Dog, em análise | Made in USA
“Dog: A Aventura de uma Vida” consiste numa história centrada na relação entre dois ex-militares – Briggs e a cadela Lulu – ambos com problemas por resolver e traumas com que lidar. Reid Carolin e Channing Tatum estreiam-se enquanto realizadores, ao passo que o último também interpreta o protagonista humano.
Frequentemente, tanto o público comum como membros da imprensa, colocam expetativas altamente elevadas para um filme que não pretende ser mais do que aquilo que realmente é. Por vezes, parece que um argumento com uma mensagem bonita, uma história simples e personagens relacionáveis não chegam para entreter uma audiência constantemente à descoberta da próxima obra-prima. Bem, “Dog: A Aventura de uma Vida” encontra-se longe de ser uma peça cinematográfica inventiva ou até mesmo única, mas seria uma mentira descarada afirmar que não possui inúmeros motivos para ser apreciada ou que a sua história é insuficiente para cativar os espetadores.
Como seria de se esperar, pessoas que tenham uma relação emocional forte com animais de estimação, nomeadamente cães, encontrarão imensos momentos em que se poderão rever a si próprios. Pessoalmente, perdi a conta aos valiosos minutos em que a companhia e carinho dos cães que fui tendo me ajudaram naquelas alturas mais complicadas da vida. Desde pequenas alegrias no dia-a-dia a fases essenciais que moldaram a minha personalidade, um animal de estimação chega a ser muito mais importante do que muitos “amigos” que vão entrando e saindo da vida de cada um. Neste aspeto, o arco que Briggs e Lulu partilham é a alma de “Dog: A Aventura de uma Vida“.
A personagem excelentemente interpretada por Channing Tatum – ator bastante subvalorizado – é introduzida como um ex-militar mal resolvido, cheio de problemas de saúde, familiares e financeiros, um arquétipo bastante comum em Hollywood, mas que retrata a realidade do país respetivo. Tirando alguns pontos de enredo demasiado infantis e até fora do objetivo do filme, a aproximação dos espetadores para com o protagonista (humano) torna-se simples e emocionalmente eficiente. O paralelismo entre os traumas e problemas do passado de Lulu e Briggs é demonstrado na perfeição, provando também que pedir e receber ajuda é sempre uma boa opção.
A química entre Tatum (“Free Guy: Herói Improvável”) e a cadela é algo que não se pode fingir, notando-se claramente que ambos os “atores” criaram uma ligação profundamente real. Já no que toca à realização e argumento, existe espaço para evoluir, sem dúvida. Tatum e Reid Carolin não tentam dramatizar em demasia uma narrativa formulaica mas funcional, colocando a audiência como meros acompanhantes da viagem que as personagens principais têm que percorrer, literal e figurativamente. Existem vários momentos merecedores de um sorriso e ainda um bom par de gargalhadas, para além de um final indutor de uma lágrima aqui ou ali. Impossível também esquecer a banda sonora perfeita de Thomas Newman (“1917”) que gera uma atmosfera serena e imersiva – um compositor fenomenal que continua sem receber o mais do que merecido Óscar.
DOG: A AVENTURA DE UMA VIDA | DISPONÍVEL NOS CINEMAS A PARTIR DE 3 DE MARÇO
Dog: A Aventura de Uma Vida, em análise
Movie title: Dog: A Aventura de Uma Vida
Movie description: Um antigo soldado (Channing Tatum) e o seu cão embarcam numa viagem ao longo da costa do Pacífico para assistir a um funeral.
Date published: 3 de March de 2022
Country: EUA
Duration: 111'
Director(s): Reid Carolin, Channing Tatum
Actor(s): Channing Tatum, Jane Adams, Kevin Nash, Q'orianka Kilcher, Ethan Suplee, Emmy Raver-Lampman, Nicole LaLiberté, Luke Forbes, Ronnie Gene Blevins
Genre: Comédia
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Manuel São Bento - 65
CONCLUSÃO
“Dog: A Aventura de uma Vida” pode ser pouco imaginativo ou até surpreendente, mas não deixa de oferecer uma história simples e bonita, onde a autenticidade e emoção genuína são suficientes para cativar qualquer espetador. Tendo em conta as estreias de Channing Tatum e Reid Carolin enquanto realizadores de longas-metragens, é de valorizar o facto de manterem a narrativa sem dramatismos extremos ou planos sofisticados. Apesar de um ou outro enredo irrelevante, Briggs e a cadela Lulu possuem interações emocionalmente impactantes que provocarão muitos sorrisos, algumas risadas e, quem sabe, uma lágrima ou outra – aqui, a banda sonora fantástica de Thomas Newman poderá ajudar. Para quem olha para o seu animal de estimação como o seu melhor amigo, deixo-vos com esta recomendação.
Pros
- Prestações de Channing Tatum e da cadela Lulu, incluindo a sua química.
- Simplicidade do argumento e autenticidade na direção.
- Banda sonora de Thomas Newman.
Cons
- Argumento formulaico e pouco ou nada surpreendente.
- Um par de pontos de enredo desinteressantes que afetam o ritmo e até o tom da narrativa.
