"António, Lindo António" © Curtas

28º Curtas de Vila do Conde | Novas vozes do cinema mundial

A nova secção não competitiva do Curtas de Vila do Conde tem o nome de New Voices e promove isso mesmo: as novas vozes do cinema mundial. 

Chama-se “New Voices” a nova secção não competitiva do Curtas de Vila do Conde que pretende ser um espaço para a mostra de realizadores emergentes, cuja obra de curtas e primeiras longas metragens constitua já um corpo de trabalho consistente e diferenciador. Numa altura em o cinema se debate com novos desafios à sua distribuição, este espaço programático solidifica o compromisso do festival vila condense para com a descoberta de novas tendências e o apoio à cinematografia que marcará o futuro do sector.

Para a primeira edição, a deste ano, a escolha recai sobre três realizadoras, com diferentes conexões ao próprio festival, cujo trabalho, em filme, performance e instalação, tem espelhado, de forma particularmente idiossincrática, questões de identidade, sentimento de pertença e conexão a territórios. Elena López Riera, Ana Elena Tejera e Ana Maria Gomes são as novas vozes para conhecer entre 3 e 11 de outubro.

New Voices no Curtas de Vila do Conde

Curtas Vila do Conde
“António, Lindo António” © Curtas

Elena López Riera é uma artista visual e cineasta espanhola, trabalhando, desde 2008 na Suíça, onde leciona cinema e literatura na Universidade de Genebra. É co-fundadora do colectivo Lacasinegra dedicado à pesquisa e experimentação de novos dispositivos audiovisuais. A sua primeira curta metragem, “Pueblo“, estreou no Festival de Cinema de Cannes e o seu filme “Las vísceras” foi selecionado para o Festival de Cinema de Locarno, onde viria a ganhar o Poardino de D’oro, em 2018, com “Los que desean”. O seu trabalho interroga as formas como as novas gerações questionam o património cultural transmitido, bem como as formas como as ações individuais representam a consciência coletiva.

Ana Maria Gomes é uma artista e cineasta franco-portuguesa, que vive e trabalha em Paris. Formada na École Nationale Supérieure des Arts Decoratifs em Paris, continuou seus estudos no Le Fresnoy, com especialização em video-arte. Em 2004, realizou a sua primeira curta-metragem “Simomen“, retrato do seu irmão de 14 anos. Em 2014, realizou “António, Lindo António“, um filme sobre seu tio que deixou Portugal e foi para o Brasil há 50 anos – para nunca mais voltar. A obra de Gomes concentra-se no papel da ficção na construção de identidades pessoais, com particular enfoque no seu círculo íntimo e familiar.

Por último, Ana Elena Tejera é uma cineasta, artista visual e atriz panamiana. Estudou psicologia, artes cénicas e cinema documental e é atualmente artista residente no Le Fresnoy. Estudou com Béla Tarr, Pedro Costa, José Luis Guerin, Patricio Guzman, entre outros, tendo ainda colaborado no restauro de parte do arquivo de filmes do Panamá na Filmoteca da Catalunha. É também criadora e diretora artística do Festival de La Memoria, um projeto artístico de performance e instalações em espaços urbanos descontextualizados com imagens de arquivos políticos, e membro da Companhia de Teatro Chroma Teatre de Barcelona. Interessa-se sobretudo pelo cruzamento de formatos audiovisuais e performance. Tejera estreou a sua seu primeira longa-metragem, Panquiaco, no Festival Internacional de Cinema de Roterdão.

Partindo de linguagens distintas, os trabalhos de Tejera, Gomes e Riera ocupam-se dos territórios pessoais e das intimidades, vertendo um olhar próximo e contemporâneo sobre questões ligadas às suas heranças culturais e enraizando-se inevitavelmente no meio onde cresceram. Através dos seus filmes, desafiam-nos a problematizar as questões ligadas a uma herança cultural marcada por rituais ancestrais e com forte origem no território masculino.

Estes três nomes juntam-se ao foco no realizador espanhol Isaki Lacuesta. O Curtas Vila do Conde realiza-se entre 3 e 11 de outubro e todas as informações poderão ser conhecidas em detalhe na página oficial do festival.

Programação do New Voices do Curtas

  • António, Lindo António“, Ana Maria Gomes, França, 2015, DOC, 41’47”
  • Bustarenga“, Ana Maria Gomes, Portugal, França, 2019, DOC, 30”
  • Las Vísceras“, Elena López Riera, Espanha, França, 2016, FIC, 15”
  • Los Que Desean“, Elena López Riera, Espanha, Suiça, 2018, FIC, 24”
  • Más Que A Mi Suerte“, Elena López Riera, Espanha, 2007, FIC, 14”
  • Panquiaco“, Ana Elena Tejera, Panamá, 2020, DOC, 80′
  • Pueblo“, Elena López Riera. Suiça, Espanha, 2015, FIC, 27”

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