apoiado no barco, logo em seguida pula nua no mar sem ter se lembrado novamente de pendurar a fatídica escada no barco e na próxima cena ela está sozinha sem nenhum dos amigos junto com ela dentro do barco segurando seu neném. Afinal, como e que ela conseguiu subir de novo no barco se ela não havia colocado a escada para subir de volta ao barco? E o que aconteceu com cada um dos seus amigos ? Morreram ? E ela termina acenando para um homem que está encostado no mastro de um veleiro que se aproxima. Que final sem nexo! Gostaria muito de uma explicação elaborada para êsse final enigmático.
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Acabo de ver la película, y el final no es nada claro. Alguien que pueda explicar.
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Escadas...
Parece-me que a escada é automatizada, antes de acudir o filho, ela aperta o botão da escada e imagina que o Daniel conseguiu subir….depois se dá conta de que ele não subiu a bordo e pula no mar novamente para procurá-lo…. foi assim que entendi…
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