"D'artacão e os Três Moscãoteiros - O Filme" ©NOS Audiovisuais

D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme, em análise

D’artacão evoca mais boas memórias antigas do que cria novas. É uma tentativa válida de apresentar Alexandre Dumas e os Moscãoteiros a uma nova geração e consegue entreter a plateia mais velha com o recurso à nostalgia.

“Omega. Sempre até ao fim!”

A icónica série televisiva dos anos 80 “D’artacão e os Três Moscãoteiros” faz 40 anos, e que melhor forma de celebrar do que com o regresso das suas personagens, desta vez ao grande ecrã. “D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme” é assim uma longa-metragem espanhola de animação por computador, baseada na série de televisão de 1981 do mesmo nome, que por sua vez é baseada na clássica história de Alexandre Dumas de 1844 de d’Artagnan e “Os Três Mosqueteiros”.

O novo filme, inicialmente planeado estrear em 2016, foi produzido pelo Apolo Films (estúdio de cinema da BRB International) e por Cosmos Maya. Doug Langdale (“The Book of Life”, “Earthworm Jim”) foi escolhido para escrever o argumento e Toni García estreia-se na realização. Claudio Biern Boyd, o criador da série original, atua como produtor executivo. A 29 de Julho de 2021 estreou em Portugal a versão portuguesa deste renovado D’artacão.

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Dartacão
“D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme” ©NOS Audiovisuais

No elenco da versão dobrada para o português contamos com o regresso de vozes da série original como Maria Emilia Correia (rainha Ana), Isabel Ribas (Julieta) e Francisco Pestana (o pai de D’Artacão). A protagonizar temos Vasco Palmeirim como D’artacão, acompanhado do seu escudeiro Pip interpretado por Nuno Markl.

Claudio Biern Boyd, o lendário criador hoje com 80 anos, diz que a paixão por “Os Três Mosqueteiros” começou na sua infância, em que não havendo televisão fez com que este devorasse vários livros, sendo um dos seus favoritos o romance de Alexandre Dumas. Hoje com a nova pelicula, da mesma forma que na altura da série, um dos objetivos de Boyd é o de despertar o interesse pela literatura nas crianças.

O filme que agora chega aos cinemas reconta a mesma história que a série, mantendo tanto a fidelidade com o romance original como o espirito da série clássica. A série da espanhola BRB Internacional em colaboração com a japonesa Nippon Animation, tendo sido produzida em 1981, chegou a Portugal em 1983 onde foi um sucesso instantâneo na RTP, que atingiu proporções astronómicas na repetição pela TVI. Mais tarde, na época de 90, surge uma continuação da história numa nova série, intitulada “O Regresso de Dartacão”, onde passados 10 anos vemos D’artacão casado com Julieta e já pais de dois filhos.

D'artacão
“D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme” ©NOS Audiovisuais

Como Vasco Palmeirim refere numa entrevista, a importância de D’artacão em Portugal é tanta que tal como o hino nacional, toda a gente sabe cantar o tema de abertura da série. E de facto o tema de abertura original composto por Guido e Maurizio De Angelis e com letra de Tozé Brito na versão portuguesa regressa ao novo filme, pondo todos os mais velhos a cantar e propagando o ensinamento para os mais novos. Para além disso Manel Gil-Inglada também compôs novas músicas para esta adaptação.

Uma das alterações da série para o filme é a passagem do 2D para o 3D. Este fator é explicado pelos produtores devido a uma maior habituação das crianças da atualidade com o estilo 3D. Esta nova animação apesar de acertar nas cores e de apresentar um design detalhado com olhos trabalhados e atrativos, falha nas texturas demasiado básicas e em movimentos simplistas. Enquanto na série a animação rivalizava o melhor que havia na altura, desta vez a escolha do 3D fica bastante aquém de outros exemplos.

Dartacão
“D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme” ©NOS Audiovisuais

Outra alteração que se tentou introduzir nesta nova versão foi um papel mais relevante das personagens femininas. A rainha Ana continua a ser a estratega e defensora da paz, mas vemos Julieta a passar de apenas a paixão de D’artacão para a dama de honor fiel e integra da rainha, uma confidente que planeia e organiza, ajudando a atingir o sucesso da missão. A personalidade de Julieta é realçada ao ponto dela deixar de ser uma dama indefesa e ter a capacidade de lutar, defender-se e defender os outros. Na antítese de Julieta, mas de toda a forma importante para o papel feminino está Milady, que se antes já era uma força a temer, agora surge ainda com mais empoderamento. Na personificação da maldade, esta personagem sofre uma modernização do design, assemelhando-se a uma super-vilã dos mais recentes filmes de super-heróis.

Apesar dos pontos referidos acima não houve mais nenhum progresso ou uma evolução da narrativa. Poderia ter havido um esforço de uma atualização parcial para os tempos modernos, um twist inesperado ou um recontar fora da caixa, mas optou-se pelo seguro e não pelo surpreendente. O que também não convenceu foi o humor, demasiado forçado e insipido, e mesmo o drama não carrega consigo o peso emocional dos seus precedentes.

D'artacão
“D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme” ©NOS Audiovisuais

Vale a pena ir ao cinema ver “D’artacão e os Três Moscãoteiros – O Filme“, e se for caso disso levar as crianças, pois pequenos e graúdos sairão de lá agradados e a cantarolar. A nova adaptação é importante, pois propaga o relevante conto de Dumas e o excelente trabalho de Boyd. Apesar de tudo, não estranhem se ao chegarem a casa vos apetecer ir rever a série original.

“Um por todos e todos por um!”

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D'artacão e os Três Moscãoteiros - O Filme, em análise
D'artacão

Movie title: D'artacão e os Três Moscãoteiros - O Filme

Movie description: 40 anos depois D'artacão está de regresso e as aventuras com os Moscãoteiros são recontadas para uma nova geração. A relação entre o rei Luís XIII e a rainha Ana de Áustria, assim como a paz de França estão nos mãos dos melhores espadachins do país, D'artacão e os Três Moscãoteiros.

Date published: 29 de July de 2021

Country: Espanha

Duration: 85 minutos

Director(s): Toni Garcia

Actor(s): Vasco Palmeirim, Nuno Markl, Maria Emilia Correia, Isabel Ribas, Francisco Pestana

Genre: Animação

  • Emanuel Candeias - 62
62

CONCLUSÃO

D’artacão evoca mais boas memórias antigas do que cria novas. É uma tentativa válida de apresentar Alexandre Dumas e os Moscãoteiros a uma nova geração e consegue entreter a plateia mais velha com o recurso à nostalgia.

Pros

  • Nostalgia
  • Captura a essência do clássico
  • Tema de abertura original
  • Trailer interativo é extremamente apelativo
  • Boa dobragem portuguesa, apesar de algumas falas mecânicas

Cons

  • Humor insipido
  • Animação não rivaliza a original
  • Falta de inovação na narrativa
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