Derreter no Ecrã | 10 Filmes em que o calor é mais do que um termómetro
Derreter no Ecrã é quando o suor não é só figurino, e se torna num argumento dramático. Dos desertos africanos aos subúrbios de Nova Iorque, do sertão nordestino às casas abafadas de família, estes 10 filmes provam que quando o calor aperta…a narrativa ferve e agita os corpos.
Derreter no Ecrã: Há filmes em que o calor é cenário, outros em que é desculpa para mostrar pele. Mas há também aqueles e são os que mais nos interessam aqui, em que o calor é elemento narrativo, pressão atmosférica, personagem invisível que despoleta tragédias, paixões e colapsos nervosos.
Nesta lista, viajamos do pântano argentino ao deserto africano, passando pelo sertão nordestino e por verões nova-iorquinos em ebulição, sempre com uma certeza: quando o suor escorre na ecrã, é porque algo está prestes a explodir na história.
Procurem-nos nos streamings (ou nos DVD), preparem as ventoinhas ou liguem o ar condicionado, a limonada ou umas cervejinhas fresquinhas, porque em casa não há finos, nem imperiais, e esta selecção de filme não refresca, pelo contrário escalda. Volta Kathleen Turner, estás perdoada!
Derreter no Ecrã 1: “Noites Escaldantes” (Body Heat, 1981), de Lawrence Kasdan
O realizador transforma a Flórida num forno a lenha onde se cozinha adultério, crime e muito desejo. Kathleen Turner e William Hurt encarnavam a perfeita definição de ‘química escaldante’ neste thriller que faz do calor uma arma de sedução e perdição. Quando o suor é argumento, o noir é irresistível.
Derreter no Ecrã 2: “Não Dês Bronca” (Do the Right Thing, 1989), de Spike Lee
Spike Lee coloca Brooklyn a literalmente a ferver. O dia mais quente do ano serve de catalisador para tensões raciais, violência policial e um grito coletivo contra a injustiça. Um dos filmes mais importantes do cinema americano moderno, onde o calor amplifica cada conflito social.
Derreter no Ecrã 3: “Barton Fink” (1991), de Ethan e Joel Coen
Um escritor com bloqueio criativo, um hotel opressivo e paredes a desfazerem-se com a humidade californiana: os irmãos Coen transformam Los Angeles num purgatório existencial. O calor aqui não se vê só, sente-se no peito e nas entranhas.
Derreter no Ecrã 4: “Verão Escaldante” (1999), de Spike Lee
Nova Iorque, 1977. O calor aperta e o medo também. Um serial killer ronda o Bronx e Spike Lee mistura disco sound, paranoia coletiva e cabelos punk num cocktail explosivo. Neste verão, ninguém vai dormir descansado, lá no bairro.
Derreter no Ecrã 5: “O Rei Está Vivo” (The King Is Alive, 2000), de Kristian Levring
No filme dinamarquês, um grupo de viajantes fica preso no deserto africano e decide, como forma de manter a sanidade, encenar “Rei Lear”, de Shakespeare. Podias lhes dar para pior! Só que entre o calor, a areia e os conflitos internos, a tragédia shakespeareana ganha contornos muito…mas muito reais. Um filme seco, literal e metafórico.
Derreter no Ecrã 6: “O Pântano” (La ciénaga, 2001), de Lucrecia Martel
A então ainda jovem realizadora Lucrecia Martel, estreia-se com um verão argentino absolutamente sufocante e pantanoso. Duas famílias em decadência moral e física partilham o vinho, a piscina suja e os silêncios desconfortáveis. Um filme que soa a cigarras, cheira a suor e sabe a tensão.
Derreter no Ecrã 7: “Amarelo Manga” (2002), de Cláudio Assis
No Recife, Brasil a carne está viva, o desejo à flor da pele e a cidade a escaldar. O realizador pernambucano, estreia-se em grande com este retrato cru de marginalidade e pulsões incontroláveis. O cinema brasileiro em ponto de ebulição. Há muito que não vemos filmes de Claudio Assis e é pena.
Derreter no Ecrã 8: “Árido Movie” (2005), de Lírio Ferreira
O sertão seco, místico e politizado acolhe o regresso de um homem que trocou a previsão do tempo pela procura das suas raízes. O realizador brasileiro e também pernambucano Lírio Ferreira, assina um filme que mistura realismo, poesia e calor, muito, mas muito calor. Quando o calor aperta vem a descoberta.
Derreter no Ecrã 9: “Expiação” (Atonement, 2007) de Joe Wright
Na Inglaterra abafada de 1935, uma mentira destrói vidas e paixões. Keira Knightley passeia-se num vestido comprido verde icónico (que calorão) enquanto o verão britânico serve de pano de fundo a um drama de cortar o coração e também o ar que se respira.
Derreter no Ecrã 10: “Um Quente Agosto” (Osage Couty, 2013), de John Wells
Meryl Streep comanda uma família disfuncional no meio do forno que é Oklahoma em pleno ‘querido mês de agosto’. As tensões familiares são tão sufocantes quanto o clima, e o calor funciona como metáfora perfeita para tudo aquilo que ninguém quer dizer, mas todos sentem com grande intensidade.
Derreter no Ecrã: Epílogo suado
Do noir à tragédia familiar, da sátira ao experimental, o calor revelou-se assim, uma presença constante e catalisadora nestes dez filmes. Ele acende paixões, revela verdades escondidas e empurra personagens ao limite. Porque há filmes que se veem…e há outros que nos fazem suar, como sem dúvida “Noites Escaldantes”.
JVM